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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Grão Vasco
N.º de Inventário:
2187
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Pintura
Denominação:
São Lucas Evangelista
Autor:
Simão Rodrigues
Datação:
XVII d.C.
Suporte:
Madeira
Técnica:
Pintura a óleo
Dimensões (cm):
altura: 60; largura: 100;
Descrição:
Pintura representando São Lucas Evangelista, a meio corpo, sentado, de perfil. O santo apresenta-se de barbas, com túnica azul e manto com tonalidades alaranjadas, debruçado sobre uma mesa, com a mão esquerda sobre um livro aberto, e uma pena erguida na mão direita. Sobre a mesa um tinteiro. O boi, seu atributo iconográfico, representa-se do lado esquerdo.
Incorporação:
Transferência - Proveniente da Capela do Paço do Fontelo
Iconografia e Heráldica

Tipo

Descrição

Imagem

Iconografia

O Museu Nacional de Grão Vasco incorporou três grupos de pinturas provenientes do paço episcopal do Fontelo. Pela aparente cronologia do seu estilo «tardo- maneirista», são peças certamente executadas no âmbito das obras no paço promovidas por D. João Manuel, bispo de Viseu, entre 1610 e 1625. O prelado ordenou aí a total reedificação da capela de Santa Marta, dotando-a, como referem fontes antigas, de «três novos retábulos». A coincidência de número é, pelo menos, sugestiva, embora não consigamos determinar, apenas pela configuração do espaço interior da capela, a distribuição original de tais pinturas de altar nesse local. Os grupos são os seguintes: – Um retábulo de dupla face (Cat. 30), tendo como representações principais Cristo em Casa de Marta e Maria e Cristo no Horto sobrepujadas por um corpo, também de dupla face, com três repartições de pintura:Nossa Senhora do Pópulo e «Dois Anjos», de um lado, e Ecce Homo, S. Carlos Borromeu e S. Tomás Becket, do outro. [O retábulo não pôde figurar completo nesta exposição devido ao escasso pé-direito da galeria.] – Um par de painéis de idênticas dimensões e tipologia de representação: S. João Baptista e S. João Evangelista; S. Pedro e S. Paulo (Cats. 28 e 29). – Uma série de quatro painéis (inv. 2184, 2185, 2186 e 2187), cada um com cerca de 60 × 100 cm, representando os Evangelistas (S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João), que tem geralmente sido atribuída a Simão Rodrigues. São pinturas com assinaláveis qualidades, atendendo ao seu contexto epocal, local e mesmo nacional (particularmente o retábulo com os dois episódios evangélicos). O desenho das figuras é leve e fluido, buscando elegância nas formas arredondadas e nos gestos suaves das personagens; o colorido é claro e lu- minoso, sóbrio mas sem monotonia e, por vezes, algo requintado em alguns panejamentos; o espaço, sem grandes recursos de perspetiva, surge configurado com efeitos atmosféricos ou com o mínimo de adereços e referências iconográficas, destacando visualmente a presença e a «ação» doutrinárias das personagens. Constituem, porém, um nó górdio quanto à determinação da sua autoria. Alexandre Alves julgou ver nos painéis de dupla face a materialização do iluminador Estêvão Gonçalves Neto como pintor de retábulos. Todavia, defendeu a atribuição com argumentos inconsistentes, apontando como única possível razão para o regresso do abade de Cerejo à sé de Viseu, em 1618, o chamamento de D. João Manuel para a obra da capela de Santa Marta no Fontelo: «(…) necessitava de alguém, artista idóneo, que lhe pintasse os retábulos dos altares. E como, para o desempenho de semelhante tarefa, ninguém mais hábil achava que o seu antigo capelão, ausente em Cerejo, decidiu chamá-lo» (alves, Alexandre, 1994: 9). Esboçou ainda uma outra via de atribuição possível, procurando semelhanças entre as iluminuras do Missal Pontifical da Academia das Ciências e o retábulo do Fontelo – um caminho ingrato e muito subjetivo, mesmo que traçado com profundidade comparativa, dadas as diferenças de escala e de processos técnicos entre as duas categorias de pintura. Vítor Serrão, por seu turno, na sequência das suas investigações sobre Álvaro Nogueira, atribui agora este grupo de pinturas ao pintor de Penacova (ver texto de Vítor Serrão neste Catálogo). A atribuição suscita uma comparação aprofundada nesta direção, mas parece-me ainda mal amadurecida, embora se afigure muito provável uma mesma autoria para os três grupos de pinturas do Fontelo. Os retábulos de Pedrógão Grande (1606) e do Rabaçal (1608), obras de Nogueira cronologicamente mais próximas das obras do Fontelo, creio que não apresentam um modo de compor, um estilo de figuração e uma qualidade técnico-artística semelhantes às de Viseu. As exposições servem também para que se possibilitem e ensaiem novas leituras comparativas das obras que suscitam este tipo de problemas. Por isso juntamos, no mesmo sector da exposição, as pinturas do Fontelo (Cat. 28-30) com iluminuras de Gonçalves Neto (Cat. 41-46), com um painel de Álvaro Nogueira (Cat. 27) e com um outro de Simão Rodrigues/Vieira Serrão (Cat. 31), o qual representa o mesmo tema (Cristo no Horto) e tem uma composição semelhante a uma das faces do retábulo de dupla face do Fontelo. Trata-se de um contributo para que, pelo menos, o debate se aprofunde. José Alberto Saraiva Carvalho In “Além de Grão Vasco. Do Douro ao Mondego: a pintura entre o Renascimento e a Contrarreforma”

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