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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Grão Vasco
N.º de Inventário:
1034
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Escultura
Denominação:
Relicário
Título:
Santa Úrsula
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Portugal
Datação:
XVII d.C.
Suporte:
Madeira
Técnica:
Dourada, estofada e policromada
Dimensões (cm):
altura: 43; largura: 23; profundidade: 31;
Descrição:
Escultura de vulto pleno representando Busto-Relicário de Santa Úrsula, com receptáculo ovalado no peito contendo vestígios de tecido, protegido por vidraça. Na mão esquerda segura o Livro dos Evangelhos, fechado, e a mão direita (à qual falta o indicador) encontra-se pousada abaixo do relicário. Mãos fortes, algo grosseiras, sem modelação. Veste túnica cintada, decote redondo e manto posto pelo ombro esquerdo, que descai atrás em diagonal, da esquerda para a direita, dobrando à frente. Vestimentas estofadas e policromadas, apresentam motivos decorativos geométricos e vegetalistas estilizados. Cabeça emoldurada por cabeleira farta e ondulada, caindo em quatro grossas madeixas pelo peito e costas. Pequeno adorno em formato de bico-de-diamante colocado ao centro, na fronte da santa. Rosto arredondado, faces rosadas, olhos grandes amêndoados, boca pequena. Assenta em peanha rectangular alteada, moldurada, faltando as molduras da base e duas da parte superior.
Incorporação:
Transferência - Transferência do Arquivo das Congregações Religiosas com o número de ordem 132.
Origem / Historial:
Desconhece-se a datação precisa e a autoria desta obra. Contudo, por analogia, adivinham-se semelhanças notáveis com alguns dos 12 bustos relicários presentemente no acervo do Museu do Abade de Baçal (1), os quais poderão ser aqueles a que um documento de 1664 se reporta (2), nele se referindo o escultor e arquiteto moncorvense António Lopes de Sousa. A proximidade de Miranda do Douro à fronteira espanhola, as relações evidentes de encomenda de obras de arte religiosa em cidades fronteiriças, como Zamora, Salamanca ou Valladolid, influenciou determinantemente algumas oficinas em Freixo de Espada à Cinta, Miranda e Torre de Moncorvo, pelo que se denota uma sensibilidade estética e técnica não rara nas cidades e vilas da vizinha Espanha, porém um pouco mais estranhas à realidade beirã. Para o relicário de Santa Úrsula, hoje no Museu de Grão Vasco, são aplicáveis as conclusões reportadas aos relicários de Bragança, pressupondo-se que a execução da obra possa ser de meados do século XVII e até originária do mesmo centro de produção moncorvense. Santa Úrsula foi uma das santas mais populares na idade média, como o comprova a existência de diversas relíquias desta mártir (3). Esta tradição foi originada na Alemanha quando, no século XII, foi encontrada uma inscrição latina referindo “Virgo Ursula”, morta aos 18 anos, no local onde, no século V, se erigiu uma igreja dedicada às virgens que haviam sido martirizadas no tempo das perseguições de Diocleciano (285-305). Outra fonte, do século VIII, refere Santa Úrsula como guia das virgens martirizadas, o que fez com que a descoberta da lápide e da respetiva sepultura fosse vista como o corroborar desta tradição. Existem várias lendas referentes a Santa Úrsula. Uma diz que, sendo filha de um rei bretão, foi pedida em casamento por um príncipe pagão. Para casar-se impôs a condição do seu noivo se converter ao cristianismo e de acompanhá-la em peregrinação a Roma. Nesta cidade foi recebida pelo papa Siríaco, que lendariamente a acompanhou no regresso a Colónia, lugar onde Úrsula foi martirizada. Outra tradição diz que Santa Úrsula foi prometida em casamento a um nobre cristão, de seu nome Etério. Para o seu casamento empreendeu a viagem de barco entre a Grã-Bretanha e a Bretanha francesa, sendo acompanhada por um grande número de donzelas. Na travessia foram surpreendidas por uma violenta tempestade que desviou a embarcação para a zona dos Países Baixos. A partir daqui, subiram o Reno e aportaram à cidade de Colónia, onde uma horda de bárbaros as martirizou. Os corpos das donzelas martirizadas foram recolhidos por cristãos, sepultados e, nesse local, foi erigida uma igreja dedicada a Santa Úrsula e às virgens. Santa Úrsula é advogada contra as dores de cabeça e patrona das Irmãs Ursulinas que, em Veneza, em 1300, tinham uma casa piedosa de acolhimento de crianças órfãs. A sua festa litúrgica celebrava-se a 21 de outubro. É protetora das professoras e das raparigas e é invocada para se obter uma boa morte. Em 1969 foi-lhe suspenso o culto, considerando que os factos referentes à sua vida não eram substanciais. Notas: (1) Estes bustos foram incorporados no acervo do Museu em consequência da desamortização dos bens da Igreja após a implantação da República. Provavelmente foram mandados executar para a Catedral de Miranda do Douro, mas com a mudança de residência do Bispo para Bragança no século XVIII, provavelmente foram transferidos de Miranda e recolhidos na Igreja de São João Batista de Bragança. (2) In RODRIGUES, Georgina (2007), pp.183-184, refere-se um documento de 1664, assinado pelo cabido da Sé de Miranda do Douro com o pagamento de um retábulo e relicários ao escultor António Lopes de Sousa. (3) Ainda em Viseu subsiste outro relicário desta santa mártir (um busto que guarda parte do crânio), hoje no Tesouro da Catedral, o qual remonta à Idade Média.
 
     
     
   
     
     
     
 
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