Origem / Historial:
Em Agosto de 1904, no 50.º aniversário da definição dogmática da Imaculada Conceição, por Pio IX, foi criada a Associação Nossa Senhora da Conceição, com a finalidade de promover a construção, em Lisboa, da Igreja Monumento à Imaculada Conceição. Os terrenos para esta obra, com cerca de 6.500m², oferecidos pela Condessa de Camaride, situavam-se nas cercanias do Palácio de Camaride, às Picoas. Aberto o concurso para o respectivo projecto, obteve o primeiro prémio o Arquitecto Frederico Evaristo. Após o que, no dia 8 de Dezembro de 1904, ali foi lançada a primeira pedra, com a participação das mais altas individualidades do reino.
Em 1906 foi aberto o concurso para as imagens dos altares laterais desta Igreja Monumento, já que a imagem tutelar para o altar-mor, Nossa Senhora da Conceição, ficou a cargo da Rainha D. Amélia, que a encomendou a Teixeira Lopes, tendo sido feita a respectiva "maquette", largamente reproduzida em bilhetes-postais da época. Costa Motta Sobrinho obteve, então, o primeiro prémio com maquettes para duas esculturas: Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora do Rosário. O jornal "O Século", de 21 de Janeiro, de 1906 apresenta gravuras das cinco "maquettes" premiadas com o primeiro prémio, entre as quais as referidas, de Costa Motta Sobrinho. Mas no dia seguinte, 22 de Janeiro, ao destacar isoladamente a imagem de Nossa Senhora do Carmo, como se pode comprovar observando todas as gravuras, trocou esta pela da “maquette” para o tema Nossa Senhora do Rosário. Não se trata, portanto, de outra versão do tema Nossa Senhora do Carmo, mas um lapso do jornal.
Com a implantação da República a referida Associação foi extinta e os seus bens arrolados pelo Estado. O templo não chegou a ser construído e o seu terreno foi entregue, em 1914, à Comissão encarregue da construção de uma Maternidade. Mas os anos passaram sem que as verbas fossem suficientes para concluir o projecto, apesar do elevado donativo de Rovisco Pais, em 1925, no montante de mil e quinhentos contos. Até que, em 1932, o Ministro das Finanças, Oliveira Salazar, depois de visitar demoradamente os trabalhos em curso, decide, por portaria, a dotação de mil e quatrocentos contos, montante necessário para concluir a obra, que foi inaugurada em 5 de Dezembro desse ano, com o nome de Maternidade Alfredo da Costa. O primeiro nascimento, uma criança do sexo feminino, aconteceu no dia 8 de Dezembro de 1932; foi-lhe dado o nome de Maria da Conceição. (cfr. Almeida, Carlos Brandão, Subsídios para a História da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Lisboa, 1983).
A peça originalmente em gesso, depois modelada em terracota, foi passada a mármore de Carrara em 1908. O modelo em gesso, do mesmo ano, encontra-se na Igreja de São Nicolau, em Lisboa. Conforme fotografia publicada na "Ilustração Portuguesa" de 27 de Abril de 1908, na rubrica "Figuras e Factos", vê-se este modelo em gesso no atelier do artista. Contudo, neste, figuram dois escapulários: um, suspenso do pulso esquerdo de Nossa Senhora, o outro, da mão direita do Menino Jesus. Ou por indicação do encomendador, ou por iniciativa do artista, a obra final em mármore apresenta apenas um escapulário, suspenso do pulso esquerdo de Nossa Senhora.
Após a morte do escultor, o mármore permaneceu no seu atelier, na rua Damasceno Monteiro, em Lisboa. Numa carta datada de 17 de Outubro de 1956, assinada por António da Conceição Silva, Montês é informado da possibilidade de conseguir o depósito desta estátua no Museu. Assim veio a acontecer. Em 1956, Nossa Senhora do Carmo, em mármore de Carrara, originariamente destinada à Igreja Monumento à Imaculada Conceição, foi depositada no Museu de José Malhoa pela viúva do artista , Carlota Cid Costa Motta. Em 26 de Julho de 1964 o depósito foi passado para os filhos da depositária: Maria Emília Costa Motta Abrantes Tavares e Rosália Cid Costa Motta Granger.
Em 10 de Dezembro de 1993, foi adquirida pelo Estado, através do Instituto Português de Museus, que a comprou, para integrar as colecções do Museu de José Malhoa, conforme factura de Rosália Cid Costa Motta Granger, de Lisboa, no valor de 2.000.000$00.
Cf. Despacho do Subdirector do Instituto Portugês de Museus de 13/09/1993, autorizando a aquisição.