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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Palácio Nacional da Ajuda
N.º de Inventário:
5164
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Ourivesaria
Denominação:
Prato de água-às-mãos
Autor:
Desconhecido
Centro de Fabrico:
Portugal
Datação:
1495 d.C. - 1525 d.C.
Matéria:
Prata
Técnica:
Prata dourada, cinzelada e gravada
Dimensões (cm):
altura: 5; diâmetro: 57;
Descrição:
Prato de água-às-mãos manuelino, em prata dourada, com típica decoração tardo-gótica, claramente expressa na abundância dos motivos decorativos que em grande profusão preenchem exaustivamente as três faixas concêntricas que a constituem. Os episódios nele retratados estão perfeitamente circunscritos e individualizados uns em relação aos outros, contrariando a aparente desordem da sua exaustão decorativa. Estruturalmente apresenta um centro alteado e uma aba horizontal sobrelevada. Os motivos aqui figurados corresponedem a episódios do Antigo Testamento, muito embora não sigam uma leitura bíblica sequenciada. Os mesmos foram seleccionados do famoso "Liber Chronicarum", incunábulo impresso na Alemanha e vulgamenente conhecido por "Crónica de Nuremberga" (pub. 1493, Nuremberga), reproduzindo fielmente as gravuras relativas à "Segunda" e à "Terceira Idade do Mundo" (Andrade, 1997). O centro, alteado, apresenta um medalhão circular, de aplicação posterior (e amovível), com as iniciais góticas "M.F", assentes num escudo peninsular listado na vertical (que de acordo com o código heráldico corresponderá ao vermelho da bordadura do escudo das armas portuguesas), tendo um dragão como timbre (o dragão heráldico das armas portuguesas). Estas iniciais poderão corresponder ao monograma de carácter afectivo dos reis D. Maria II e D. Fernando de Saxe-Coburgo. A primeira faixa decorativa é formada por uma larga coroa de cardos, delimitada por um cordão de folhagem. Nesta faixa, bem como nas seguintes, prolifera a representação de caracóis, dispostos sobre as folhas de cardo ou pairando no ar nas mais diversas posições, quer no interior das molduras que delimitam as cenas, quer nos espaços intercalares às mesmas. Surgem provavelmente como símbolo do mundo, numa concepção microcósmica e em espiral. A segunda faixa decorativa apresenta sete cenas bíblicas intercaladas por catorze bustos de querubins e delimitadas por caules de folhagem que se entrelaçam uns nos outros. As cenas são encimadas por uma filactera, estando algumas delas legendadas. Da esquerda para a direita, as cenas representadas são as seguintes (vd. Andrade, 1997): 1) José chamado diante do Faraó para interpretar o seu sonho (Gn., 41,14). Sobre a filactera, a inscrição: "FARAO". 2) O Sacrifício de Isaac: "Chegados ao sítio que Deus indicara, Abrãao levantou um altar, dispôs a lenha, atou Isaac, seu filho, e colocou-o sobre o altar, por cima da lenha. Depois estendendo a mão, agarrou no cutelo para degolar o filho [...]". Foi então que uma voz de anjo vinda do céu - aqui figurada através da mão que do alto suspende o cutelo - impediu Abrãao de prosseguir. Em substituição do filho é oferecido a Abrãao para o holocausto um "... carneiro preso pelos chifres a um silvado", aqui representado por um bode (Gn., 22, 1-13) - garvura da "Terceira Idade", fl. XXII (verso). 3) A caminho do holocausto: "Abrãao apanhou a lenha destinada ao holocausto, entregou-a ao seu filho Isaac, e, levando na mão o fogo e o cutelo, seguiram juntos". (Gn. 22,6) - gravura da "Terceira Idade", fl. XXII (verso). Trata-se da mesma gravura da cena anterior, utilizada para estes dois episódios na salva. Sobre a filactera, a inscrição: "ABRAAM". 