Museu:
Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário:
1640 Mov
Autores:
Kano Naizen
Desconhecido
Datação:
1593 d.C. - 1601 d.C.
Matéria:
Madeira de criptómeria, papel de amoreira, pigmentos minerais e aglutinante, folha de ouro, laca negra, ferragens de cobre douradas.
Técnica:
Formados por um número par de folhas unidos por moldura articulada e por charneiras de papel. Sobre um engradado leve de madeira colavam-se sobrepostas folhas de papel de amoreira da mais espessa para a mais fina, até se obter uma superficie lisa e resistente, que irá receber decoração. Revestidos a folha de ouro, são decorados com pintura a têmpera. Reverso com decoração geométrica e estilizada.
Dimensões (cm):
altura: 178; espessura: 2; comprimento: 366,4;
Descrição:
Biombo articulado constituído por seis folhas, sendo o primeiro elemento de um par. Executado numa estrutura leve de engradado em madeira, coberta por sucessivas folhas de papel até se obter uma superfície uniforme onde vai ser aplicada a folha de ouro e a pintura. Debruado a seda, é rematado por moldura lacada a verde e protegida por ferragens em cobre lavrado. O reverso tendo fundo creme, é decorado por uma sequência de círculos sobrepostos decorados a negro com pares de aves de asas abertas dispostas em sentidos opostos, ao centro de cada sobreposição desenha-se igualmente a negro, um espaço quadrangular raiado tendo ao centro um quadrifólio.
Marcado com o selo de Kano Naizen, nele se desenrola da esquerda para a direita, a descrição visual que traduzia episódios das atividades religiosas e comerciais dos portugueses no Japão.
Neste biombo a nau é representada à direita, preparando-se para largar de um porto estrangeiro que provavelmente seria Goa, capital do Estado da India. A cidade é sugerida através de construções achinesadas por ser esta a arquitetura que ao pintor mais seria familiar dentro dos moldes estrangeiros. No entanto no que se supõe ser o Palácio do Vice-Rei, determinados pormenores como a cruz que coroa o telhado, o revestimento ladrilhado do chão, a forma de prender as cortinas ou ainda o desenho das portas remetem sem duvida para uma arquitetura de cariz português. É notória a agitação que decorre no porto e que se representa em dois temas: os que assistem à partida e os que se afadigam na nau ultimando os pormenores finais da largada. Assim, em terra dois elefantes ajudam a emprestar ainda mais exactidão ao local onde se desenrola a cena, um deles transporta um personagem importante, rodeado por elementos do seu séquito, mais à frente outro ilustre personagem protegido por parasol (suripano - cobiçado distintivo indiano), faz-se transportar de palanquim levado por vários serviçais. Mais além três personagens com seus para-sóis e sentados em cadeiras de tesoura acenam para a tripulação da nau. Outros grupos dividem as suas atenções entre a partida da nau e o tumulto provocado pelas correrias nos famosos cavalos persas ou árabes adquiridos em Ormuz.
As senhoras, embora com feições orientais estão vestidas à moda europeia, observam a cena no recato do interior do palácio ou ainda da sua varanda. Finalmente na grande nau, com seus estandartes festivos, perfeitamente caracterizada com três mastros grandes e garupés, altos castelos de proa e popa, munida de canhões de coberta, a atividade é intensa, marinheiros fazendo autenticas acrobacias nos estais controlam a partida, enquanto na coberta e no varandim de proa, se cruzam conversas, ordens e acenos de despedidas. Junto à grande nau que parte, de velas enfunadas e ancora recolhida, afasta-se igualmente um batel levando uma última visita ilustre.
Nesta composição que sobressai sobre um fundo de ouro só interrompido por alguns apontamentos de um mar singularmente calmo e negro, a sugestão de terra é feita unicamente num primeiro plano, por um rochedo e um arbusto e à esquerda por um alto e sinuoso pinheiro de finas ramagens.
Incorporação:
Compra - Transitou do Ministério das Finanças para o MNAA. Adquirido pelo ministro das Finanças Dr. Aguedo de Oliveira.