MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
segunda-feira, 29 de abril de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Paço dos Duques
N.º de Inventário:
PD0427
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Têxteis
Denominação:
Tapeçaria
Título:
Publius Decius Mus e Titus Manlius recebem o "Paladium" das mãos do Senado de Roma
Autores:
Raes II, Jan
Rubens, Peter Paul
Local de Execução:
Bruxelas
Centro de Fabrico:
Bruxelas, Brabante
Datação:
1618 d.C. - 1643 d.C.
Matéria:
Lã e seda
Técnica:
Lã: 9 fios de teia por 15 passagens de trama/cm Seda: 8 fios de teia por 13 passagens de trama/cm
Dimensões (cm):
altura: 405; largura: 501;
Descrição:
Esta tapeçaria fazia parte de uma armação que na sua origem seria constituída por sete tapeçarias e uma ou duas "sobreportas", feitas com base em "cartões" encomendados ao pintor Peter Paul Rubens. Nesta armação está documentada a história do Cônsul romano Publius Decius Mus, segundo a descrição constante na obra, "Ab urbe condita", do historiador romano Tito Lívio. Os cônsules Publius Decius Mus e Titus Manlius chefiam os romanos na guerra contra os latinos (340-338 a.C.), tendo ambos sonhado com um gigante que predizia "que seriam sacrificados aos infernos, o general de um dos exércitos, e o exército oposto, sendo necessário o sacrificio de um dos cônsules para que fosse obtida a derrota do inimigo. Cumprindo um acto de 'devotio', Decius Mus lança-se para a morte contra o exército Latino na Batalha do Vesúvio". A série de sete tapeçarias narra os diversos episódios relacionados com esta história, dos quais o Paço dos Duques possui cinco, faltando a representação da Morte de Decius Mus e as suas Exéquias. Este conjunto de tapeçarias demonstram o génio criativo de Rubens, que utiliza "composições limitadas a algumas figuras heróicas e monumentais, desenhadas em poses dramáticas e concebidas em cores vivas", bem ao contrário da temática utilizada anteriormente na tapeçaria que se caraterizava por cenas onde pontificava um grande número de personagens inseridas em paisagens minuciosamente trabalhadas. Rubens trabalha também de modo diferente as cercaduras destas tapeçarias as quais deixam de representar "pequenas cenas individualizadas como era costume na época", para passarem a ser "decoradas com figurações de Sátiros entre frutos e flores e aves exóticas, figuras femininas reclinadas sobre as quais correm rios de água animada de criaturas marinhas (peixes, caranguejos, serpentes marinhas), e figuras humanas com atributos alegóricos à passagem do tempo, ao rumo e desígnios da vida humana". Maria Antónia Quina explica também que "a composição desta cercadura lembra o trabalho de Jacob Jordens nas cercaduras da sua série de Ulisses, criada cerca de 1635 e conhecida mediante uma edição posterior de 1665-66 no Palácio do Quirinal em Roma". Acrescente-se que Rubens recorre nestas tapeçarias a um conjunto de cores nunca antes utilizado, o que obrigou os tapeceiros a usar novos pigmentos "para novos tons, tais como: o amarelo limão e o amarelo lilás", os quais se vieram a revelar inapropriados, dado perderem com mais facilidade do que os antigos a cor original. Esta tapeçaria representa o "Senado entregando o 'Paladium' de Roma a Decius Mus e Titus Manlius", tal como é descrito pelo historiador Tito Lívio. No entanto, segundo Plínio "O Velho", Ovídio e Valério Máximo o "Paladium" (ou seja a imagem de Palas Ateneia), figura protetora de Roma, nunca saía do Templo. Tendo em conta o exposto, Guy Delmarcel considera que esta cena retrata "a apresentação ao Senado, por Titus Manlius, de um ídolo capturado ao inimigo, representando assim a vitória dos Romanos sobre os Latinus, após a morte de Decius Mus pois só uma das figuras apresenta o 'cinctorium', insígnia de cônsul, sendo consequentemente Titus Manlius, o cônsul sobrevivente" (Texto elaborado com base em Maria Antónia Quina - As Tapeçarias da série de Decius Mus do Paço dos Duque em Guimarães). (ver documentação associada).
Incorporação:
Compra - O conjunto das cinco tapeçarias foi adquirido à empresa "Antiquália, Ldª", pelo valor total de 800.000$00. Ou seja, cada tapeçaria custou 160.000$00. A proposta de aquisição da empresa Antiquália Ldª data de 3 de Março de 1959, tendo as peças dado entrada nos Paços dos Duques, uma, em treze de Abril de 1959 e as restantes a 13 de junho do mesmo ano (ver documentação associada).
Origem / Historial:
Esta tapeçaria fazia parte de uma armação que na sua origem seria constituída por sete tapeçarias e uma ou duas "sobreportas", feitas com base em "cartões" encomendados ao pintor Peter Paul Rubens. Na origem destes cartões esteve uma encomenda feita a Rubens, pelo tapeceiro Jan Raes II, de Bruxelas, em associação com Frans Sweerts "O Jovem". É conhecido o contrato, datado de 9 de novembro de 1616, e assinado em Antuérpia, entre o encomendador, o mercador genovês Francisco Cattaneo, e, da outra parte, por Jan Raes II e Frans Sweerts. Nesta armação está documentada a história do Cônsul romano Publius Decius Mus, segundo a descrição constante na obra, "Ab urbe condita", do historiador romano Tito Lívio. A série de sete tapeçarias narra os diversos episódios relacionados com esta história, dos quais o Paço dos Duques possui cinco, faltando a representação da Morte de Decius Mus e as suas Exéquias. As primeiras edições desta série foram encomendadas para Génova, sabendo-se que foram produzidas outras edições quer por Jan Raes II e seu filho Jan Raes III, quer por Frans van den Hecke. A série sobre Decius Mus existente no Paço dos Duques de Bragança parece ter pertencido a Sir A. Vivian de Basahan (Inglaterra). Em 1956 esta série encontrava-se à venda no antiquário Perez, em Londres, tendo neste mesmo ano estado patente na exposição «Scaldis», em Antuérpia. Em 1957 esta série sobre a vida de Decius Mus, composta por cinco tapeçarias, encontra-se patente numa exposição temporária, em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas Artes. Em 1958 a «Comissão de Mobiliário» adquire à firma Antiquália Ldª, para ornamentar o Paço dos Duques de Bragança, as cinco tapeçarias da série Decius Mus, as quais deram entrada apenas em 1959. (Texto elaborado com base em Maria Antónia Quina - As Tapeçarias da série de Decius Mus do Paço dos Duque em Guimarães). (ver documentação associada).

