Origin / History:
Este tipo de instrumento foi patenteado em Viena de Áustria, em 1829, por Zyril Demian, construtor vienense.
Entre 1830 e 1860, Paris foi o centro mais importante na construção de acordeões. Os instrumentos, ainda puramente artesanais daquela época eram construídos com materiais preciosos, sendo exclusivamente reservados a pessoas de dinheiro.
No fim do séc. XIX, começaram a ser fabricados em série, primeiro por firmas alemãs e, depois, um pouco por todo o Mundo.
O intérprete "veste" o instrumento por meio de alças; a mão direita toca toca o teclado dos agudos e a esquerda os botões do teclado dos baixos, enquanto controla o movimento do fole.
A partir do Acordeão misto derivam duas vertentes: uma que vai dar o Acordeão de botões com um som por cada botão, e outra, que vai dar origem ao Acordeão Diatónico composto por uma, duas, ou três carreiras de botões com a emissão de dois sons por botão, conforme o movimento do fole.
Enquanto que os Acordeões de teclado e de botões dispõem usualmente, na mão esquerda, de sessenta, noventa, ou cento e vinte botões de baixos, o Acordeão diatónico dispõe somente de quatro, oito, ou doze, conforme tem na mão direita uma, duas, ou três carreiras, respectivamente.
Pensa-se que a Acordeão diatónico chegou a Portugal na mesma altura a que chegou a Espanha (1873) adoptando o nome de “Concertina”. Em Portugal designa-se por concertina o que algumas pessoas no nordeste brasileiro chamam "sanfona" (sem distinguir por vezes a concertina e o acordeão) e que na Irlanda corresponde a um pequeno instrumento hexagonal, também de palhetas livres.
No sec XIX, a concertina tomou o lugar da harmónica como instrumento favorito. Era muito popular na Estremadura, onde rivalizava com as Gaitas de foles. Nos dias de hoje tem especial vitalidade no Minho, onde são tocadas por ocasião dos bailes e nos cantares ao desafio.
Contexto social e musical
Hoje em dia, a concertina substituiu em toda a faixa litoral os cordofones que antes dominava a música festiva e lírica de tipo recente: cantares de festa e coreográficos alegres e vivos, “chulas”, rusgas, cantigas românticas e satíricas, cantares de desgarrada, fados, serenatas e tunas; na região raiana Beiroa assim como no Campo Alentejano, a concertina é usada, tal como no Ocidente, para música lúdica e festiva: “saias”, “despiques”, “modas” mais alegres e vivas. No entanto, hoje em dia a concertina sai da esfera estritamente lúdica e aventura-se em ocasiões sagradas. De resto, com a carência da obrigatoriedade estrita e a progressiva quebra de força da velha tradição, podemos hoje ver a concertina (que conhece maior difusão que a viola) em ocasiões cerimoniais onde há pouco não figurava. Por exemplo, em Creixomil, na região de Barcelos, ouvimos uma primeira parte de uns cantares de reis onde as vozes cantam a pedir o donativo, de uma forma grave e austera, com a concertina a sublinhar a linha melódica.
Actualmente, por toda a parte, os cordofones tradicionais vão sendo postos de parte, aparecendo a par deles, ou em sua substituição, a concertina e o acordeão. Na faixa litoral do alto Minho, por exemplo, pode-se mesmo dizer que o único instrumento que hoje se ouve nas rusgas, bailes de terreiro, romarias e outras festas, é a concertina.
Na Serra duriense, nas tocatas que acompanham a dura faina da vindima, está presente a concertina. Mais tarde, durante o bailarico e festa final da “entrega do ramo” aos patrões , esta tocata consegue suscitar a atmosfera lúdica dessa duríssima quadra.