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FICHA DE INVENTÁRIO
Denominação: Retrato de mulher Dimensões (cm): altura: 107; largura: 54,5; Descrição: Retrato de mulher de corpo inteiro, de pé e de frente, de mãos postas à cintura, com chapéu preto de abas posto na cabeça, condicente com o negro do vestido, contrastando com as cores alegres da parte inferior deste, formada por barra às riscas azuis, amarelas, brancas e vermelhas, cores repetidas no debruado do decote. É ainda marcada pelo tom claro, quente e cor de mel do casaco e, sobretudo, pelo brilho das jóias e adornos, como o grande colar de pérolas de duas voltas, o alfinete de peito, a fivela do cinto e o anel, conferindo uma tónica vibrante que anima a composição.
A obra estrutura-se verticalmente, tanto na figuração como no painel de fundo, formado por faixas de padrão floral apenas cortado por uma pequena barra horizontal que marca a superfície do chão. Incorporação: Doação - Desconhece-se o ano em que Joaquim Lopes terá oferecido a peça ao museu. Provavelmente em 1928, após a Exposição de Joaquim Lopes no Salão Silva Porto. Em 1935 já se encontra registada no Livro de inventário com o número 1483.
Origem / Historial: O retrato de Mimi, a corpo inteiro, obra rara no contexto das tipologias mais praticadas pelo pintor, que sobretudo se dedicava à pintura de paisagem e de género, remete-nos para o brilho e a frescura dos anos 20, numa sensação de estarmos perante a figura “élancée” de modelo, tão distinta e tão representativa da elegância desse tempo.
Mimi é “um modelo de bom retrato, de linhas rectas e de amaneiramentos leves e actuais, de transparências claras que a leveza da moda não oculta” (Jornal da Beira, 01-07-1927 ) ou “um soberbo retrato que vale como prova perfeita dos altos méritos artísticos de Joaquim Lopes” (Noticias de Viseu, 25-06-1927).
O próprio Director do Museu Grão Vasco, Almeida Moreira, manifesta o seu apreço da seguinte forma: “Mimi é um delicioso retrato cheio de graça, de charme e de esbelteza. A figura gentil de “Mimi” é realçada pela elegância dos tons da sua toilette, num fundo admirável, de um colorido terno e suave, o que tudo faz com que este retrato seja uma verdadeira obra-prima” (Noticias de Viseu, 30-07-1927).
Na Exposição de Joaquim Lopes no Salão Silva Porto, Mimi faz parte do núcleo exposto (Jornal de Noticias, 21-04-1928).
Apresenta uma “Bela distribuição de luz, expressão fisionómica transportada para a tela com uma fidelidade, um realismo à Manet, que enleva e faz ocorrer ao pensamento a eloquente expressão do nosso bom povo, só lhe falta falar” (Jornal de Noticias, 27-04-1928).
"O óleo “Mimi” é outra louça: aquela moça tem um olhar de mulher, profundo, um pouco enigmático; as suas feições não me deixam tranquilo… O que não quer dizer que não seja uma excelente pessoa” (Novidades, 21-04-1928).
Datado de 1926, o retrato desta desconhecida Mimi é apresentado no ano seguinte na Exposição de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e a imprensa, ao elogiar trabalhos de artistas como Malhoa e Roque Gameiro, coloca também em destaque Joaquim Lopes “Um artista do Sol e da luz, deixando em cada quadro a sua alma comovida de adorador da natureza. Pinta enternecidamente, dando-nos, nos trabalhos que agora expõe, toda a alegria e toda a graça da paisagem minhota. O seu retrato de “Mimi” não desmerece do talento do artista” ( Diário de Noticias, 18-04-1927).
Bibliografia | GORJÃO, Sérgio (coord.); SILVA, Alcina; ABREU, Lucília - Joaquim Lopes (1886-1956) Coleções do Museu de Grão Vasco, Ed. GAMUS, Viseu 2012, p.p.102 | SILVA, Alcina; GORJÃO, Sérgio - Cartas de Almeida Moreira a Joaquim Lopes 1919-1939, Quartzo Editora, Viseu, 2013. p.p.191 | FAUVRELLE, Natália (Coord)- Mestre Joaquim Lopes, Fundação Museu do Douro,Peso da Régua, 2009, p.p.193 | SILVA, Alcina; GORJÃO, Sérgio - Entrada para Catálogo (n-º 17), Identidades, Pronomes e Emoções: As Regras do Retrato, Museu Nacional Grão Vasco, 2019, p.p.213, pág. 64-65 | FRANCO, Anísio, GONÇALVES, Ramiro (coord. científica) - Identidades, Pronomes e Emoções. As Regras do Retrato, Catálogo da Exposição, MNGV, 2019, p.p. 215, pág. 215 | |
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