Origem / Historial:
De acordo com informações contidas no catálogo Os Índios, Nós, a máscara, em uso, é decorada com um adorno de penas de papagaio em leque, em torno do pescoço do macaco, e apresenta um conjunto de franjas de fibras vegetais que rodeiam o aro circular, de forma a cobrir o rosto do indivíduo que a veste.
"Figurando um macaco, estas máscaras são feitas e usadas pelos homens, sobre a cabeça, em danças cerimoniais, e, contrariamente ao que sucede com muitas outras nas sociedades indígenas brasileiras, são conservadas após o final desses rituais, procedendo-se à substituição do algodão quando este se encontra enegrecido. Estas máscaras encontravam-se suspensas desde à muitos anos na maloca de Tacumã, pagé e chefe dos Kamayurá, de quem os colectores foram hóspedes em Novembro de 1964 e que, pelo modo como se expressava em português, foi um dos principais informantes na sua estadia entre este grupo." (cf. Os Índios, Nós, 2000, pp.221)
Nota informativa sobre a constituição da Colecção Victor Bandeira:
Em 1964/65 Victor Bandeira e Françoise Carel Bandeira, incentivados por Jorge Dias e Ernesto Veiga de Oliveira, e com o apoio do Centro de Estudos de Antropologia Cultural de Junta de Investigações do Ultramar e das autoridades brasileiras, empreenderam uma expedição à selva amazónica, com o objectivo de conhecer, por experiência e participação efectiva, as formas de comportamento, a cultura material e imaterial, os rituais, os ritos e as artes, dos grupos indígenas que habitavam nessa região.
Durante a sua estada no terreno, o casal Bandeira, percorreu várias regiões do Brasil, Equador, Peru e Colômbia, e contactou com diferentes grupos de índios.
Dessa investigação resultou uma extensa colecção de artefactos que documenta e exprime de um modo perfeito e completo todos os aspectos da vida e das concepções, dos ritos e da criação plástica dos vários grupos com quem estabeleceram relações, inúmeros registo visuais e sonoros, e um vasto conhecimento teórico sobre a vida, a cultura e arte dos ameríndios do Brasil.
Esta colecção foi apresentada ao público em Outubro de 1966 nos Salões da Sociedade de Belas Artes de Lisboa, sob o patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian e da Embaixada do Brasil.
Em 1969 a colecção é adquirida pelo então Ministério do Ultramar, com a participação financeira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação da Casa de Bragança e de alguns particulares devotados, a fim de ser entregue e incorporada no património do Museu Nacional de Etnologia.
A colecção, constituída por cerca de 745 peças, abrange todas as classes de artefactos.