|
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arte Antiga N.º de Inventário: 1466 Pint Denominação: Virgem com o Menino e entre Santos e Anjos Título: Virgem com o Menino e entre Santos e Anjos Autor: Hans Holbein, o Velho Suporte: Madeira de carvalho Dimensões (cm): altura: 192; largura: 137,5; Descrição: A "Fonte da Vida" corresponde à designação pela qual é conhecido o quadro mencionado nos catálogos do Museu Nacional de Arte Antiga com o título "A Virgem, o Menino e Santos".
A pintura é dominada em segundo plano por um arco renascentista no qual se gravaram quatro inscrições latinas e que se encontra ladeado por anjos músicos que entoam louvores à Virgem. Em primeiro plano a composição é composta por um grupo de santas (da esquerda para a direita: Santa Ágata, Apolónia, Úrsula, Margarida, Bárbara, Doroteia, Catarina, Inês, Madalena e Genoveva) e, no centro, pela Virgem e o Menino. Atrás do trono em que se senta Nossa Senhora situam-se Santa Ana e São Joaquim. Incorporação: Outro - Transferência: Palácio das Necessidades (Lisboa)
Origem / Historial: De acordo com o que consta na pasta relativa a esta pintura, actualmente na sala de inventário do Museu, a história do quadro é a seguinte:
1519 - Data da realização da "Fonte da Vida" por Hans Holbein, o Velho, em colaboração com o filho na cidade de Basileia (ou em Isenheim, na opinião de Curt Glazer).
1628 - A pintura encontrava-se na colecção de Maximiliano I na Galeria do Palácio Eleitoral de Munique, tendo passado para a posse de Gustavo Adolfo após o saque à cidade, sendo depois transportada para a Suécia, provavelmente por Gustavo Hoorn, General do exército de Gustavo Adolfo.
1653 - Ainda na Suécia, passa a pertencer à rainha Cristina Vasa.
1654 (?) - A rainha oferece-o a D. João IV, o qual o dá de presente à sua filha. Esta, por sua vez, coloca-o na Bemposta.
Meados do século XVIII - A pintura é vista na Bemposta por Guarenti, que a atribui a um discípulo de Holbein, mais precisamente a Giovanni Holbein.
26 de Março de 1844 - O Conde Raczynski encontra o quadro na capela e lê a assinatura (cf. Lettres, 1846, p.295).
1846 - D. Manuel de Portugal e Castro, vedor da Casa Real, em carta datada de 6 de Fevereiro de 1846 pede informações relativas à pintura, sobre a qual tivera conhecimento através de um discurso de Francisco de Sousa Loureiro, director da Academia de Belas Artes.
7 de Fevereiro de 1846 - Nova carta do vedor pedindo a descrição do quadro ao Cónego, o qual responde a 10 do mesmo mês.
1855 - Nos termos do artigo 7º de uma lei de 18 de Junho deste ano, a pintura passa para a posse e usufruto da Casa Real.
1872 - Enviada a Dresden para figurar na exposição dedicada a Holbein, tendo sido então vista por Joaquim de Vasconcelos.
1913 - A "Fonte da Vida" é restituída ao Estado e entra no Museu das Janelas Verdes em 21 de Julho desse ano.
Podemos acertar um pouco mais estas informações:
A pintura foi encomendada pelo mercador de Augsburgo Georg Kningberger e pela sua mulher Regina para a capela familiar na igreja de S. Domingos daquela cidade. Nessa altura (1519) Holbein já se tinha mudado com o seu filho e colaborador Hans Holbein o novo, para o Alto Reno, tendo oficina em Basileia e Isenheim. A presença da obra na exposição de Dresden, em 1972, não permitiu apenas que fosse vista por Joaquim de Vasconcelos, mas também lançou um debate sobre a atribuição da pintura. Em 1874 Woltmann, considerando o colorido e os modelos inabituais em Holbein atribuiu a obra ao estilo de Gerard David e Vögelin achou ser de um artinsta dos Paises Baixos com formação italiana. Não pondo em causa a assinatura, que se veio a revelar verdadeira ou seguindo uma antiga grafia nas partes refeitas, o carácter mais "flamengo" que alemão da pintura tem levado os historiadores a assumir um contacto próximo (talvez uma viagem, ou parte do aprendizado) de Holbein com a arte flamenga.
* Forma de Protecção: classificação;
Nível de classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
Bibliografia | KEIL, Luís - "Um Retábulo de Hans Daucher, executado em 1520 para a Rainha D. Leonor, mulher de D. Manuel I", in Boletim da Academia de Belas Artes, Vol. XIV. Lisboa: 1945, pág. - | COUTO, João - "La Vierge, l'Enfant et Saintes par Hans Holbein", in 5ª Conferência Internacional de Restauro do ICOM. Lisboa: 1952, pág. - | FIDALGO, Maria Helena - "Hans Holbein (o Velho)", in Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento (catálogo da exposição). Lisboa: C.N.P.C.D.P., 1992, pág. - | BUSHART, Bruno - "Der «Lebensbrunnen» von Hans Holbein dem Alteren", in Sonderdruck aus Festschift Wolfgang Braunfels. Tubingen: 1977, pág. 52-55 | RACZYNSKI, Conde Atanazy - Les arts en Portugal. Lettres. Paris: Jules Renouard, 1846, pág. - | BUSHART, Bruno - Hans Holbein der Alters. Augsburgo: 1987, pág. - | VASCONCELOS, Joaquim de - Arte Religiosa em Portugal. Porto: Emílio Briel & Ca. Editores, 1914, pág. - | RUIVAL, Maria Julieta - "A Fonte da Vida de H. Holbein. Um Documento Iconográfico", in Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, 2ª série, Nº 19. Lisboa: 1963, pág. - | SOUSA, J. M. Cordeiro de - "A Fonte da Vida do Museu das Janelas Verdes", in A Família, Nº 2: Dezembro 1958, pág. - | MORAHT-FROMM, Anna - "Hans Holbein the Elder. The Virgin and Child with Saints and Angels before a Triumphal Arch ('The Fountain of Life') 1519" in Van Eyck to Dürer. Early Netherlandish Painting & Central Europe 1430-1530. Bruges: Lannoo, 2010 | RAU, Virgínia - Inventário dos bens da Rainha da Grã-Bretanha D. Catarina de Bragança. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1947, pág. 23 e 70 | KRAUSE, Katharina - Hans Holbein der Ältere. Munich & Berlin 2002, pág. 95-102 | MARTENS, Didier - "Entre l'Italie et les Flandres: la 'Virgo inter virgines' de Hans Holbein l'Ancien et ses sources, in Revue de l'Art nº 117 (1997), pp. 36-47 | |
|
|