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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu da Música
N.º de Inventário:
MNM 0024
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Instrumentos musicais
Denominação:
Trombeta Marinha
Autor:
Tywersus, França, 1530
Local de Execução:
França
Centro de Fabrico:
França - Lutetia
Datação:
1530 d.C.
Matéria:
Pinho de Flandres, osso, ferro, marfim
Dimensões (cm):
largura: l=991; comprimento: C=2032;c=1317;
Descrição:
Monocórdio friccionado, com cavalete batente com braço, friccionado com arco: Corpo trapezoidal ,com bojo de cinco costilhas. Tampo plano, em pinho de Flandres, tendo pintadas, ao centro, as armas de Lorena e na base, a Adoração dos Magos. Cavalete batente, com a perna direita apoiada numa placa de osso. Braço terminando em cabeça de criança, com cravelhame de cremalheira em ferro, para uma corda; nove trastos em osso e pestanas em marfim.
Incorporação:
Compra - Proveniente da Colecção Keil (aduirido pelo Conservatório Nacional aos herdeiros de Carvalho Monteiro)
Origem / Historial:
MNM 24 Trombeta Marinha A Trombeta Marinha é um cordofone friccionado. Este instrumento trapezoidal, conhecido desde o séc. XV, e em voga até meados do séc. XVIII, possuía inicialmente uma corda, passando mais tarde a duas. Dos dois exemplares que o museu tem na sua exposição permanente, é de realçar o instrumento francês, da autoria de Tywersus, luthier, propriedade dos Duques de Lorena no início do séc. XVI. Neste exemplar, o mais antigo da colecção do museu, encontramos duas datas relevantes: a de 1530, que corresponde à da construção do instrumento, e a de 1627, que será a da pintura do tampo harmónico. Este instrumento, segundo Alfredo Keil, provém da Capela dos Duques de Lorena, e com efeito, podemos ver a meio do tampo harmónico, o Brasão de Armas da capital do Grão-Ducado de Lorena, a cidade de Nancy, com uma inscrição latina de cada lado, traduzível da seguinte forma: “Que a tua voz leve para os céus a minha reza e os meus desejos”. Na base vemos a Adoração dos Reis Magos. Esta pintura, de grande expressividade religiosa, terá sido executada para o Duque de Lorena em 1627, por ocasião da Reforma Protestante, da qual os Duques de Lorena se demarcaram por serem católicos. Embora a origem do nome “trombeta marinha” não seja clara, muitos autores defendem tratar-se de uma má tradução da palavra “mariana”. Alguns desses autores são mencionados nas notas manuscritas do inventário de instrumentos de Alfredo Keil, o fundador da colecção que esteve na origem do Museu Nacional da Música, nomeadamente Mahillon, que acrescenta que a Trombeta Marinha era usada na Europa, nos séculos XVII e XVIII e, principalmente nos conventos de freiras, onde era empregado para executar a parte da trombeta, escrita para as pequenas orquestras. Keil resume assim a confusão: “(…)Não concordam certos auctores com a origem da designação de “marinha” que se junctou à palavra trombetta. Na Alemanha, onde este instrumento teve grande vóga, tinha o nome de Marieu Trompet (Trombetta de Maria). Talvez com a corrupção dos tempos, resultasse – Marinha (…)”.

Tipo

Descrição

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Iconografia

Não é vulgar a representação da Natividade, em épocas tão recuadas, ainda para mais num instrumento musical. O presépio, como o concebemos actualmente, com a Sagrada Família ( São José, Santa Maria e o Menino Jesus ), o boi e o jumento, os Reis Magos e os pastores, só começou a ser representado em lugares sacros, a partir do séc. XVI - de referir a curiosidade de este tipo de instrumentos ser geralmente de origem conventual. A 'leitura' feita desta pintura, mostra-nos, da esquerda para a direita, São José de pé, com um bordão na sua mão direita e a mão esquerda no seu peito, cabeça ligeiramente prostrada como que em oração, vestido com uma túnica branca, simbolizando castidade e santidade. Seguidamente vêem-se ajoelhando-se, três anciãos com túnicas de tons dourados e púrpura, em sinal de magestade - o ancião do meio trás nas suas mãos uma coroa em gestual de oferenda - são pois os três reis magos. A meio desta representação, por entre os dois reis magos mais próximos do Menino, surge a cabeça e parte de um corpo de um jovem que, pela sua aparência rude, suponho querer fazer alusão aos pastores a adorar o Menino. Por fim, numa mangedoura, por entre um halo de Luz, um Menino na sua Inocência dorme enquanto a seu lado direito, Santa Maria O contempla ajoelhada e com as mãos no peito em sinal de 'Graças'; enverga uma túnica vermelha e um manto azul, neste caso, símbolos de Amor Divino. Por trás de Santa Maria, quase que passando despercebidos, encontram-se a aquecer o Menino. Dr. Rodrigo da Camara Borges, 09/2002

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Heráldica/Insígnia

Brasão de Armas da Capital do Grão- Ducado de Lorena, remontando, de acordo com etiqueta presente no interior do instrumento, a 1627. ( Nancy (?) ). Por entre uma grinalda formada por duas ramagens de carvalho, unidas, representando o seu carácter cívico, encontramos o Brasão de Armas da Capital do Grão- Ducado de Lorena, em 1627, que pensamos tratar-se da cidade de Nancy. A leitura do Brasão de Armas é a seguinte: em escudo cortado, (dividido ao meio horizontalmente), temos na divisão inferior, sobre campo prateado, a verde o que parece ser a representação de uma ramagem de lúpulo ( Humulus Lupulus ) cuja grande aplicação na grande Europa se verifica desde o séc. XII na indústria da cerveja, e que coincide com uma das maiores riquezas que distinguem exactamente esta região; na divisão superior, temos a representação das Armas de Lorena, propriamente ditas, assim, temos na divisão superior, sobre campo de ouro, uma banda vermelha, carregada de três aleriões ( águias sem pés e sem bica) em prata. Como timbre tem uma coroa mural de 5 torres, dourada, razão pela qual se trata de uma cidade Capital de Estado,neste caso específico, do Grão-Ducado de Lorena. A pintura encontra-se em bom estado de conservação o que permite fazer uma leitura; aliás, é uma peça bastante curiosa pois, ao que parece, pela informação contida na etiqueta existente no interior do instrumento, terá sido executada em Paris ( Lutetia ), em 1530, por Tymersus, luthier dos Duques de Lorena no séc. XVI, e toda a sua iconografia, com uma pintura de grande expressão religiosa, representando a Natividade, terá sido executada especialmente para o Duque de Lorena, em 1627, época de grande conturbação no Grão-Ducado de Lorena, por ocasião da Reforma Protestante, e em que Lorena e seu Duque se demarcaram por serem católicos, tornando-se como que um pequeno reduto do Catolicismo, por entre regiões que rapidamente aderiram à Reforma Protestante, tendo inclusivamente recebido auxílio do Rei Católico de França. A casa de Lorena tem ainda a particularidade de ser uma Casa com ligações a quase todas as grandes Casas da Europa, tanto reais como das particulares, dela tendo procedido ao longo dos séculos nobres e reis de muitos países. R.C.B.

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