4) Lot com a mulher a as duas filhas conduzidos pelo anjo para fora de Sodoma e Gomorra (Gn., 19, 15-17). "A mulher de Lot, que tinha olhado para trás, ficou transformada numa estátua de sal". (Gn., 19, 26) - gravura da "Segunda Idade", fl. XXI. Sobre a filactera, a inscrição: "GOMORA". 5) A embriaguês de Noé: depois de ter plantado a primeira vinha - aqui representada do lado esquerdo - Noé despiu-se e embriagou-se. Um dos seus filhos, Cam, ao ver a nudez do pai, chamou os seus dois irmãos. "Então Sem e Jafet agarraram numa capa, colocaram-na sobre os ombros e, andando de costas, cobriram a nudez do pai, sem a terem visto porque não voltaram o rosto para a frente" (Gn., 9, 20-23). A nudez de Noé é a única excepção de fidelidade à gravura. Nesta salva Noé é representado vestido - gravura da "Segunda Idade", fl. XV (verso). Sobre a filactera, a inscrição: "NOE". 6) As Tentações de Santo Antão [?] na qual figura um velho eremita barbudo e de mãos postas, apoquentado por seres demoníacos e por uma mulher. À excepção dos restantes episódios, este não se baseia na "Segunda" nem na "Terceira Idade do Mundo" da Crónica de Nuremberga. Esta cena poderá também representar um episódio do "Juízo Final" (?), a "Sétima Idade do Mundo" - o novo tempo (o futuro), o tempo correspondente ao Apocalipse. 7) A luta de Jacob com o anjo. "Tendo ficado só alguém lutou com Jacob até ao romper da aurora [e disse-lhe]: "O teu nome não será mais Jacob, replicou, mas Israel; porque combateste contra um ser celeste e permaneceste forte" (Gn., 32, 25-29). Nesta cena observa-se Jacob montado numa mula e empunhando um cajado e à sua frente o anjo de espada erguida sobre a cabeça. Sobre a filactera, a inscrição: "GAIAM". Na treceira faixa decorativa representam-se episódios da história de Moisés e de David, cinzeladas a partir de gravuras da "Terceira Idade do Mundo", à excepção do segundo episódio (2). À semelhança do que sucede na segunda faixa, também aqui se representam sete episódios bíblicos, delimitados por molduras de caules de folhagem, descrevendo arcos. Os mesmos são intercalados por figuras demoníacas; homens vestidos à civil ou homens selvagens, combatendo aquelas figuras, ou ainda, cavalos. Neste caso, os episódios estão identificados através de uma legenda incisa, aposta sobre o bordo da salva. Da esquerda para a direita, os episódios são os seguintes: 1) Os inimigos de David ("OS CONTRAIROS DAVID", inciso no bordo), onde se fazem representar vários soldados que personificam os inimigos com que David se defrontou antes de ascender ao trono: filisteus, sírios, amonitas, etc. Aqueles soldados são os que figuram no centro esquerdo da gravura sobre o encontro de Abrãao e Malquisedec - gravura fl. XXI (verso). 2) Adoração de Mafoma ("MAFOMA QVANDO O ADORA", inciso no bordo). 3) A adoração do Bezerro de Ouro ("OS QE ADORAM A BEZERA", inciso no bordo). Este episódio ocorre quando Moisés se encontra ausente no Monte Sinai e simboliza a traição a Deus, que ajudou o povo de Israel a fugir do Egipto, a queda em tentação e a idolatria do pecado. Aqui representa-se o povo em festa, dançando e tocando em redor de uma coluna encimada pelo bezerro de ouro, produto da fundição do metal por todos oferecido (Ex., 32, 1-10) - gravura fl. XXXI. 4) Moisés quebrando as Tábuas da Lei ("MOVSES QVAHDO CREBO [QUEBROU] A LE", inciso no bordo). Este episódio reúne vários elementos que simbolizam diferentes etapas da aliança entre Deus e os israelitas. Do lado esquerdo