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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AU.127
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Artes plásticas
Denominação:
Bispo preto
Autor:
Rosa Ramalho
Centro de Fabrico:
S. Martinho de Galegos, Barcelos
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Barro e tintas multicores
Dimensões (cm):
altura: 8,3;
Descrição:
Bispo preto em barro policromado, representando uma figura antropomórfica masculina segurando um báculo. A figura é constituída pelo tronco de formato tronco-cónico que lhe serve de base. Sobre o ombro direito é visível um manto amarelo que percorre as costas envolvendo o tronco. Os membros superiores encontram-se arqueados com a mão direita segurando um báculo prateado disposto longitudinalmente junto ao tronco, e a mão esquerda assente sobre a extremidade do manto. A cabeça, de tonalidade negra, apresenta dois pontos negros delimitados a branco, figurando os olhos, um traço vermelho inciso que representa a boca, nariz em relevo e uma barba negra cobrindo o queixo. Sobre a cabeça é disposta uma mitra cónica de tonalidade prateada. A figura enverga uma túnica cor de laranja. A peça pertence ao tabuleiro de xadrez AU.103 correspondente ao nº de colecção 459.
Incorporação:
Compra - Anterior proprietário: Desconhecido
Origem / Historial:
Na ficha manual a peça tem a designação "Figurado de barro". No entanto, optei por utilizar a denominação "Bispo preto" na medida em que identifica à priori a temática da figura. A designação "Bispo preto" consta na ficha manual como o nome local. A peça pertence ao tabuleiro de xadrez AU.103 correspondente ao nº de colecção 459. Deu entrada no Museu em 1966. Nota Biográfica, Rosa Ramalho: "O paradoxo essencial e todos os equívocos da "arte popular" encontram-se de modo particularmente fecundo nesta mulher baixinha e veemente, que nunca leu um livro, mas personifica uma cultura e possuía o dom dos símbolos com que desde sempre o Homem procurou exprimir-se. Criação ou tradição, revelação e linguagem pessoal de um mundo original e único, ou mero reproduzir artesanal de imagens herdadas de um obscuro passado anónimo?" (Oliveira, Ernesto Veiga de, Art Populaire - Portugal, Europália, 1991) Rosa Ramalho nasce a 14 de Agosto de 1888, na freguesia de Santa Maria de Galegos, Barcelos. Aprende a trabalhar com o barro aos sete anos, com uma vizinha que tratava por tia. A arte do figurado só a retomará muito mais tarde, uma vez que primeiro o pai e, posteriormente, a profissão do marido (moleiro) e os muitos filhos, a impedem de se dedicar a esta actividade. Rosa Ramalho começa a vender as suas figuras, cuja modelação só retomará após a morte do marido e com os filhos já adultos, nas feiras realizadas regularmente nesta região. O impacto e a fama produzidos pelo seu trabalho, e a tardia projecção da ceramista, na década de 50, quando esta se encontrava já perto dos 70 anos, ultrapassam o limite circunscrito da região onde nasceu, Barcelos, chegando ao Porto, através da sua descoberta por por António Quadros (foi ele o responsável pela primeira reportagem publicada sobre Rosa Ramalho), da consequente divulgação do seu trabalho na Escola Superior de Belas Artes do Porto, e da Exposição colectiva organizada na Galeria Alvarez, do Porto, em 1956. A importância atribuída a todas as formas e expressões de arte popular durante o Estado Novo transformam Rosa Ramalho numa verdadeira imagem de propaganda do regime, apesar desta manter sempre uma relativa autonomia face ao mesmo. O impacto produzido pela sua obra, que ainda hoje, passados 28 anos desde a sua morte (1977), continua a despertar fascínio além fronteiras, fez dela uma referência para personalidades de todos os quadrantes, da política às artes e espectáculos. As representações e temáticas mais exploradas ultrapassam os limites do real (cenas do quotidiano) fundindo-se com o universo onírico, do mito, da fábula e da metamorfose, em que as figuras monstruosas, os animais insólitos e os demónios, passam a ser uma marca evidente do seu trabalho. As representações religiosas, como a Última Ceia e os Cristos (pintados, vidrados ou na cor natural) são também uma constante, diferenciando-se dos outros ceramistas pelos seus traços desproporcionados e pelo carácter minimalista e ingénuo com que são representados. Não se tratam de representações realistas e rigorosas, mas sim testemunhos fíeis da sua forma de entender o mundo. Segundo a própria, "Eu só faço o que me apetece fazer" ou "Isto é o que me vem à cabeça". (in "Nomes de Rosa", Cultus - O Mistério e o Maravilhoso nos artefactos Portugueses, Feira Internacional de Artesanato, 2001, p.120).
 
     
     
   
     
     
     
 
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