Origem / Historial:
A análise desta peça tem estado sempre associada ao estudo dos outros dois cálices românicos provenientes de Alcobaça e expostos no MNAA. De facto as três peças constituem uma notável unidade, pelo equilibrado sentido das proporções e pelo depuramento formal, que reflete o gosto cisterciense pela contenção decorativa, e também o seu enquadramento tipológico dentro dos modelos constructivos do românico internacional.
Desta forma, mais do que o debate sobre o seu fabrico dentro dos muros do convento, ou a sua produção nacional por artistas laicos, o que se nos afigura como essencial é a forma como estas peças respondem por um lado aos princípios estéticos preconizados por Bernardo de Claraval e, por outro, a sua inclusão em fórmulas que podemos encontrar repetidas na ourivesaria europeia e mesmo, mais concretamente, no principal tratado cristalizador do saber românico - " Das Diversas Artes" do Monge Teófilo.
Recentemente Nuno Vassalo e Silva ligou este tipo de cálices alcobacenses à influência dos modelos de cobre que a partir de Limoges se espalharam por toda a Europa.
Embora no essencial esta tipologia fosse mais geral, existem paralelismos óbvios com o modelo limosino, sobretudo neste cálice, onde o formato gomado do nó e a estrutura geral do objecto, lembram as obras de Limoges, como o Cálice de Rusper do British Museum e um outro, quase igual, da colecção de Soclet de Bruxelas, ambos do segundo decénio do século XIII.
-"Inventário do Museu Nacional de Arte Antiga. Colecção de Ourivesaria. Do Românico ao Manuelino," IPM, 1995.
* Forma de Protecção: classificação;
Nível de classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
Revisto por L.Orey em 2007