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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AV.591
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Actividades lúdicas
Denominação:
Marioneta
Título:
Irawan
Local de Execução:
Indonésia, Bali
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Pele de animal; madeira; osso (?); policromia
Dimensões (cm):
altura: 57; largura: 19;
Descrição:
Figura humana masculina em silhueta, feita de pele de animal, suportada ao centro por haste de madeira prolongada por uma segunda haste de madeira. Os braços e antebraços são articulados e fixos por pregos de madeira ou osso situados nos ombros e cotovelos. Nas mãos estão presas duas hastes de madeira que permitem manipular os membros superiores. Apresenta corpo na cor ocre. Face com olhos sumpé (finos), boca untu asat (dentes lisos) e bigode preto. Possui toucado do tipo kekenduan que representa o cabelo, de cor preta, enrolado num coque em espiral e decorado com coroa na cor vermelha e num tom esverdeado (pigmento dourado escurecido). Apresenta um ornamento posterior com motivo que se assemelha a face de um animal com bico e olhos vermelhos. Peito descoberto e decorado com faixas em tom esverdeado, que representam jóias. Braços, pulsos e tornozelos decorados com pulseiras no mesmo tom. Apresenta traje de casta satryia (nobreza) do tipo bulat biasa mecingcingan, que representa veste enrolada à volta das pernas com cauda arredondada e duas pontas onduladas atrás. O traje apresenta decoração de motivos fitográficos muito recordados, com faixas vermelhas e num tom verde seco (pigmento dourado escurecido). À cintura apresenta pequeno ornamento que representa a face de um animal com bico e um olho. Mãos em posição semelhante a saro-mudra (indicador dobrado e unido ao polegar). Na haste apresenta etiqueta verde com número 14.
Incorporação:
Compra - Anterior proprietário: desconhecido
Proveniência:
Indonésia, ilha de Bali, Munggu
Origem / Historial:
Representa a personagem do filho de Arjuna e de Ulupuy, no repertório Mahabharata. É morto na grande batalha contra os Korawa, Bharatayuddha. Objecto pertencente à colecção de 162 marionetas de teatro Wayang Kulit recolhida por Victor Bandeira na ilha de Bali, na Indonésia, em 1970. Pertence ao conjunto de 86 marionetas recolhidas na aldeia de Munggu, no distrito de Badung. O conjunto restante de 76 marionetas e 2 percutores musicais foram recolhidas na aldeia de Krobokan, na fronteira entre os distritos Tabanan e Badung. O teatro de marionetas de pele Wayang Kulit é composto por perfomances de caractér lúdico e ritual, sendo geralmente dividido em dois tipos não excluvisos: Wayang Lemah (performances diurnas de carácter ritual) e Wayang Peteng (performances nocturnas de carácter lúdico). O Wayang Kuilt balinês é composto pelo marionetista (dalang), os seus assistentes e uma orquestra de quatro músicos que produzem o acompanhamento musical e ritmos das personagens e histórias. Nesta colecção as narrativas mais representadas são as epopeias hindus Mahabharata e Ramayana, e a narrativa de origem popular balinesa, Calonarang. É provável que o conjunto recolhido em Munggu teatralizasse também o Wayang Kulit Sapu Leger, uma vez que existem as marionetas necessárias para esta performance (AV.557 Betara Sang Hyang Widi ou Tunggal; AV. 565 Tualèn; AV. 532 Kayonan ou Gunung; AV. 579 Bhatara Siwa). Esta performance é realizada para exorcizar as crianças nascidas na semana wayang (wuku wayang) e protegê-las do demónio Bharata Kala. Realiza-se durante a noite, na casa da família da criança. Os pés das marionetas referidas são introduzidas em água, que se torna pura e cantam-se versos. A mesma água é em seguida lançada sobre a criança. Nas várias performances a maioria das personagens interage em Kawi (antiga língua javanesa) e apenas as personagens chamadas de servos-palhaços (Dèlem ou Melem, Merdah, Sangut e Tualèn) falam o dialecto local da aldeia onde a performance está a ser realizada. Repetem para o público as partes mais importantes do que as personagens falaram entre si, introduzindo comentários cómicos que divertem a assistência. Em traços gerais a narrativa Mahabharata relata os vários episódios relacionados com a rivalidade entre os irmãos Pandawa e os seus primos Korawa, que lutam pelo direito ao trono do reino de Hastinapura. Um dos episódios mais teatralizados é a grande batalha, Bharatayuddha, na qual muitas das personagens interagem, dando origem a diferentes tipos de acções narrativas, como cenas de batalha com traições, combates e mortes ou o discurso inicial da batalha, feito pela personagem Kresna, sobre o objectivo final de uma guerra e os deveres dos verdadeiros guerreiros. A narrativa Ramayana relata episódios da vida do deus Rama, sendo um dos mais populares o rapto de sua mulher Sita pelo demónio e rei Ravana. Para recuperá-la, Rama alia-se ao exército de macacos do Rei Sugriva, contando também com a ajuda do macaco Anoman, personagem dotada de poderes sobrenaturais. A narrativa Calonarang tem origem na Indonésia e é indicada como semi-histórica ou lendária. Em Bali a versão mais conhecida foi traduzida do antigo Kawi e conta a história de Rangda, uma bruxa que amaldiçoa o reino de Daha com várias epidemias e secas, vingando-se do facto da sua filha Ratna ser recusada por vários homens nobres da corte do rei Airlangga. Rangda e as suas pupilas dançam no cemitério com a protecção e o poder da deusa Durga. O rei pede ajuda ao sábio Mpu Bharada que casa o seu jovem assistente Brapula com a filha de Rangda. Após a lua-de-mel, Brapula decobre que a forma de derrotar Rangda é ler de trás para a frente um pequeno livro de magia. Ao fazê-lo Mpu Bharada ressuscita todas as vítimas de Rangda e mata a bruxa. O Wayang Calonarang (Wayang Kulit da narrativa de Rangda) é realizado especialmente como teste às capacidades do dalang, nomeadamente, os seus conhecimentos teóricos na arte de Wayang Kulit, os seus podereres de improviso e a sua coragem para apaziguar o poder maléfico de Durga.
 
     
     
   
     
     
     
 
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