Origem / Historial:
Retrato de João Galego, figura "típica" da Nazaré, filho do pescador António Pereira Galego e da peixeira Palmira Chicharro. Cedo começou a trabalhar nas redes do caranguejo – "as mugigangas, lá p' rás bandas da foz". Em 1922, obteve cédula marítima, matriculando-se sucessivamente entre 1923 a 1966, em embarcações de pesca local; a única interrupção ocorre em 1931, para o cumprimento do serviço militar.
Tido como um pescador forte e trabalhador, tanto na arte xávega, como em traineiras, com larga experiência adquirida, primeiro em embarcações de seus pais e mais tarde de sua propriedade ou em parceria, chegou a desempenhar funções de arrais. Só a doença o impediu de continuar a ser pescador. Na realidade, a sua última matrícula data de 1966, vindo a falecer dois anos mais tarde.
Foi casado com Clara Carreira ou da Pizoeira, peixeira infatigável que passava os seus dias entre o amanho e a seca do peixe para "ir fora" vendê-lo (biografia com base no texto "Figuras do quotidiano da Nazaré", Museu Dr. Joaquim Manso, 1985).
Bonifácio Lázaro Lozano, nascido na Nazaré e descendente de família espanhola aqui estabelecida, onde veio fundar uma fábrica de conservas, repartiu a sua actividade e formação entre ambos os países, nos quais ganhou prémios, fez exposições e teve ateliers de trabalho. No entanto, a Nazaré foi a sua maior fonte de inspiração, desenvolvendo grande proximidade com os pescadores e peixeiras, como reconhece o próprio autor, na nota manuscrita que deixou neste retrato de João Galego.