representa-se o Sol, oculto pela nuvem que encobrou o Monte Sinai, quando pela primeira vez Moisés aí subiu para escrever as tábuas da lei (Ex., 24, 12-18). Sob o Sol, a sarça ardente, simboliza os sacrifícios a que Moisés devia proceder. Ao centro é representado Moisés com os cabelos eriçados sobre a testa, símbolo da luz divina que de si emanava, e as duas tábuas quebradas no chão, o que indica que simultaneamente neste episódio se representa a segunda vez que Moisés subiu ao Monte, depois do episódio do bezerro de ouro, que originou a quebra das tábuas. A iconografia desta composição foi retirada da gravura da adoração do bezerro de ouro, que serviu à representação do quadro anterior (3) - gravura fl. XXXI. 5) A fuga do Egipto ("POVO DEIXA O EGITO", inciso no bordo), em que se representa à esquerda Moisés indicando o caminho ao seu povo (Ex., 12, 35-42). Esta cena é tirada da gravura que representa a passagem do Mar Vermelho, utilizada também para a figuração da cena seguinte - gravura fl. XXX (verso). 6) A submissão do exército do Faraó ("REI FARAO AFOGAD", inciso no bordo). Nesta cena representam-se vários cavaleiros armados, envolvidos num mar de ondas que os submerge, impossibilitando-os de prosseguir na perseguição ao povo israelita. A protecção Divina deu-se na passagem do Mar Vermelho quando as águas se abriram para que todos passassem, para logo a seguir se fecharem à passagem do exército egípcio (Ex., 14, 21-31). Cena retiradas da mesma gravura anterior - fl. XXX (verso). 7) A fuga do rei David [perseguido por Saúl ou fugindo dos exércitos de Absalãao] ("REI DAVI QVANDO FOGIO", inciso no bordo). Esta cena, em particular, foi incorrectamente legendada. Efectivamente, a prespresentação não corresponde a nenhuma das fugas de David, mas sim ao encontro entre Absalãao e Malquisedec (Gn., 14, 18-20), encontro que pela entrega do pão e do vinho, aqui contido num jarro com tampa, simboliza a Eucaristia - gravura fl. XX (verso). Esta garvura foi também utilizada no episódio imediatamente à esquerda deste (1). O bordo é rematado por uma faixa de motivos fitomórficos incisos, intercalados pelas sete legendas mencionadas, seguido de uma faixa de meia cana lisa.
Incorporação:
Transferência - Casa Real
Origem / Historial:
Fazem parte do acervo do PNA dois outros pratos de água-às-mãos formalmente semelhantes a este, com as iniciais góticas "MF" aplicadas no centro, mas de iconografia diversa (invs. 5161 e 5167). Estes pratos ornamentavam as paredes do Gabinete de Trabalho do rei D. Fernando II, no Palácio das Necessidades, como o testemunham duas fotografias datadas de 1886 (vd. Bibliografia - Manuel H. Côrte-Real, O Palácio das Necessidades, p. 51; D. Fernando. Rei-Artista, Artista-Rei, pp. 203 e 206). Mais tarde, em 1903, encontravam-se também a decorar o quarto do rei D. Carlos no qual ficou instalado o rei Eduardo VII da Grã-Bretanha por ocasião da sua visita a Portugal (vd. Manuel H. Côrte-Real, O Palácio das Necessidades, p. 135; O Occidente, Revista Ilustrada de Portugal e do Estrangeiro, Lisboa, 10.4.1903, p. 75). Em 1910 o prato em apreço encontrava-se nos aposentos do rei D. Manuel II, tendo sido nessa ocasião arrolado sob a verba "1079", juntamente com o gomil ao qual é associado, inv. 5156 ("Arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades", vol. 1, 1910-1912). Em 1931 foi transferido para o Palácio Nacional da Ajuda. Integra o vasto conjunto de prata de aparato proveniente dos bens da Casa Real portuguesa.
Registos Associados
Património Móvel
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