Origem / Historial:
Trabalho português de oficina regional. É uma das poucas imagens que, iconograficamente, inclui a representação do cavaleiro D. Fuas Roupinho, associando-o ao milagre de Nossa Senhora da Nazaré.
Conta a lenda que, em 14 de Setembro de 1182, quando D. Fuas Roupinho, alcaide-mor do castelo de Porto de Mós, andava à caça no Sítio da Nazaré, terá encontrado um veado (que seria o demónio disfarçado). Após uma desenfreada perseguição, no cimo do promontório, o veado cai no abismo sobre o mar e D. Fuas terá sido salvo miraculosamente por Nossa Senhora da Nazaré, cuja imagem se encontrava escondida numa gruta. Nesse local, em acção de graças, terá mandado construir a Ermida da Memória, onde ficou guardada a imagem em madeira (Virgem de Leite) que, segundo a tradição, fora construída em Nazaré (Palestina), transportada até espaço ibérico e teria sido trazida de Espanha pelo rei D. Rodrigo e Frei Romano, aquando a invasão árabe. Mais tarde, após o Milagre e com a crescente afluência de peregrinos ao Sítio da Nazaré, com a construção do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, iniciado no tempo do rei D. Fernando (séc. XIV), a referida imagem terá passado para este templo, onde ainda hoje é venerada.
Com a divulgação de vários milagres ocorridos por intercessão da Senhora da Nazaré, muitos peregrinos acorreram a esta localidade, não só o povo, nomeadamente mareantes, mas também reis e rainhas, membros da nobreza e do clero, que vinham junto da Virgem rogar protecção ou agradecer benefícios recebidos.
Expressão de religiosidade popular, realizam-se anualmente as "Festas de Nossa Senhora da Nazaré" que, ao longo dos tempos, tiveram lugar entre 5 de Agosto e 8 de Setembro, atualmente fixadas nesta última data. De notar que o dia 14 de Setembro, data em que teria ocorrido o milagre, nunca foi comemorado como dia principal das "Festas".
Ao longo dos séculos, as "Festas de Nossa Senhora da Nazaré" aliaram a vertente religiosa da programação pastoral (missas solenes, novenas, procissões, círios, ...) com o aspecto profano e popular, que se desenrolava em torno do Santuário e incluía grande variedade de divertimentos, como touradas, música, jogos, fogo-de-artifício e aglomeração de vendedores e comerciantes. Ainda hoje, não obstante algumas adaptações, se mantêm estas características.
De vários pontos do país, afluíam anualmente ao Santuário vários Círios, cortejos organizados por confrarias e irmandades, acompanhados de muitos devotos que, em romaria, se deslocam desde as suas paróquias para testemunharem a sua fé à "Senhora da Nazaré" e entregarem as oferendas em nome de toda a comunidade. Ainda hoje continuam a chegar Círios, sendo os mais importantes o da Prata Grande (da região de Mafra) e do Olhalvo.