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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário:
7455 Cer
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Cerâmica
Denominação:
Garrafa
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
China, província de Jiangxi
Centro de Fabrico:
China, Jingdezhen
Datação:
XVII d.C.
Matéria:
Porcelana
Técnica:
Moldada e pintada a azul cobalto sob o vidrado
Dimensões (cm):
altura: 39,2; largura: 15,9; profundidade: 15,7;
Descrição:
Garrafa em porcelana decorada a azul e branco, com base quadrada. As faces da peça são rectangulares com as superfícies irregulares e o topo levemente arqueado. O gargalo cilíndrico, de pequenas dimensões, assenta sobre o ombro ligeiramente convexo. Este apresenta dois ressaltos. A garrafa foi moldada numa porcelana espessa, compacta e de elevada densidade. Do exterior, observa-se ao longo das arestas a “costura” formada pelos quatro tacelos de porcelana das paredes. A peça é revestida de vidrado azulado, à excepção da base, deixando ver o grão muito depurado da pasta. A pintura foi executada a azul de cobalto intenso e com aplicações de aguada, directamente sobre a pasta cerâmica, antes de ser submetida ao forno, para vitrificar. Embora com algum exagero formal, o modelo da garrafa inspira-se provavelmente em protótipos europeus, nomeadamente de garrafas holandesas, de vidro e de grés, com secção quadrada, usadas para transporte de bebidas alcoólicas e azeite, por via marítima, entre os séculos XVI e XVIII. Alguns especialistas consideram que o estilo da garrafa é muito mais próximo dos artigos para o mercado holandês do que para o português. No entanto, não é de pôr de parte a ideia de que a peça tenha sido resultado de uma encomenda para o mercado português, pelo facto de existirem garrafas com forma semelhante, ornamentadas com brasões de armas nacionais. O mesmo se verifica para com outras tipologias de porcelana com decoração de nítida inspiração holandesa mas com insígnias religiosas portuguesas. Talvez estes aspectos se expliquem pelas trocas comerciais que existiram entre os comerciantes de Macau e os de Batávia, cidade que foi o principal entreposto comercial holandês na Insulíndia. O programa iconológico apresentado é complexo e é exposto na peça em simetria dupla – face e contra face. Os elementos iconográficos remetem para as cenas relacionadas com a Paixão de Cristo. As quatro cenas narrativas são emolduradas por duplos rectângulos em que se enquadram remates em friso, com motivos vegetalistas e tulipas ao gosto europeu. A cena principal, apresenta no primeiro plano, três elementos iconográficos da mensagem cristã: o galo, o azorrague e o cão. No plano seguinte está representada a imagem da cruz com a escada apoiada no seu braço direito e a coroa de espinhos pendente, colocada na intercessão da haste vertical com os braços. Por detrás desta cena desenha-se uma sebe que subentende o início do Jardim místico, onde se encontram duas árvores tropicais, representadas em simetria com a cruz. O fundo, simbolizando o Céu, é preenchido por quatro libelinhas que sobrevoam a cruz. A iconologia desta cena está relacionada com a simbologia Cristã, no sentido de que a cruz vazia e a escada elevada parecem evocar a Descida da Cruz e o resgate do corpo de Jesus por José de Arimateia, na Sexta-feira da Paixão. As árvores tropicais, delineadas pela sebe, apontam provavelmente para as oliveiras do Jardim de Getsémani. O galo, aponta para o prenúncio da aurora dos Novos Tempos e ilustra a tripla negação de Jesus por S. Pedro (S. João, cap. 13, versículo 38). O azorrague, aparece como o instrumento do martírio e da flagelação da carne, que sofre a morte pela Fé. O cão, tem na sua boca uma tocha acesa como símbolo da Luz e da Esperança. Nas outras duas faces, outra cena narrativa em que agrupamentos de querubins ou anjos músicos (10) cantam e tocam tambores e trompas, no céu pleno de nuvens recortadas, sobre uma paisagem com uma montanha ao longe, no plano mais próximo, um rio ondulante sulcado por dois barcos e em primeiro plano, uma casa e um pagode, entre três ciprestes. Esta paisagem em perspectiva, parece remeter para o Domingo da Ressurreição e para o episódio bíblico do sepulcro vazio, evocando a alegria da Páscoa . O programa iconográfico adequa-se perfeitamente ao tempo celebrativo da Semana Santa, porém, as dimensões desta garrafa parecem excluir a hipótese de se tratar de um objecto para serviço sobre o altar, como recipiente do vinho e da água. No entanto, não privam a peça de ter sido utilizada no Culto, como reserva dos Óleos, na cerimónia da Bênção dos Óleos. Conhecem-se mais três exemplares semelhantes: um no British Museum, em Londres, outro no Musée Orbigny-Bernon, La Rochelle, França, e o terceiro numa colecção particular brasileira.
Incorporação:
Compra - Jorge Welsh Existe ainda outra garrafa igual na coleção particular de Jorge Welsh. (Inf. retirada dos "Caminhos da Porcelana" MAPM (1998: 164).
Origem / Historial:
Existe outra garrafa igual na colecção particular de Jorge Welsh. * Forma de Protecção: classificação; Nível de classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
 
     
     
   
     
     
     
 
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