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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Palácio Nacional da Ajuda
N.º de Inventário:
2962
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Mobiliário
Denominação:
Escrivaninha
Local de Execução:
Paris
Centro de Fabrico:
França
Oficina / Fabricante:
Paul Sormani
Datação:
1867 d.C. - 1906 d.C.
Matéria:
Madeira exóticas - pau-rosa, pau-violeta e pau cetim; bronze dourado; peluche de seda; pintura policroma
Técnica:
Madeira torneada, polida; bronze fundido, dourado e cinzelado; pintura lacada
Dimensões (cm):
altura: 85; largura: 73; profundidade: 44;
Descrição:
Escrivanhinha de senhora, de pequenas dimensões, em madeiras exóticas e exterior pintado. Por fora é inteiramente decorada com pintura Vernis Martin: no tampo, o tema de Vénus e Cupido - Vénus adormecida, reclinada, tem diante de si Cupido que, apoiado sobre o arco a observa; no topo, que é gradeado por gradinha em bronze vazado, cena bucólica campestre - um chapé de palha caido no chão, ao lado de um cesta com flores; nas lhargas cenas das Fábulas de La Fontaine - a raposa e a cegonha, o lobo e o cordeiro; nas costas, uma paisagem com ruínas e duas figuras, uma a cavalo, caminhando para o longe. O interior esconde um luminoso compartimento de gavetinhas e portas corrediças, em pau-rosa de cor ainda muito viva (provavelmente porque envernizado), emoldurado por pau-santo e filetes de pau-cetim, nisso suscitando grande contraste. Quando se abrem revelam a utilização do pau-roxo e pau-violeta em todos os compartimentos. O tampo de rebordo contramoldado, é forrado a peluche de seda cor de castanha, emoldurado por pau-rosa "en frisage" guarnecido com filetes de pau-violeta. Pernas galbadas, com curvatura pronunciada ao nível dos joelhos. Pés com sapatas de bronze, que se prolonga por toda a perna, e se desenvolve ao nível da chutes.
Incorporação:
Transferência - Casa Real
Origem / Historial:
Adquirida pela rainha D. Maria Pia "Era no Gabinete dos Aposentos de Sua Magestade do Chalet do Estoril, que se encontrava a pequena secretária Vernis Martin com guarnições de metal dourado, isto é, a escrivaninha de senhora Vernis Martin (inv. 2962), hoje no Toilette, no Palácio da Ajuda. Trata-se de uma das seis peças que à data do arrolamento dos Paços se encontrava na Capela do Palácio da Ajuda (L''' 119), o que nos indica a sua proveniência longinqua, a transferência do Paço do Estoril, seu local de origem. Ao contrário das outras, a descrição deste móvel demonstra que ele foi realmente usado; dá-nos a conhecer o que guardava. A par de várias listas do dia-a-dia - dos afazeres, compras feitas, arranjos de roupa, lembranças, perfumaria, etc. -, outro tipo de bens pessoais: um livro com capas de oleado preto escritas a lapis que parece um diario, visto ter dias marcados, manuscripto, ate meio, em francez; a indicação de tratamento d'ouvidos e aparelhos acusticos; anneis do cabello da Snrª D. Maria Pia, em 15 de Dezembro de 1884, e dois mais pequenos tambem com cabello da mesma Snrª, tendo um três papeis dobrados, com mais anneis desse cabello , entre outros. Ou seja: objectos íntimos. Para além disso, guardava também um documento invulgar: o desenho d'esta secretaria, feita no estabelecimento de Paul Sormaini & Fils, que, curiosamente, ainda existe ! Em papel com o monograma "P S" entrelaçado, com a inscrição Vve Paul Sormani & Fils, 10. rue Charlot, impressa, com a data de 188_ em aberto. Nele se encontra o desenho, a tinta, desta escrivaninha aberta, acompanhado da explicação do modo de funcionamento dos escaninhos, no desenho identificados com as iniciais de A a D, acrescidas de pequenas setas. Como exemplo: les tablettes B et C glissent pour s'ouvrir, dans le sens des flèches; la tablette B de l'avant à l'arrière, la tablette C de droite à gauche, etc." (vide artigo Paul Sormani CRA) Paul Sormani (1817-1877). Ebéniste francês, eleito pela elite parisiense e fornecedor da casa imperial francesa, era especializado na reprodução de móveis Luís XV e Luís XVI. Teve como pares de ofício nomes como os de Henry Dasson (1825-1896), G. Durand (1839-1920), François Linke (1855-1946) e Alphonse Giroux (act. 1838-1867), igualmente fornecedores da Coroa, estabelecidos em Paris. Entre os Mestres setecentistas por si fielmente seguidos, destacam-se Charles Cressent (1685-1768) e Jean-Henri Riesener (1734-1806). No Palácio da Ajuda existem diversas obras suas. Desde mobiliário - cómodas, secretárias, mesas, biombos e vitrines - a estojos com serviços de toucador, toilette e piquenique, comprados por D. Maria Pia directamente na loja, durante viagens realizadas ao longo do reinado, ou encomendados a partir de Lisboa, por intermédio de catálogos e fotografias remetidas pelo estabelecimento comercial de Paris. Italiano, natural de Canzo, na região de Veneza (província de Como na Lombardia), Paul Sormani casa em 1847 com a francesa Ursule Marie-Philippine Bouvaist e instala-se em Paris. Neste mesmo ano já se conhece a sua primeira oficina, no número 7 cimetière Saint Nicolas; em 1854 muda-se para o número 114 rue du Temple; e, finalmente, em 1867, fixa-se no número 10 rue Charlot, onde exerce até morrer. Após 1877, o filho Paul-Charles Sormani e a mulher mantêm a oficina da rue Charlot aberta. Só em 1914, quando se associam à casa Thiebault frères, se estabelecem no número 134 boulevard Haussman, que encerra em 1934. De início especializado em nécessaires, malas e estojos de viagem, é fundamentalmente a apartir de 1867 que começa a dedicar-se mais ao fabrico de mobiliário, especializando-se nos petits meubles de luxe et de fantaisie, como o próprio identificava. Uma patente sua registada em Inglaterra, a 26 de Novembro de 1852, pela invenção de um "estojo de viagem aperfeiçoado", indica-nos não só a criatividade e originalidade que detinha na matéria, como o facto, aparentemente desconhecido, de ter tido loja em Londres. Mas foi através do mobiliário e da sua mestria em ébénisterie, que o seu nome se afirmou. Logo dois anos depois de ter actividade aberta em Paris, em 1849, participou na Exposição Industrial realizada na cidade, ganhando uma medalha de Bronze. A esta seguiram-se: a Exposição Universal de 1855 (Paris), onde lhe foi atribuida a medalha de prata de Primeira Classe; a de Londres, 1862, onde recebeu uma medalha de 2º Lugar e, finalmente, a 2ª Exposição Universal de Paris, em 1867, na qual apresentou móveis pequenos de luxo. Nesta mostra recebeu a medalha de Prata, tendo a sua participação ficado célebre e descrita no catálogo da exposição por "[...] toda a sua produção revelar uma qualidade de execução de primeiríssima ordem" (Ledoux-Lebard pg. 583) distinção que o acompanhou até ao final da vida. in artigo MCRA
 
     
     
   
     
     
     
 
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