Museu:
Museu dos Biscainhos
N.º de Inventário:
2742 MB
Local de Execução:
Portugal (?).
Centro de Fabrico:
Portugal (?).
Datação:
1823 d.C. - 1828 d.C. - Cerca de 1823-1828.
Matéria:
Tecido de sarja de lã (?) com motivo geométrico axadrezado em tons de verde, castanho, cinzento e preto; tecido de cetim de seda em dois tons de verde; tecido de seda natural verde; fita de linho branco; fitilho de seda da mesma cor; cordão de algodão branco; colchetes metálicos.
Dimensões (cm):
altura: 115; comprimento: manga 56;
Descrição:
Vestido de uma peça, confecionado manualmente, em tecido de sarja de lã (?) com motivo geométrico axadrezado, em tons de verde, castanho, cinzento e preto.
O corpo desenha-se com cintura subida reforçada internamente por fita de linho branco, o decote é oval e avivado com debrum a tecido de cetim verde que se ajusta dorsalmente através de fio ou cordão de algodão branco, para o que se aplicou um fitilho de seda do estreito branco que acompanha aquele; na zona central anterior, inserção em viés de uma dupla série de seis guarnições de formato triangular, posicionadas de ambos os lados, debruadas a verde e realçadas por botões centrais alargando de baixo para cima e sugerindo o recorte de um V. A peça aperta na parte posterior através de dez colchetes metálicos e apresenta cinco falsos botões revestidos de tecido de cetim de seda. As mangas são largas em cima onde surgem de ambos os lados aplicações triangulares a cetim de seda verde claro, e são lisas e estreitas em baixo sendo avivadas no punho por banda de tecido de cetim verde acolchoada e debruada por anel relevado; são forradas a tecido de seda natural verde.
A saia é lisa na frente e nos lados e franzida dorsalmente; na bordadura da barra define-se uma ornamentação igual à do punho, com enchimento de pasta de algodão em rama, acima da qual se insere um friso de guarnições triangulares idênticas às do corpo embora em posicionamento vertical e enfiamento sequenciado.
Trata-se de uma peça de vestuário caracterizadora da transição da moda feminina do período Império para um época não menos famosa, a do Romantismo, sendo interpretada como traje pré-romântico, dado manter algumas das feições do primeiro (a cintura subida, a saia lisa, entre outros) mas projectar a busca de uma nova estética, referindo-se a título de exemplo, o padrão axadrezado.
O vestido em foco pertenceu a uma família da nobreza, os antepassados da Senhora Dona Maria da Purificação da Rocha Aguiã da "Casa da Ponte" de Arcos de Valdevez, e permite ilustrar o conhecimento entre a sociedade nobre e burguesa da região, dos ditames da moda feminina, predominantemente francesa, à semelhança da capital e da Europa da época.
Teresa d'Almeida d'Eça| MUSEU DOS BISCAINHOS
Incorporação:
Doação - Doação do Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz| Colecção Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam, da Casa da Ponte, Arcos de Valdevez.