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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
AE.221
Supercategoria:
Etnologia
Categoria:
Equipamento de uso doméstico
Denominação:
Tampa de panela
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Cabinda, Angola
Grupo Cultural:
Woyo
Datação:
XX d.C.
Matéria:
Madeira
Dimensões (cm):
altura: 6,6; diâmetro: 24;
Descrição:
Tampa de panela de formato discóide feita em madeira enegrecida pelo fumo. No seu topo apresenta várias figuras talhadas na própria madeira. Ao centro, em relevo, uma mulher deitada de costas e presa a uma jiboia que se lhe enrola no corpo e a está engolindo pela cabeça. De um lado, um disco em baixo relevo representando o sol, e do lado contrário outro disco com uma parte rebaixada, em crescente, representando a lua. No bordo apresenta uma cercadura simples incisa interrompida por quatro sectores de triângulos escavados formando um denteado.
Incorporação:
Compra
Proveniência:
Cinzazi. Uns quilómetros a norte do Posto Fiscal do Yema.
Origem / Historial:
As tampas de panela de Cabinda representam, nas suas figurações, provérbios que servem como meio de comunicação no âmbito familiar. São entregues durante as refeições com a função utilitária de tampa mas, ao mesmo tempo, ficam à vista dos membros da família para que estes realizem uma interpretação conjunta da mesma. A colecção é constituída por um total de 290 objectos colectados em Angola, na região de Cabinda, entre os grupos culturais Woyo e Kakongo. Este objecto faz parte de um primeiro conjunto formado por 236 tampas vendidas pelo Dr. José Gonçalves Coelho em 1964. Este colector trabalhou como funcionário administrativo em Cabinda, dedicando o seu tempo livre ao estudo e recolha de uma colecção de tampas de panela, 257 das quais se encontram no Museu Nacional de Etnologia. «Os provérbios são importantes na vida das aldeias dos Kongo e surgem em diferentes contextos. A eloquência é admirada; o orador com talento pode emitir o provérbio certo, fazer um cumprimento, apelar para um princípio ou concluir um argumento. Os Bawoyo da costa incorporavam provérbios nas tampas esculpidas, denominadas "matampas", que cobriam as panelas de barro nas quais a comida é cozinha e servida. A mulher, ou por vezes o marido, podia transmitir uma mensagem em silêncio cobrindo uma panela com a tampa adequada. As tampas esculpidas eram também apreciadas como obras de arte e podiam ser tão caras que uma casa possuísse apenas uma ou duas, embora pudesse pedir outras emprestadas, caso fosse necessário.» «Uma tampa (cat.33, pág. 52) mostra uma mulher apanhada nos aneis de uma serpente que lhe engole a cabeça. O provérbio correspondente,"uma jibóia engoliu alguém, mas nós ouvimos apenas "falar disso", significa que não se deve confiar em boatos acerca de acontecimentos que não prresenciámos. Uma mulher pode dar esta tampa ao marido quando se apercebe de uma mudança na atitude deste para com ela e suspeita que ele tenha andado a ouvir falar mal dela. Os dois círculos representam uma espécie de semente e referem-se à reconciliação depois de uma disputa.» (MacGaffey, 2000: 51)
 
     
     
   
     
     
     
 
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