Origem / Historial:
Alfinete oferecido a D. Maria Pia pelo seu pai Vítor Manuel II, em 1862, por ocasião do seu casamento com o rei D. Luís. A jóia conserva ainda o seu estojo original estampilhado com a marca do eminente joalheiro Musy Padre e Figli, sediado em Turim, a quem mais tarde a soberana viria a adquirir várias outras peças de joalharia. Esta merecia-lhe contudo especial afeição e estima pelo simbolismo a que estava associada. Algumas fotografias capturadas pelo fotógrafo Henri Le Lieure (1831-1914) retratam-na usando este alfinete, em 1893, ano da viagem da soberana a Roma para assistir às Bodas de Prata do seu irmão Humberto. Na altura, já viúva, D. Maria Pia fez-se acompanhar pelo infante D. Afonso. Uma das fotografias mostra D. Maria Pia sentada acompanhada por D. Afonso, à sua esquerda. A rainha usa um vestido de noite de amplo decote em "V", decorado de contas e vidrilhos, ostentando o referido alfinete em diamantes e pérolas, um colar com vários fios de pérolas e um par de brincos de pérola pendente (PNA, inv. 51542/12). Uma variante desta última imagem mostra a soberana sózinha (PNA, inv. 51533/21) e uma terceira fotografia de busto mostra em grande evidência as referidas jóias e em particular o alfinete (PNA, inv. 51533/32).
Nos derradeiros anos do século XIX, os sucessivos constrangimentos financeiros levaram a rainha a penhorar alguns dos seus bens pessoais ao banqueiro Burnay, recurso de que D. Maria Pia se valeu com acrescida frequência até à sua partida para o exílio. Após a morte de Burnay, em 1909, e da própria rainha D. Maria Pia, em 1911, no exílio, realizou-se na sede do Banco de Portugal, em Lisboa, em finais de Julho de 1912, o célebre leilão das "Jóias e Pratas que pertenceram à fallecida Sra. D. Maria Pia", levando à praça um conjunto de jóias de importante valor histórico e artístico. O alfinete de diamantes e pérolas estava entre este valioso conjunto de peças. Figurou no respectivo catálogo sob a verba n.º 321 onde foi descrito como "Grande broche, forma de laço em brilhantes, grande perola cinzenta no centro, berloque de perola cinzenta" (cf. "Catalogo das Jóias e Pratas que pertenceram à fallecida Rainha Sra. D. Maria Pia". Lisboa: Typ. do Annuario Commercial, 1912, p. 39). Foi adquirido pelo valor de 2.200.000 reis, tendo-se conservado na posse do comprador durante duas décadas. Em 1933 este resolveu vendê-la a um senhor que a pretendia oferecer à sua mulher, a pretexto desta ser afilhada de baptismo de D. Maria Pia e de o baptismo ter sido celebrado no Palácio da Ajuda. Perante um argumento de tal peso, o proprietário anuiu à venda e desfez-se da jóia em Abril daquele ano. Os descendentes desta afilhada de D. Maria Pia herdaram a jóia que se conservou na família até 1998, ano em propuseram ao Palácio da Ajuda a sua aquisição. O pedido foi endereçado à tutela e a jóia foi adquirida para as colecções deste Museu com verbas do Instituto Português do Património Arquitectónico.