Bibliografia

BAUMSTARK, 1985 Reinhold Baumstark – Liechtenstein: The Princely Collections Hardcover. New York: Metropolitan Museum of Art New York, 1985.

BAUMSTARK, 1985A Reinhold Baumstark – Peter Paul Rubens: The Decius Mus Cycle. New York: Metropolitan Museum of Art New York, 1985.

BLAZKOVA, 1978 Jarmila Blazkova – Les tapisseries de Decius Mus en Boheme. ArtesTextiles. 9 (1978). P. 49-74.

BRAHIC, 1992 Marylène Brahic – A Tecelagem. 1ª ed. Colecção Artes e Ofícios. Lisboa: Estampa, 1998.

CAMPBELL, 2007 Thomas P. Campbell – Tapestry in the Baroque-threads of splendour. [s.l.]: Metropolitan Museum of Art, 2007.

CRICK-KUNTZIGER, 1956 Marthe Crick-Kuntziger – Catalogue des tapisseries: XIVème au XVIIIème siècle. Bruxelles: Musées Royaux d'Art et d'Histoire de Bruxelles, 1956.

D’HULST, 1960 Roger-A. D’Hulst – Tapisseries Flamandes du XIVe Au XVIIIe Siècle. 1.ª ed. Bruxelas: L'Arcade, 1960.

