MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
sábado, 4 de maio de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional de Arte Antiga
N.º de Inventário:
682 Esc
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Escultura
Denominação:
Pelicano (medalhão)
Autor:
Andrea Della Robbia
Local de Execução:
Itália; Florença
Oficina / Fabricante:
Della Robbia (dir. de Andrea Della Robbia ?).
Datação:
1485 d.C. - 1525 d.C.
Matéria:
Barro. Vidrado.
Técnica:
Escultura em baixo, médio e alto relevo. Cozida, policromada e vidrada.
Dimensões (cm):
diâmetro: 82;
Descrição:
Medalhão com a representação do Pelicano Eucarístico alimentando os filhos com o seu sangue trabalhado em baixo, médio e alto relevo. O medalhão é emoldurado por cercadura de folhas (pinheiro, louro...), pinhas e núcleos de opiáceas que correm no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio em oito feixes contínuos demarcados por tiras amarelas de caneluras. No tondo, de fundo azul e moldura interna de cordão amarelo, releva-se ao centro o pelicano de asas abertas que abrigam os cinco filhos que, do ninho, se alimentam do sangue que lhe escorre do corpo. O ninho tem como base um molho de folhas e frutos atado por uma filactera branca onde corre a inscrição, em capitais romanas, IVSTVS. VT. PALMA. FLOREBIT. ET. Policromia de azul, verdes, amarelo, branco.
Incorporação:
Transferência - Lisboa, Palácio das Necessidades (6495).
Origem / Historial:
Cf. 678 Esc. "O percurso destas peças até à sua entrada no Museu Nacional de Arte Antiga ainda hoje surge envolto numa aura de dúvidas. A primeira inventariação museográfica data de 1912-1913, com registo de proveniência e data de incorporação desconhecidas no caso do medalhão com as Armas Reais, e como transferência do Palácio das Necessidades, onde se guardava a colecção do Rei D. Fernando de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885) - marido da rainha D. Maria II -, relativamente ao Pelicano. A bibliografia ligou-os, porém, ao Mosteiro da Madre de Deus fundado em 1508 pela Rainha D. Leonor, viúva de D. João II (1481-1495), edificado ao longo dos anos 10 do século XVI e decerto já terminado em 1517, à data da recepção das relíquias de Santa Auta oferecidas pelo Imperador Maximiliano. Os medalhões Della Robbia juntar-se-iam à decoração de vincado gosto italianizante que a mecenas imprimia nas suas iniciativas. Em torno desta rainha reunia-se uma corte paralela à reinante, que constituiu um dos mais importantes círculos humanistas portugueses. As relações contínuas de D. Leonor com fundações pias na cidade de Florença, documentáveis tanto ao nível devocional como material, traduziram-se no intercâmbio de obras de arte que viria a motivar a vinda para Portugal de obras renascentistas tão significativas como a Bíblia iluminada pela oficina dos Attavanti, algumas imagens esculpidas em cera, e sobretudo um importante conjunto de medalhões cerâmicos da oficina Della Robbia. Deste grupo faziam parte quatro Evangelistas, que em data tardia ainda ornamentavam o claustro, um frontal de sacrário que também faz parte da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga, um medalhão com a Virgem e o Menino que, de acordo com a representação no Retábulo de Santa Auta (vd. cat...), se integrava na fachada do mosteiro. De acordo com estas informações fragmentadas, não é difícil reconstituir todo um programa que na primitiva igreja integrava os quatro Evangelistas, o Sacrário e os medalhões do Pelicano e das Armas Reais Portuguesas, estes com óbvias conotações heráldicas, funcionando como assinatura emblemática do acto da mecenas e da exaltação da memória do seu falecido marido. A carga simbólica destes dois medalhões é evidente. O medalhão 678 Esc representa as armas reais portuguesas mostradas por dois anjos tenentes aureolados que olham para os lados. É emoldurado por cercadura de folhas, frutas, pinhas e sementes de opiáceas e flores que correm no sentido dos ponteiros do relógio em sete feixes contínuos demarcados por tiras amarelas. O lado interno da cercadura é constituído por um círculo de óvulos e dardos. No tondo, o escudo de armas português com cinco quinas e bordadura malva de sete castelos, é encimado pela coroa real. De par com as Armas Reais Portuguesas, o Pelicano Eucarístico que D. João II tomou como sua empresa, surge a alimentar os filhos com o seu sangue. É emoldurado por cercadura de folhas, pinhas e sementes de opiáceas que correm no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio em oito feixes contínuos demarcados por tiras amarelas de caneluras. No tondo, de fundo azul e moldura interna de cordão amarelo, releva-se ao centro o pelicano de asas abertas que abrigam os cinco filhos que, do ninho, se alimentam do sangue que lhe escorre do corpo. O ninho tem como base um molho de folhas e frutas atado por filactera branca onde corre a inscrição, em capitais romanas, IVSTVS.VT.PALMA.FLOREBIT.ET. A alegoria do Pelicano é transposta da filosofia política do reinado do próprio D. João II cuja divisa era Pola Lei e Pola Grei. À semelhança do Pelicano que alimenta os seus filhos com o seu sangue, também o governante «alimentaria» a res publica. O medalhão com as Armas Reais Portuguesas, óbvio par do emblema anterior, ostenta o brasão real respeitando com rigor a reforma heráldica determinada por D. João II, em 1485: cinco escudetes de azul estão colocados em cruz e na vertical, cada um com cinco besantes de prata, numa bordadura vermelha com sete castelos de ouro. A datação do par de medalhões pode ser deduzida em função do programa edificatório e decorativo do Mosteiro da Madre de Deus (1510-1517). Assim, teriam sido produzidos no período em que na oficina florentina avultava a personalidade de Andrea, já contando com a colaboração do seu filho Giovanni. A última análise do trabalho escultórico dos medalhões dos Quatro Evangelistas, seguramente associados a este par, sugere a mão de Andrea no trabalho das cercaduras enquanto o modelado mais rico, plástico e profundo das figuras aponta para o estilo de Giovanni (Petrucci, 1998), justificando-se, por comparação, a mesma autoria." CARVALHO, Maria João Vilhena de; FRANCO, Anísio, "Armas Reais Portuguesas (medalhão) e Pelicano (Medalhão)", in Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Edições Inapa, 1999, cat. 46-47, pp. 130-131 * Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *

