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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu de Lamego
N.º de Inventário:
2
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Têxteis
Título:
O Templo de Latona
Autores:
Orley, Bernard van (ca.1488-1541)
Desconhecido
Local de Execução:
Bruxelas
Oficina / Fabricante:
Bruxelas
Datação:
1525 d.C. - 1530 d.C.
Matéria:
Lã e seda
Suporte:
Fios de algodão
Técnica:
Tecelagem de alto liço
Dimensões (cm):
altura: 430; largura: 390;
Descrição:
O pano exibe o episódio do ataque ao Templo da Deusa Latona, protagonizado pela rainha Níobe e suas filhas após a morte dos filhos varões de Níobe às mãos da deusa. Ao centro, aparece a Deusa entronizada. Dos lados, sobre altas colunas, as estátuas de seus filhos tidos de Júpiter, Diana e Apolo, segurando feixes de setas, aludindo à morte dos filhos de Níobe. Um grupo de damas armadas com troncos de árvores, precipita-se da direita, interrompendo as libações sacerdotais e ameaçando os que vieram prestar culto à deusa, trazendo-lhe oferendas. No primeiro plano, ajoelha uma personagem masculina, defendendo-se de um golpe que uma das damas se apresta a descarregar. À esquerda, agrupam-se os adoradores de Latona, destacando-se no primeiro plano uma dama que se apressa a abandonar o templo, levando sob o braço um bode e na mão um cesto. No extremo oposto está caído por terra um cesto idêntico e junto um porco, ofertas da personagem ajoelhada ao centro da composição. Tomam parte da ação, dispostos à direita, três idólatras mitrados (?), cujas mitras abrem dos lados, em meia lua, no estilo do século XVI (estilização renascentista que afinal se vislumbra em toda a decoração do pano). Duas destas figuras praticam libações sobre a toalha que se vê quase ao meio do trono, e a terceira, opulentamente paramentada, agita um turíbulo, incensando a deusa. O templo abre por arcarias sobre fundo de paisagem e tem sobre a cimalha uma série de lâmpadas ardentes. Todas as personagens usam uma curiosa mistura de peças de vestuário da Roma antiga e do Velho Testamento. A composição é delimitada por cercadura estreita, ornamentada, sobre fundo azul escuro entre listas amarelas e azuis, com galhos de videira, rosas e lírios e orla azul. Na tapeçaria, a inovadora abordagem de van Orley é evidente, conseguindo dar uma noção de espaço tridimensional, de realismo e plasticidade à composição.
Incorporação:
Transferência - Antigo Paço Episcopal de Lamego
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006* "Esta tapeçaria pertenceu em tempos, a uma armação que contava a história de Níobe, composta de quatro tapeçarias tecidas em Bruxelas e das quais há réplicas inventariadas no Palácio do Cardeal de Trento em 1539, mas que já não existem. As séries de Lamego e Trento podem ser cópias de um conjunto original ("Editio princips"), provavelmente encomendado na Flandres para a corte de Habsburgo, devido à inscrição AEIOU que o identifica. Os intímos laços dinásticos entre Frederico III e a corte portuguesa podem explicar em parte, a presença do painel de Latona em Lamego" (Jordan, 1998), que poderá corresponder a um dos "quatro reposteiros finos vindos da Flandres" exarados no testamento do bispo D. Manuel de Noronha (1551-1569), levando-nos a supor que este prelado possuiria a série completa dedicada ao ciclo de Niobe, narrados por Ovídio nas «Metamorfoses». Em 1908, o pano e todo o conjunto de tapeçarias flamengas, encontrava-se a decorar a sala do trono e de receção do palácio episcopal de Lamego. Foi aí, que nesse ano, José Júlio Rodrigues e Joaquim de Vasconcelos as encontraram e estudaram, assinalando, este último, o bispo D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito (1901-1922), como o resposável por ter mandado arrancar de arcas escuras onde se encontravam "dobrados e enrolados e sujeitos à acção dos vermes, este e outros panos de armar» e os mandou colocar nas paredes a forrar a referida sala. "Criado o Museu a 20 de Junho de de 1917, o seu Director, João Amral retirou as tapeçarias da sala onde se encontravam pregadas e armou alguns panos que estavam fragmentados." (Flórido, 1986). No inventário dos objectos e respetivos valores pertencentes ao Museu, realizado em 1940, o pano é mencionado: " Uma tapeçaria flamenga do século XVI representando o Templo de Latona com as dimensões de 3,90 m de largura por 4,30 m de altura 350.000$00". Nesse mesmo ano, foi atribuída uma verba para o restauro da coleção de tapeçarias flamengas, verba essa que não chegaria a ser utilizada porque em Portugal não havia nenhuma oficina de restauro de têxteis, nem a guerra permitia a saída de panos para o estrangeiro. Somente em 1956, com a criação da Oficina de Restauro de Têxteis, que funcionava no antigo Instituto José de Figueiredo, foi possível beneficiar este importante núcleo. (Flórido, 1986) Joaquim de Vasconcelos intitula este pano como: o "Triunfo da Religião Cristã", considerando-o da mesma época, estilo e fatura das tapeçarias de Édipo. Alfredo Guimarães, Albano Sardoeira e João Amaral classificam o pano como fabrico flamengo da primeira metade do século XVI, representando para os primeiros o "Triunfo da Religião Cristã sobre o Paganismo" e para o último "O Templo de Latona". Sobre a inscrição que aparece na orla da túnica da figura ajoelhada em primeiro plano, transcrevemos a leitura de J-K Seppe: "La majorité des inscriptions décoratives ayant une signification lisible, est écrite en caractères de l'alphabet latin courent. Les lettres appararaissent généralement en forme majuscule, le plus souvent en caractères romains et, vers forme antiquisante, appelée "Littera senorium", caractérisée par une grande élégance et par le mélange des lettres onciales et capitales. En quleques cas on fait appel aux cinq voyalles de l'alphabet latin A. E.I.O.U. (cette dernière écrite généralment en V.) Frédéric III, empereur d' Allemagne de 1440 à 1493, employa ce groupe de lettres comme devise personalle. Cette formule devint une espèce de marque de propriétaire du monarque. Elle orne des manuscrits, des objects d'art et des ustensiles qui lui ont appartenu, (...). Le souverain attribua probablement un sens magique à cette divise. Le même groupe de cinq voyelles se recontre sur des tapisseries bruxelloises tissées vers 1510-1520, e.a. sur une pièce de l' "Histoire de Niobé" (Musée de Lamego, Portugal)" (Steppe, 1976)