DELEHAVE, 1927 Hippolyte Delahave – Les Légendes Hagiographiques. 2.ª ed. Bruxelas: Bureaux de la Société des Bollandistes, 1906. (Veja-se http://archive.org/details/leslgendeshagio00delegoog)

DELMARCEL, 1994 Guy Delmarcel – Les fresques mobiles du nord. Anvers: Martial & Snoeck, 1994.

DELMARCEL, 1997 Guy Delmarcel – Rubenstextiel = Rubens's textiles. Antwerp: L. Denys, 1997.

DELMARCEL, 1999 Guy Delmarcel – La Tapisserie flamande du XVe au XVIIIe siècle. Paris: Imprimerie National, 1999. Existe uma edição em inglês.

DELMARCEL; MENDONÇA, 1978 Guy Delmarcel; Maria José Mendonça – Tapeçarias Antigas da Bélgica. Lisboa: Secretaria do Estado da Cultural/Museu Nacional de Arte Antiga, 1978.

DETIENNE, 1994 Marcel Detienne, dir.– Transcrire les mythologies: tradition, écriture, historicité. Paris: Albin Michelle, 1994.

GABETTI, 1989 Margherita Gabetti – Tapeçarias: Renascimento e Barroco. Lisboa: Editorial Presença, 1989. (Artes e Estilos; 4).

GADDI, 2010 Sergio Gaddi (ed.) – Rubens e i Fiamminghi. Milano: Silvana Editoriale, 2010.

GÖBEL, 1923 Heinrich Göbel – Wandteppiche: Die Niederlande. Tomo 1. 2 vols. Leipzig, 1923.

GÖBEL, 1928 Heinrich Göbel – Die Wandteppiche und ihre Manufakturen in Frankreich, Italien, Spanien und Portugal. 2 vols. Leipzig, 1928.

GÖBEL, 1933-34 Heinrich Göbel – Wandteppiche: Die Germanischen und Slawischen Länder. Tomo 3. 2 vol. Berlin, 1933 (vol. 1) – 1934 (vol. 2)

HUYLEBROUCK, 1986 Roza Huylebrouck - Portugal e as tapeçarias flamengas. Revista da Faculdade de Letras: História. 2.ª série. 3 (1986). P. 165-198.

JAHRBUCH, 1964 Jahrbuch der Hamburger Kunstsammlungen. 9 (Jan 1964). Hamburger Kunsthalle; Museum für Kunst und Gewerbe Hamburg. P. 238-241

JUNQUERA DE VEGA; HERRERO CARRETERO, 1986 P. Junquera de Vega; C. Herrero Carretero – Catálogo de tapices del Patrimonio Nacional: Siglo XVI. Vol. 1. Madrid; [s.n.], 1986.

MARLE, 1932 Raimond Van Marle – Iconographie de l’art prophane ao Moyen-Âge et à la Renaissance. 2 vol. La Hague: M. Nijhoff, 1932. Vol.1: La vie quotidienne; Vol.2: Allégories et symboles

MENDONÇA, 1983 Maria José de Mendonça – Inventário de tapeçarias existentes em Museus e Palácios Nacionais. Lisboa: IPPC, 1983.

QUINA, 1998 Maria Antónia G. Quina – À Maneira de Portugal e da Índia: uma série de tapeçaria quinhentista. Museu do Caramulo, Lisboa: Merbérica/Líber, 1998.

QUINA; MOREIRA, 2005 Maria Antónia Quina; Rafael Moreira – Tapeçarias flamengas do Museu de Lamego. Lamego: Museu Regional de Lamego, 2005.

TAPISSIER, 2002 [1777-1779] Tapissier, tapisserie des Gobelins. In L’encyclopédie Diderot & Alembert. Paris: Inter-livres, 2002. (Bibliothèque de l’image).

THOMSON, 1973 [1906] W. G. Thomson – A History of Tapestry from the earliest times to the present day. 3.ª ed. [Wakefield]: EP Publishing Limited, 1973. 1.ª ed. 1906; 2.ª ed. 1930

CATÁLOGO, 1958 Catálogo da exposição de tapeçarias flamengas do Século XVII e... . Lisboa: Sociedade Nacional de Belas Artes, 1958.

 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica