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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
BJ.063/13
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Nossa Senhora de Fátima
Autor:
Domingos Gonçalves Lima
Local de Execução:
Santa Maria de Galegos, Barcelos
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro; tintas multicolores.
Dimensões (cm):
altura: 13,5; largura: 4,4;
Descrição:
Figura em barro policromado, representando Nª Senhora de Fátima. Esta encontra-se apoiada numa placa de suporte de cor verde, da qual se destacam os pés descalços, com os dedos demarcados por incisões. Tem uma forma cónica, alongada, coberta por um manto branco, contornado à frente com risco dourado, que se abre ao centro tornando visível uma veste branca, na qual se salienta uma cruz dourada em relevo perto da bainha. As mangas são longas, ornadas com duas fileiras de pontos dourados. Os olhos são duas incisões ovais com dois pontos negros perfurados, nariz chato, com narinas marcadas, boca incisa, vermelha. No topo da cabeça apresenta uma coroa de base circular, sobre a qual está colocada uma meia-esfera com incisões que formam gomos, seguida de uma esfera menor encimada por uma cruz. No interior da base apresenta incisa a letra "M", assinatura de "Mistério".
Incorporação:
Doação - Anterior proprietário: Fundação Calouste Gulbenkian
Origem / Historial:
Colecção de Figurado de barro doada pela Fundação Calouste Gulbenkian ao Museu Nacional de Etnologia, composta por 196 objectos de diferentes regiões do país, na sua maioria Estremoz e Barcelos. A colecção foi organizada pelo Serviço de Belas Artes da F.C.G., dirigido por Artur Nobre de Gusmão, no âmbito da Exposição Expressionismo/Ingenuismo, realizada em 1987, incluida no Ciclo "Azares da Expressão". Mistério Domingos Gonçalves Lima nasce a 29 de Agosto de 1921 em S. Martinho de Galegos. Filho de mãe solteira, a trabalhar em Espanha, foi criado pela avó, Rosa Gonçalves Lima. Conta que a alcunha "Mistério" lhe tinha sido dada por ser uma criança débil, e os vizinhos dizerem ser um mistério ter sobrevivido. Aprendeu a fazer figurado com a avó, bonequeira, que o vendia na feira semanal de Barcelos. Mais velho trabalhou em feiras, vendendo por conta de um patrão. Casou-se com Virgínia Esteves Coelho, de quem teve doze filhos. Passou a vender por conta própria, mercadoria que comprava nas fábricas e peças a molde que fabricava com a mulher. Na década de 60 a notoriedade de Rosa Ramalho trouxe novo valor ao figurado feito à mão, que passa a ser vendido, já não como brinquedo de criança, mas como criação individual, peça única, para uma clientela urbana que procura o artigo em casa do artesão. Surgem as Feiras de Artesanato, no Estoril, em Belém, no Porto, Mercado Ferreira Borges, em Vila do Conde, onde os artesões expõem o figurado e trabalham ao vivo. Mistério cria um tipo de figuras com características próprias, de grandes orelhas, narizes desmesurados, olhos salientes. Sempre com um toque de humor, satiriza, cria Diabos a quem juntou a companheira e a família, a diaba e os pequenos diabinhos. Atento, reproduz cenas do quotidiano de trabalho e festa, figuras em actividades rurais. Recria o bestiário, galos, ouriços, figuras híbridas, fantásticas. Distingue-se nas cenas religiosas, as procissões de vários altares e numerosos participantes, as Alminhas em que põe padres e bispos no Inferno, no candelabro para sete velas, uma menorah que celebra o nascimento e a morte de Jesus, na Última Ceia, nos diversos tipos de presépios. É a sua mulher Virgínia que pinta desde sempre as figuras, acompanhando o gosto pela sátira do marido com as suas cores vivas, primárias, e a indiferença pelo realismo, roçando uma espécie de absurdo alegre - os Reis Magos de calças ou camisas cor-de-rosa vivo, São José de túnica azul-turquesa, cores que se tornaram-se igualmente uma das características definidoras do figurado de Mistério. Francisco "Mistério" morre em 1994. Os seus filhos Francisco e Manuel, que sempre trabalharam com o pai, assinando as peças por Mistério Filho F. ou Mistério Filho M., continuam a sua obra, acrescentando novas criações aos modelos do pai, enquanto D. Virgínia vai pintando as figuras de cores alegres.
 
     
     
   
     
     
     
 
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