Bibliografia

VASCONCELOS, Joaquim de - "Medalhão em Faiança", in Arte Religiosa em Portugal, vol. II, Fasc. nº 14. Porto: Emilio Biel & Cia., 1914, pág. -

TEIXEIRA, José - D. Fernando II. Rei-Artista. Artista-Rei. Lisboa: Fundação da Casa de Bragança, 1986, pág. -

ATANÁZIO, M. C. Mendes - A Arte do Manuelino. Mecenas, Influências, Espaço. Lisboa: Editorial Presença, 1984, pág. -

Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola., Catalogo da Salas de Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando e da Excellentissima Senhora Condessa d’Edla Sala F. Lisboa: Imprensa Nacional, 1882, pág. -243, nº 28

SIMÕES, J. M. Santos - "Os «Della Robbias» do Museu de Arte Antiga", in João Couto, in memoriam. Lisboa: 1971, pág. -

GENTILINI, Giancarlo - I Della Robbia. La scultura invetriata nel Rinascimento. Milão: Cantini, 1992, pág. -

DIAS, Pedro - "Le Portugal et l'Art Italien à l'Époque des Découvertes", in Feitorias. L'Art au Portugal au Temps des Grands Découvertes (fin XIVe siècle jusqu'à 1548). Antuérpia: 1991, pág. -

ANDRADE, Sérgio Guimarães de - "A escultura dos séculos XV e XVI em Portugal", in Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento. XVIIª Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura do Conselho da Europa, Núcleo Arte Antiga I. Lisboa: 1983, pág. -

MOREIRA, Rafael de Faria Domingues - A Arquitectura do Renascimento em Portugal. A encomenda régia entre o MODERNO e o ROMANO, Dissertação de doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Lisboa: texto policopiado, 1991, pág. -

SANTOS, Reynaldo dos - "D. Leonor e a Arte", in Colóquio, nº 1. Lisboa: 1959, pág. -130-131

GOULÃO, Ana - "Medalhão com Pelicano Eucarístico", in No Tempo das Feitorias. A Arte Portuguesa na Época dos Descobrimentos, vol. II. Lisboa: IPM-CNCDP, 1992, pág. p. 280, cat. 72

SANTOS, Reynaldo dos - A Escultura em Portugal, Vol.II, Séculos XVI a XVIII. Lisboa: ANBA, 1950, pág. -

PETRUCCI, Francesca - "San Marco e San Giovanni". In I Della Robbia e l'arte nuova della Scultura Invetriata. Fiesole: 1998, pág. -

MACEDO, Diogo de - "Notas de Arte - Ressurgimento e descobrimento", in Ocidente, vol. VI. Lisboa: 1939, pág. -

MACHADO, Ana Maria R. T. X. de Basto Goulão - Esculturas Italianas em Portugal nos Séculos XV a XVI. Dissertação de Mestrado Apresentada no Instituto de História da Arte da Universidade de Coimbra. Coimbra: Texto policopiado, 1995, pág. -

GOULÃO, Ana - "Médaillon figurant un pélican nourrissant ses petits", in Feitoria. L¿Art au Portugal au Temps des Grands Découvertes (fin XIVe siècle jusqu`à 1548). Antuérpia: Europalia 91, 1991, pág. p. 124, cat.40

CARVALHO, Maria João Vilhena de; FRANCO, Anísio - "Pelikan". In Die grossen Sammlungen, VIII, Museu Nacional de Arte Antiga. Bonn: Kunst-und Ausstellungshalle der Bundesrepublik Deutschland, 1999, pág. 130-131

COUTO, João - "A arte italiana no Museu das Janelas Verdes" (conferência apresentada no Instituto Italiana de Cultura), in Estudos Italianos em Portugal, Nº 5. Lisboa: 1941, pág. -

LAVAGNINO, Emilio - L'Opera del Genio Italiano all'Estero. Gli artisti italiani in Portogallo. Roma: La Libreria dello Stato, 1940, pág. -

CARVALHO, Maria João Vilhena de; FRANCO, Anísio - "Armas Reais Portuguesas (medalhão) e Pelicano (Medalhão)", in Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa: Edições Inapa, 1999, pág. -130-131

CALADO, Rafal Salinas - "Medalhão com o timbre de D. João II", in Observador. Lisboa: 04/08/1972, pág. -

MECO, José - "A Azulejaria e a Cerâmica Escultórica nos Jerónimos", in Jerónimos. 4 Séculos de Pintura, vol. I. Lisboa: 1993, pág. -

Exposição Temporária de Algumas Obras de Arte do Museu das Janelas Verdes. Roteiro. Lisboa: 1942, pág. -

SOUSA, Ivo Carneiro de - A Rainha da Misericórdia na História da Espiritualidade em Portugal na Época do Renascimento, Tomo II, Dissertação de Doutoramento em Cultura Portuguesa Apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: Texto policopiado, 1992, pág. -

DIAS, Pedro - A Importação de Esculturas de Itália nos Séculos XV e XVI, 2ª edição. Coimbra: 1987, pág. -

SOUSA, J. M. Cordeiro de - "Os Medalhões Della Robbia do Museu das Janelas Verdes", in Boletim do Museu Nacional de Arte Antiga, vol. IV,nº 2: 1960, pág. -

GOULÃO, Ana - "Andrea Della Robbia", in No Tempo das Feitorias. A Arte Portuguesa na Época dos Descobrimentos. Lisboa: 1992, pág. p. 279

 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica