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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu dos Biscainhos N.º de Inventário: 2367 MB Local de Execução: Europa (?) Centro de Fabrico: Europa (?) Datação: Presumivelmente de 1895 a 1925 Matéria: Tecido de seda verde-água pintada a guache em policromia; poalha de reflexos metálicos (pó de mica ?); papel "crepon" verde-água; madeira pintada de verde claro; argola metálica; aros de massa sintética ou marfim (?). Técnica: Pintura a guache em policromia e colagens de poalha decorativa- Dimensões (cm): altura: 20,7; largura: 34,6; comprimento: guarda 19,2; Descrição: LEQUE "BRISÉE" constituído por dezasseis folhas duplas, duas das quais guardas, em tecido de seda de cor verde-seco aplicadas sobre varetas de madeira lisa pintada a tinta de água de cor verde, fixadas atavés de um rebite firmado em dois ilhós, presumivelmente em matéria sintética (?), cor de marfim, e inserindo uma argola em metal liso.
Anverso: as folhas são concretizadas em forma de palmetas de recorte lobular, pintadas a guache nas cores branca, rosa, amarela, verde, e vermelha definindo uma flor de pétalas radiantes sendo pentafoliar a das guardas, avivadas no contorno por colagens de poalha decorativa de brilho metálico, pó de mica (?), observando-se ainda uma uma folha verde com realces a branco e vermelho que parte da base em direção ao elemento floral. O reverso é constituído por papel "crepon" ou "chiffon" estriado e, sugestivo de uma textura vegetal, na cor verde-água.
As varetas são unidas entre si através da costura de fio duplo de seda (?) branca que, passando pela parte central interna torna-se, por conseguinte, invisivel nas faces exteriores, e aprisionando as varas mas garantindo um pequeno comprimento igual entre si, o que proporciona a abertura harmoniosa do leque.
O presente modelo denuncia a evolução dos leques de penas de tradição muito antiga originária do Oriente. A temática floral situa a peça na temática da Arte Nova / Arte Deco e a sua construção simplificada que não obrigava ao recurso de operários altamente especializados e reprodutores de técnicas requintadas, remete para o período de decadência da indústria flabelista, pois que os mesmos, dado o forte golpe infligido a esta produção pela Revolução Francesa haviam-se espalhado pela Europa e perdido o impacto produtivo que haviam tido durante séculos.
No período que antecedera a I Grande Guerra, o leque como acessório obrigatório de moda começara a perder o protagonismo absoluto sendo gradualmente substituído por outros adereços. A mulher francesa elegante de 1911, o que significa a dama europeia, dado que a França mantinha a hegemonia da moda, usava bolsa e uma sombrinha para protecção do sol e para guardar pequenos objetos.
Glossário|
Anverso|Face principal do leque.
Argola|Peça circular ou semi-circular, geralmente metálica, lisa ou com ondulação e tratamento decorativos, fixada junto das duas extremidades do rebite por pequeno aro. Serve para a suspensão do próprio leque e, a partir do século XIX, foi utilizada para segurar cordão e borla.
"Brisé"|Palavra francesa para leque aberto ou quebrado. Leque constituído por varetas rígidas unidas na parte superior por um fitilho que permite a abertura do adereço, e fixadas na parte inferior por um eixo ou rebite rematado por aro de fixação
Folha dupla|Folha aplicada em ambas as faces do leque, o anverso ou parte anterior e o reverso ou lado posterior.
Rebite|Peça de forma cilíndrica, geralmente metálica, que funciona como eixo do leque, atravessando o orifício situado no fundo de cada vareta e, que juntamente com a folha ou o fitilho, permite a abertura destes artefactos.
Incorporação: Doação - Doação da Senhora Dona Maria Delfina Adelaide Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso.
Origem / Historial: Embora não nos encontremos na posse de documentação comprovativa da proveniência do espólio doado ao museu pela Senhora Dona Maria Delfina Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso, presume-se que o presente leque poderá ter pertencido a familiares da doadora dentro da funcionalidade e do período da datação.
Bibliografia | EÇA, Teresa de Almeida d' - "O leque, elo de civilizações. A colecção do Museu dos Biscainhos". MB /IPM, 2006., pág. - | Éventails. Poésies d'air, airs de poésie: Editions Communication et PR, BSI SA,, 2005, pág. - | SILVA, Maria Madalena Cagigal e - «Leques» in "Ensaios nº1". Lisboa: DGPC-Museu Nacional dos Coches, 1976, pág. - | VALENÇA, César - "Considerações a partir da Colecção de Leques do Museu Nogueira da Silva" in "FORUM". Braga: Universidade do Minho, 2001, pág. - | |
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