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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Etnologia Categoria: Actividades lúdicas Grupo Cultural: Chimba (Herero) Matéria: Madeira, capim, fibras vegetais, tiras de pele (couro?), pano, pele, botões, missangas, pasta de origem vegetal e/ou animal Técnica: Base: espiral cosida de armação simples. Dimensões (cm): altura: 27; largura: 20; Descrição: Boneca constituída por um toro cilindriforme de madeira escura, com a extremidade inferior assente numa base em forma de campânula e a extremidade superior exibindo fibras vegetais enroladas e fiadas de missangas várias, representando um penteado.
A base, constituída por voltas de feixes de capim é feita pela técnica de espiral cosida de armação simples, revestidos em quase toda a sua totalidade por feixes transversais, e finalizando com um enrolamento de fibras vegetais. Encontra-se aplicada ao toro por meio de fios de fibras vegetais, atravessando longitudinalmente a base e presos a uma tira de pele (couro?) que se encontra na parte superior da base, sendo esta pontualmente enfiada nesta. Próximo da extremidade inferior o toro de madeira apresenta uma incisão que o percorre transversalmente.
Acima desta tira de pele, surgem duas voltas de um tecido escuro, amarrado na frente da boneca. Dobrado sobre estas voltas, encobrindo-as, apresenta-se na frente um pano de cor vermelha escura. Na parte de trás, aplicado às mesmas voltas, encontra-se uma pele com pêlos pretos, onde foram aplicados três séries de dois botões brancos dispostos em cada extremo da pele. A pele encontra-se aplicada através de um botão branco. Ambos os elementos representam o traje tradicional do grupo a que pertence.
Mais acima, surgem várias voltas de capim torcidas, representando um adorno tradicional ao grupo a que a boneca pertence.
A três quartos da sua altura, a boneca apresenta atado um cordão de pele (couro?) escuro que serve para transportar a boneca. É amarrado à frente e tem ambas as extremidades pendentes.
Na extremidade superior da boneca surge uma incisão transversal ao toro, no qual se inicia um revestimento de malha de fibras vegetais, figurando a cabeça.
A boneca apresenta um penteado tradicional do grupo a que pertence. Este é constituído por fios de fibras vegetais enroladas, sugerindo tranças, que partindo do topo da cabeça estendem-se até meio das costas da boneca, cobrindo a parte posterior deste. Por cima destas tranças surgem várias fiadas circulares de missangas brancas, dispostas transversalmente até meio do penteado. Em cima destas, centralmente, começando na nuca e acompanhando o penteado, surge uma trança de fibras vegetais, adornada com uma fila de três botões brancos. No início este revestimento apresenta várias curtas fiadas de missangas, pendendo sobre a testa, a meio e até ao final, fiadas circulares de missangas brancas e amarelas que pendem para ambos os lados. Todas as fiadas de missangas apresentam-se presas por fios de fibras vegetais que percorrem longitudinalmente, próximo do topo, o penteado.
Toda a peça apresenta-se untada com uma substância gordurosa escura.
Diâmetro do toro envolvido pela malha: 16 cm
Origem / Historial: A colecção de bonecas com uma tipologia "mwila" consiste em 42 objectos, tendo sido adquiridos por diferentes colectores e em diferentes contextos. Estas bonecas inserem-se numa colecção mais vasta, de 83 objectos, todos eles referentes ao Sudoeste angolano (bonecas kwanyama, bonecas carolo de milho e bonecas mwila de barro).
O nome desta tipologia advém do grupo cultural mwila, devido a este ser um dos principais produtores destes objectos.
António Carreira adquiriu 60 bonecas do Sudoeste angolano, trinta das quais pertencente à tipologia "mwila", colectadas em contexto de Missões de Prospecção de Material Etnográfico, dirigidas pelo Museu de Etnologia do Ultramar, efectuadas entre 1965 e 1969.
Todas as bonecas "mwila" colectadas por António Carreira referem amuleto, amuleto de fertilidade ou amuleto de fecundidade, como função.
Em 1965 e 66, Carreira anexa a seguinte informação:
"Confeccionada com fibra de Mupanda (árvore frondosa). Ao cabelo da boneca chamam Maldi, por ser fibra. Ao cabelo humano chamam Nohuki. É usado por solteiras, vivas e estéreis, no dorso, como se fosse uma criança de mama. O tipo de cabeleira das bonecas reproduz o das mulheres do planalto." (Ficha de inventário de AH.051)
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