Bibliografia

AMARAL, João - Le Musee de Lamego in L' Art Vivant: 1934, pág. -461

AMARAL, João - Roteiro Ilustrado da Cidade de Lamego. Lamego: 1961, pág. -63-64

AML Mns. "Cadastro dos Bens do Domínio Público do Museu Regional de Arte e Arqueologia de Lamego": 1940, pág. fl. 2

CORREIA, Vergilio - Monumentos e Esculturas. Lisboa: 1924, pág. -114-116

FLÓRIDO, Abel Montenegro - Tapeçarias Flamengas do Museu de Lamego. Lamego: Museu de Lamego /IPPC, 1986, pág. n.2

Guia de Portugal. Trás-os-Montes e Alto Douro. II- Lamego, Bragança e Miranda, vol. 5. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988, pág. 668-669

GUIMARÃES, Alfredo; SARDOEIRA, Albano - Mobiliário Artístico Português (Elementos para a sua História) - I- Lamego. Porto: Marques de Abreu, 1924, pág. -47-48

JORDAN, Annemarie - Tapeçaria, Museu de Lamego. Roteiro. Lisboa: Museu de Lamego/IPM, 1998, pág. 38-40

MENDONÇA, Maria José - Inventário de Tapeçarias Existentes em Museus e Palácios Nacionais. Lisboa: IPPC, 1983, pág. 100-102

MENDONÇA, Maria José - Relação dos panos de Rás existentes nas colecções do Estado. Lisboa: Academia Nacional de Belas Art, 1940, pág. -34

MENDONÇA, Maria JosÉ - Tapeçarias do Século XVI. Lisboa: IPPC, pág. -14

MOREIRA, Rafael - in «Da Flandres e do Oriente». Lisboa: IPM, Julho, 2002, pág. -11-12

PASSOS, Carlos - Lamego na Arte Nacional: 1933, pág. -12-13

QUINA, Maria Antónia; MOREIRA, Rafael e PESSOA, José - Tapeçarias Flamengas do Museu de Lamego. Lisboa: IPM, 2005, pág. -

RODRIGUES, José Júlio - O Paço Episcopal de Lamego. Porto: 1908, pág. 13-15

STEPPE, J.-K. - Inscriptions décoratives contenant des signatures et des mentions du lieu d' origine sur des tapisseries bruxelloises de la fin du XVe et début du XVIe siècle, dans "Tapisseries bruxelloises de la pré-Renaissance. Bruxelles: Musées Royaux d'Art et Histoire, 1976, pág. 198-199

VASCONCELOS, Joaquim - A Arte Religiosa em Portugal. Lisboa: Vega, 1994, pág. 287

PEREIRA, Teresa Pacheco, "O Templo de Latona".PIMENTEL, António Filipe, cood, "A Arquitetura Imaginária" [catálogo], Lisboa, MNAA/INCM, 2013, pág. 196-197

 
     
     
   
     
     
     
 
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