Origem / Historial:
Não se sabe da origem remota desta obra. É provável que tenha sido destinada ao culto particular numa pequena capela palaciana da toscânia. A mais antiga referência à obra corresponde à sua entrada no mercado cerca de 1986, quando surge à venda pela mão do comerciante de arte florentino Mário Belini. A pintura foi então vista pelo historiador Miklos Boskovits. Dez anos mais tarde a pintura surge à venda em Espanha no leilão da Finarte (Madrid), de 26 de novembro de 1996, sendo capa de catálogo. A atribuição a Álvaro Pires e a datação de início do século XV é sustentada por uma referência à opinião do prof. Fillippo Todini. Dois anos e meio mais tarde, na exposição do Museo Nazionale di Villa Guinigi, em Lucca, intitulada (28 de Março-5 de Julho de 1998), intitulada "Sumptuosa tabula picta. Pittori a Lucca tra gotico e rinascimento", a tábua é referida numa entrada do Prof. Andrea de Marchi, sendo pela primeira vez publicada uma fotografia da pintura, fora dos círculos comerciais (cat. Da exposição citada, pag. 279, fig. 162). A propriedade é uma colecção privada de Florença, o que pode indicar que a obra acabou por não ser vendida em Espanha, embora este dado não seja seguro. Seis meses depois, em 16 de Dezembro de 1998, a pintura é de novo posta em praça, agora na Christie's de Londres. A atribuição do Prof. Filippo Todini é confirmada pelo Prof. Miklös Boskovits, que considera a pintura como obra inicial de Álvaro Pires, datável de c. 1410. A pintura é referida como " the property of a Gentleman", sem outra indicação. Em 31 de Janeiro do corrente ano de 2001 a pintura é pela primeira vez mostrada numa grande exposição internacional - a mostra "El Renacimiento em Mediterráneo: Viajes de Artistas e Itinerarios de Obras entre Italia, Francia y España en el Siglo XV", levada a cabo pelo Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid, onde figura no catálogo a páginas 230-232, com o nº 21, acompanhada por um aprofundado estudo do Prof. Andrea de Marchi. A exposição "El Renacimiento em Mediterráneo: Viajes de Artistas e Itinerarios de Obras entre Italia, Francia y España en el Siglo XV" é repetida no Museu de Belas Artes de Valencia entre 18 de Maio e 2 de Setembro deste ano. Em início de Novembro o Museu de Évora tomou conhecimento da possibilidade da pintura ser negociada por um comerciante português que contactou o seu director no sentido de lhe dar algumas informações sobre o pintor e sobre a peça. O vendedor acedeu em trazer a peça para Portugal, ficando a mesma depositada no Museu Nacional de Arte Antiga, para observações periciais onde são utilizadas análises químicas, de reflectografia de espectro infravermelho e visionamento à luz ultravioleta, em que participaram vários técnicos, o técnico de fotografia científica José Pessoa, entre outros técnicos do Instituto Português de Museus e do Instituto Português de Conservação e Restauro. Todas as análises efectuadas permitem concluir sem margem para dúvida da originalidade da peça e do seu excelente estado de conservação. No dia 21 de Novembro numa reunião com o Dr. José Roquette fica assente o princípio base da estrutura financeira de aquisição da peça. Em início de Dezembro foi assegurado o Mecenato para a compra da peça pela Herdade do Esporão e a Fundação Banco Comercial Português. A obra que hoje se vê sofreu algumas alterações em relação à primeira fotografia que foi dela publicada. Desapareceram nomeadamente duas colunas torsas que suportavam o arco gótico. Em meados de Dezembro a obra dá entrada no Museu de Évora, sendo-lhe atribuído o número de inventário 5082.
* Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *