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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Grão Vasco
N.º de Inventário:
982
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Escultura
Denominação:
Relicário
Título:
Santos Mártires de Sardenha
Autor:
Desconhecido
Datação:
XVIII d.C. - primeira metade do século XVIII
Matéria:
Terracota
Técnica:
Policromado
Dimensões (cm):
altura: 28 cm; largura: 19 cm; profundidade: 13 cm;
Descrição:
Relicário a meio corpo representando uma figura masculina, olhando ligeiramente para baixo, rosto liso e finos traços, de cabeça tonsurada e cabelos castanhos e ondulados. Traja um hábito negro com cogula, de pregas profundas e orlas douradas, com o capuz colocado na cabeça. Possivelmente portaria nas mãos algum atributo, eventualmente uma cruz, hoje desaparecida. No peito apresenta recetáculo, com moldura ovalada de volutas douradas, contendo uma relíquia cuja identificação é "SS[antos] MM[ártires] de Cardenha". Os braços estão fletidos, tocando a mão direita na base poligonal, de friso pintado com a identificação do relicário “SS[antos] | M[artires] De CARD|ENHA”.
Incorporação:
Outro - Fundo Antigo do Museu

Tipo

Descrição

Imagem

Iconografia

"Sobre os Mártires da Sardenha existe inúmera bibliografia desde o início do século XVII, sendo ainda uma matéria de estudo atual no âmbito da patrologia, da arqueologia e da história. Na verdade, a quantidade de estudos é de algum modo proporcional à dificuldade de estabelecer informações concretas sobre estes mártires, muitas vezes remetidos para lendas e “paixões” de Santos. Em termos gerais, podemos classificar estes “Mártires da Sardenha” como sendo um conjunto de fiéis da igreja primitiva, em número indefinido, na esmagadora maioria sem identidade conhecida, sendo ainda que nem todos são reconhecidos pela Igreja de Roma, pese embora as devoções locais serem muito arreigadas. Para perceber este fenómeno devocional na Sardenha é necessário ter em conta um pouco da História desta ilha, uma região relativamente pobre, dita pelos romanos como nefasta, e que serviu essencialmente como local de deportação de “criminosos”. As raízes do cristianismo na Sardenha remontam ao século I, no reinado de Tibério, no ano 37, ou mais provavelmente no reinado de Nero (54-68), quando se ordena o exílio de cerca de 4000 judeus, nos quais se contavam já alguns cristãos, como São Príamo (Santu Pilimu) e São Crescentino. Nos séculos II e III muitos outros cristãos foram deportados para esta ilha, entre os quais São Calisto (papa de 217 a 222) e São Ponciano (papa de 230 a 235). Entre os mártires sardenhos mais conhecidos, encontram-se os bispos São Bonifácio, bispo de Cagliari, que viveu num período anterior a Constantino e cujo túmulo foi redescoberto em 1617, na catedral desta cidade, mas também se referem em diversos martirológios outros “santos” de origem romana, como Emílio (ou Eliano), Félix, Príamo e Luciano; e ainda uma série de outros mártires encontrados, no início do século XVII, em catacumbas em redor das ruínas de antigos templos ou das catedrais das principais cidades sardenhas; bem como “mártires” da tradição bizantina ou cuja devoção é eminentemente popular e não aprovada por Roma, como o culto a São Constantino Imperador (Santu Antine). Do século IV avultam os nomes de Santo Efísio, militar grego que se converteu ao cristianismo de forma semelhante a São Paulo e que foi martirizado a 15 de janeiro de 303 na cidade sardenha de Nora. Também como “mártires da Sardenha” são conhecidos São Gavino, São Proto e São Januário, decapitados cerca do ano de 303, no tempo de Diocleciano, e cujas relíquias se encontram na catedral de Turris após terem sido redescobertas no século XII; e também São Lúcifer, Bispo de Cagliari, morto em 370 ou 371, um dos mártires mais venerados da Sardenha pese embora o seu estatuto canónico seja controverso (1). Um dos motivos que gerou uma maior efervescência ao culto dos santos mártires na Idade Moderna, prende-se não só com o espírito e as políticas da contrarreforma empreendidas pela Santa Sé, mas também pela ação política de Filipe III de Espanha (Rei da Sardenha) que dirimiu uma acesa questão religiosa entre Pisa e Cagliari, sendo que uma das formas de solução do problema assentou na “Invenção” ou descoberta das catacumbas dos proto-mártires cristãos em diversas cidades sardenhas e em especial da cidade de Cagliari, legitimando a supremacia desta diocese pela sua antiguidade e história religiosa. Há, aliás, nessa época, uma espécie de interesse arqueológico e histórico, que permitia à Igreja reviver uma parte considerável da Fé, assente nestes testemunhos físicos dos mártires, correspondendo a uma fase de transação massiva de relíquias na cristandade que prespassa os séculos XVII e XVIII. O presente relicário deverá conter a relíquia de um dos inúmeros mártires sem nome, encontrados nas catacumbas proto-cristãs. A sua iconografia remete para a figura de um monge possivelmente associado, mesmo que a posteriori, à Ordem de São Jerónimo, devendo-se esta asserção ao facto de muitos dos veneráveis mártires da Sardenha serem enunciados nos martirológios desta Ordem e por serem geralmente classificados de “mártires jeronimitas”. (1) São também “Mártires da Sardenha” dos primeiros séculos do cristianismo: Bárbara de Cagliari (venerada em Capoterra), Justa, Henedina, Justina, Edulcia, Saturnino, Antíoco, Polito, Lussório, Ciselo, Camerino e Eusébio, Simplício, Ponciano (Papa), Símaco, Crescentinus, Criscentianus, Crispolus, Emílio, Eutrópio (mártir jeronimita), Feliciano (mártir Jeronimita), Felix (?) (mártir Jeronimita), Gavino (mártir jeronimita), Januario (mártir Jeronimita), Luxurius, Primo (?) (mártir Jeronimita), Quadrado (?) (mártir Jeronimita), Quinto (mártir Jeronimita), Regulo (mártir Jeronimita), Rosula (?) (mártir Jeronimita), Salustiano (mártir Jeronimita), Simplicio (mártir Jeronimita), Stiabilo (mártir Jeronimita), Juvenal entre outros." Sergio Gorjão, Paula Cardoso

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