Origem / Historial:
Este desenho fazia parte da coleção do Dr. Joaquim Manso, jornalista fundador e diretor do "Diário de Lisboa".
Pintor e ilustrador, aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa e de cenografia no Conservatório Nacional de Teatro, Roberto Araújo (1909-1969) foi autor de cenários e decorações para várias companhias de teatro e filmes, como “O Pai Tirano” e o “Pátio das Cantigas”, depois de se ter iniciado com a peça “Divórcio”, de Ilda Stichini, em 1933.
Em 1934, ganha o 1º Prémio de Ilustração num concurso da Junta de Educação Nacional e, como bolseiro, visita Espanha, Bélgica e Alemanha. Foi professor na Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Em 1931, casase com a filha de César Porto, Manuela Porto (19121950), escritora, jornalista e atriz conhecida pelo seu ativismo na defesa dos direitos da mulher e opositora ao regime salazarista, sendo também colaboradora do jornal “Diário de Lisboa”.
Na esteira de seus pais, Araújo Pereira e Emília de Araújo Pereira, Roberto Araújo teve uma postura ativa contra a ditadura do Estado Novo, sendo muitas das suas obras protestos contra as medidas tomadas pela ditadura.
Ainda que não seja conhecida a motivação subjacente à produção deste desenho, destinando-se porventura a um fim ilustrativo ou cenográfico, ele aproxima-se deste intento de protesto, evocando um grito de revolta e tentativa de libertação, que remete ainda para a célebre pintura de Eugène Delacroix, “A Liberdade Guiando o Povo”, inspiradora da iconografia republicana de vários países, incluindo da portuguesa.