Origem / Historial:
O retrato de Mimi, a corpo inteiro, obra rara no contexto das tipologias mais praticadas pelo pintor, que sobretudo se dedicava à pintura de paisagem e de género, remete-nos para o brilho e a frescura dos anos 20, numa sensação de estarmos perante a figura “élancée” de modelo, tão distinta e tão representativa da elegância desse tempo.
Mimi é “um modelo de bom retrato, de linhas rectas e de amaneiramentos leves e actuais, de transparências claras que a leveza da moda não oculta” (Jornal da Beira, 01-07-1927 ) ou “um soberbo retrato que vale como prova perfeita dos altos méritos artísticos de Joaquim Lopes” (Noticias de Viseu, 25-06-1927).
O próprio Director do Museu Grão Vasco, Almeida Moreira, manifesta o seu apreço da seguinte forma: “Mimi é um delicioso retrato cheio de graça, de charme e de esbelteza. A figura gentil de “Mimi” é realçada pela elegância dos tons da sua toilette, num fundo admirável, de um colorido terno e suave, o que tudo faz com que este retrato seja uma verdadeira obra-prima” (Noticias de Viseu, 30-07-1927).
Na Exposição de Joaquim Lopes no Salão Silva Porto, Mimi faz parte do núcleo exposto (Jornal de Noticias, 21-04-1928).
Apresenta uma “Bela distribuição de luz, expressão fisionómica transportada para a tela com uma fidelidade, um realismo à Manet, que enleva e faz ocorrer ao pensamento a eloquente expressão do nosso bom povo, só lhe falta falar” (Jornal de Noticias, 27-04-1928).
"O óleo “Mimi” é outra louça: aquela moça tem um olhar de mulher, profundo, um pouco enigmático; as suas feições não me deixam tranquilo… O que não quer dizer que não seja uma excelente pessoa” (Novidades, 21-04-1928).
Datado de 1926, o retrato desta desconhecida Mimi é apresentado no ano seguinte na Exposição de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e a imprensa, ao elogiar trabalhos de artistas como Malhoa e Roque Gameiro, coloca também em destaque Joaquim Lopes “Um artista do Sol e da luz, deixando em cada quadro a sua alma comovida de adorador da natureza. Pinta enternecidamente, dando-nos, nos trabalhos que agora expõe, toda a alegria e toda a graça da paisagem minhota. O seu retrato de “Mimi” não desmerece do talento do artista” ( Diário de Noticias, 18-04-1927).