Origem / Historial:
Escultura realizada por Eurico de Castro e Silva (associado à criação do Museu Dr. Joaquim Manso), representando a figura típica de um homem que todos os anos vinha à Nazaré e cuja presença era associada ao Inverno.
O "Inverno" era uma figura de carácter enigmático, bem conhecida na Nazaré, embora sejam escassos dados concretos sobre a sua biografia. Supõe-se que o seu nome próprio seria José Janardo e indica-se como possível proveniência várias regiões estremenhas ou ribatejanas, registando-se referências a Alenquer, Cartaxo, Santarém, Serro Ventoso, Vermelha (Cadaval). Na Nazaré, muitos se lembram ainda do "Inverno" que, anualmente e durante cerca de quarenta anos, vinha regularmente a esta vila, trajando casaco largo e comprido, calças de cotim, chapéu enterrado na cabeça, botas cardadas e o seu inseparável chapéu de chuva. Chegava em Setembro, por altura das "Festas", e com ele quantas vezes o mau tempo. Esse facto e, sobretudo por nunca abandonar o velho chapéu-de-chuva, fundamentam a alcunha por que é identificado. Magro, esquálido, de rosto encovado e melancólico, olhos escuros, fixos e prescrutadores, gastava os seus dias vagarosamente, em atitude introvertida e alheada, deambulando "p'ra norte e p'ra sul", ou sentado nos típicos bancos da Praça Sousa Oliveira e também aí abrigado pelo chapéu de chuva.
Em 1985, segundo investigação realizada pelo Museu, dizia-se: "José Janarda, há cerca de quinze anos deixou de ser visto nesta vila, onde vinha a banhos provavelmente na busca da cura de alguma maleita". (Museu Dr. Joaquim Manso, 1985).