Origem / Historial:
Este violino fazia parte da colecção da Casa Real Portuguesa, Palácio Nacional da Ajuda. Foi entregue ao Museu do Conservatório de Lisboa, por Despacho Ministerial, de 5 de Agosto de 1937( Inv. 431 )
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MNM 75
Violino
Este instrumento pertenceu ao rei D. Luís, possuindo cravelhas com botões de ouro embutidos. O exemplar é referido no Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes de Ernesto Vieira (edição de 1900), na seguinte descrição: “(…) Apezar de serem estimadíssimos e cotados por elevado preço os raros instrumentos de Galrão que teem apparecido, viveu elle bem obscuramente, pois que ainda não pude obter a seu respeito a mais insignificante noticia biographica. Apenas poderei, por agora, reproduzir o que se sabe pelos disticos dos instrumentos, nos quaes se lê a data em que os construiu (...) No museu de el-rei o senhor D. Carlos, creado por seu fallecido pae, guardam-se com grande estimação dois violinos, uma viola e um violoncello d'este fabricante, que tem a seguinte etiqueta: Joachim Joseph Galram, fecit Olesiponae 1769. (…)”.
A arte dos instrumentos que Joaquim José Galrão produziu revela que não era um autodidata, mas não conhecemos nenhuma pista sobre a sua aprendizagem. No entanto, tanto o estilo de construção como a presença, na época, de músicos italianos na Capela Real, sugerem esta influência estrangeira como uma boa hipótese. Existem cinco instrumentos deste construtor na colecção do Museu Nacional da Música (dois violinos, dois violoncelos e uma viola de arco). Há também um violoncelo que se encontra no Conservatório Nacional, um violino no Conservatório do Porto, e são conhecidos mais três exemplares em coleções privadas.
O violino MM 74 da colecção do Museu Nacional da Música é o instrumento mais recente deste grupo de sobreviventes (data de 1794), mas na etiqueta de um outro instrumento desta coleção (o violoncelo de 1797 do construtor Félix Dinis (?-1858), também em exposição, pode ler-se: Felis Antonio Dinis a fes em casa/da Viuva de Galram/ Anno de 1797.
Deduz-se assim que Galrão terá falecido entre 1794 (data de execução do seu instrumento mais recente) e 1797 (data do violoncelo da autoria de Felis Antonio Dinis).
Joaquim José Galrão é considerado o melhor construtor português de violinos e violoncelos do século XVIII.
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D. Luís, rei de Portugal (1838-1889), filho de D. Fernando, da Saxónia-Coburgo-Gota, e da rainha D. Maria II, subiu ao trono após a morte de seu irmão, D. Pedro V. Casou-se com a princesa Maria Pia de Sabóia. Dotado de sensibilidade artística, pintava, tocava piano e violoncelo, e compunha. Iniciou os seus estudos musicais com o Mestre Capela - Manuel Inocêncio Liberato dos Santos - incumbido do ensino da música aos infantes. Com o seu preceptor, o violoncelista visconde da Carreira, aprendeu violoncelo.
Nos serões musicais familiares, tão ao gosto do século XIX, tocava piano ou violoncelo, enquanto seu pai, D. Fernando, cantava. Deslocava-se muitas vezes ao teatro São Carlos para assistir a espectáculos de ópera e organizava com regularidade concertos no palácio da Ajuda, em que também se assumia como executante.
Como compositor, D. Luís deixou-nos algumas obras musicais: uma Avé Maria, uma Barcarola, uma Missa (a parte de violoncelo) e cinco valsas.
Parte do seu acervo instrumental encontra-se, hoje, no Museu da Música. São de realçar o violoncelo Stradivari, um harmónio e o piano de Liszt (vendido a D. Maria II e por ela doado a Manuel Inocêncio dos Santos).