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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Paço dos Duques
N.º de Inventário:
PNA 66710
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Pintura
Denominação:
Iconografia religiosa
Título:
Virgem e São José buscando guarida em Belém
Autor:
Silveira, Bento Coelho da
Datação:
XVII d.C.
Suporte:
Tela
Técnica:
Óleo
Dimensões (cm):
altura: 178,7; largura: 271,8;
Descrição:
Pintura a óleo sobre tela representando um tema relativo à Natividade de Cristo. Trata-se concretamente do momento em que Maria e José buscam guarida após a chegada a Belém e esta lhes é recusada pela dona da estalagem, apelidada de Marguerite. 1 Acrescem à cena a presença do boi e do burro que sabemos tratarem-se de figuras metafóricas que comportam ainda uma carga simbólica. São animais símbolo do reconhecimento do Messias: o boi é o povo de Israel que levou o jugo da lei; enquanto o burro, como animal de carga, é o povo gentio carregado de pecado e idolatrias.2 A tela está disposta na horizontal e mostra uma organização espacial simples em que a cena e as personagens principais, José, Maria e Marguerite ocupam a quase totalidade do quadro, tanto em altura como em largura. As arquitecturas fingidas e a paisagem ao fundo fazem apenas um enquadramento dos ditos elementos principais da cena, os quais estão ainda colocados sobre um chão terroso. O centro da composição mostra as figuras de José e da Virgem, estes seguindo-se um ao outro de forma escalonada. José está de perfil e a Virgem a ¾ num assumido domínio de perspectiva. José, em pose de chegada, mostra um rosto alongado e uma tez clara, a testa alta conduz a uma cabeleira comprida em tons de castanho, tal como o bigode e a barba que emolduram os seus lábios finos de uma boca miúda. Percebe-se no rosto ainda um olho pequeno, castanho e emoldurado por sobrancelha fina na mesma cor e um nariz afilado. Traja uma túnica e calça botins, ambos em tons de castanho e partir do seu ombro direito está lançado um manto em tom alaranjado. Na mão esquerda segura um cajado amarelado e a uma corda pela qual conduz o boi e o burro que emergem, representados pela metade, do lado esquerdo do quadro e em plano mais afastado. Os animais, ambos pintados em tons de castanho, mostram-se colocado em planos diferentes, sendo o boi o mais próximo do observador. A representação da Virgem exibe um tratamento fisionómico muito diferente dos outros dois. É uma figura esbelta que exibe um tom lívido e uma pose elaborada. Traja uma túnica alaranjada e envolve-a um manto azul, de acordo com a sua condição. Por entre as vestes ressalta uma barriga de grávida, sobre a qual ela coloca a sua mão direita em atitude de aconchego. O rosto de feição oval, mostra grande serenidade está voltado para o chão em reduto de humildade e os olhos e a boca cerrados. Os cabelos castanhos estão soltos, são compridos e ondulados e estão adornados por uma fita no topo. Do canto inferior esquerdo do quadro, em plano mais próximo do observador, sai Marguerite, uma figura de idade mais avançada e aspecto rude e másculo que o tratamento do rosto e do corpo denunciam. Mostra-se de perfil e com o corpo contraído e retraído. Tem os braços abertos em sinal de recepção, mas com mão esquerda ensaia já o gesto da recusa de hospedagem a José e Maria. Traja uma túnica castanha, cingida na cinta por um pano cinza e a cobrir-lhe a cabeça um lenço comprido num branco sujo. O rosto de perfil mostra-se meio encoberto por falta de luz. Atrás as arquitecturas fingidas simulam uma habitação simples, humilde, cuja entrada está enobrecida por um arco que lhe confere alguma dignidade. No chão encontra-se um recipiente circular e castanho. A dita casa prolonga-se em profundidade pelo quadro e conduz-nos ao plano mais afastado da representação marcado por um céu matizado, em tons de branco, azul e laranja e alguns elementos vegetalistas em tons acastanhados pouco elaborados. A nível plástico a pintura mostra recurso ao desenho linear e uma organização espacial regida por leis perspécticas com recurso a planos estratificados e bom uso do claro-escuro. Este bom uso do tratamento do claro-escuro é evidente ainda no tratamento das volumetrias, as quais evidenciam as anatomias. No tratamento anatómico denotam-se diferenças de tratamento de personagem para personagem, sendo a figura da Virgem a mais diferenciada pela carga simbólica e importância que acarreta. No entanto é a figura de São José é a mais rigorosa e equilibrada. A paleta é no geral de tonalidade terrosa, sendo os pontos de luz avivados por superfícies planos ou pelos tons alaranjados. Denota-se ainda o cuidado pela simbologia das cores utilizadas, atribuindo o azul à Virgem e o laranja a José como habitualmente. Estes pontos de luz pretendem captar e conduzir o olhar do observador para os aspectos fulcrais e mais importantes da cena representada. Os elementos ou planos de interesse secundário encontram-se mais na penumbra ou simplesmente exibem menos rigor no desenho, estando envoltos mais numa perspectiva de tipo aérea como é o caso da paisagem ao fundo. Poderá se concluir quer pela escolha do tema, organização espacial, paleta e tratamentos fisionómicos, em que os rostos parecem nórdicos, que esta poderá tratar-se de uma pintura estrangeira de influência Belga datada do séc. XVII.
Incorporação:
Proveniente do Palácio Nacional da Ajuda, 1962. Valor de inv. 8000$00
Bibliografia

Bibliografia

REAU, Louis, Iconographie de l´art chrétien. Paris: Presses Universitaires de France, 1957, vol. II, p.217

MARINUS - Le Folklore belge. Bruxelles, s.d.

VARAZZE, Jacopo - Legenda Áurea. Companhia das letras, s.d., vol. I

- Bento Coelho e a cultura do seu tempo: 1620-1708. Lisboa: IPPAR, 1998

 
     
     
   
     
     
     
 
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