MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
sexta-feira, 3 de maio de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0008
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche do Papa Clemente XI
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Roma, Itália.
Datação:
1715 d.C.
Matéria:
Madeiras; bronze; ferro; veludo de seda; tafetá de seda; cristal/vidro; linho;...
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho (rodados e estrutura) e de amieiro (esculturas)
Técnica:
Madeira entalhada, dourada e policromada; bronze fundido em molde, soldado, vazado e dourado; ferro forjado; cristal lapidado
Dimensões (cm):
altura: 287; largura: 228; espessura: 5,2 (rodas dianteiras e traseiras); diâmetro: 84 / 170 (rodas dianteiras e traseiras); comprimento: 658;
Descrição:
Coche de caixa octogonal aberta, com meias-portas munidas de pendões de veludo carmesim, montada sobre quatro rodas e suspensa de fortes correões dispostos obliquamente entre os ângulos inferiores e os montantes. Os eixos dos rodados estão ligados por um varal longitudinal levemente arqueado, reforçado nas extremidades por aros metálicos, onde é esculpido com motivos vegetalistas e mascarões; prolonga-se na parte dianteira do veículo por dois arcos de ferro forjado e dourado, ditos em "pescoço de cisne". Estes são canelados e possuem um nó central, oitavado e decorado com mascarões contrapostos (um feminino e outro masculino), para o qual confluem dois meios-balaústres lavrados com folhas de acanto. Todos os elementos estruturais e de sustentação foram pintados de vermelho e ouro. A caixa possui seis vidraças de cristal (?) lapidado, localizadas sobre os painéis da ilhargas e nos alçados traseiro e dianteiro da caixa. O sistema de suspensão é constituído por fortes correões de couro revestidosde veludo carmesim agaloado a ouro, e por quatro molas em ferro dourado. Os quatro correões externos que, dobrados, ligam as molas aos montantes, são reforçados por fina chapa metálica pintada de vermelho. Todo o correame (entre o qual se incluem dois pares de tesouras de segurança cruzadas à frente e atrás) possui fivelões de bronze dourado que revelam uma grande minúcia de trabalho e perfeição de cinzel, também patente nos respectivos fusilhões e passadores. As molas são formadas por dois grupos de dezasseis lâminas de tamanhos decrescentes, o superior arqueado em direcção à caixa e o inferior no sentido inverso. As "mãos", em bronze dourado e de perfil semicircular, reproduzem a decoração fitomórfica e de mascarões acima referida. Os resguardos das molas, recortados a partir de uma fina placa de bronze dourado, têm como principal elemento decorativo as armas reais portuguesas sobre "ferronerie", assentes em estandartes e sustidas por um querubim. A avaliar pelo formato do escudo, trata-se de um acrescento oitocentista, contemporâneo dos pendões das portinholas. No alçado traseiro, as Estações do Ano, dispostas duas a duas e representadas sob a forma de cariátides formam os montantes laterais: à esquerda, a Primavera e o Verão e, à direita, o Outono e o Inverno dando-se os braços. Cada uma das estações é identificada pelo atributo vegetal que lhe é característico e que se desenvolve em jeito de festão na face anterior dos pilares e nas respectivas coroas: a Primavera com flores várias; o Verão com espigas de trigo; o Outono com cachos de uvas e o Inverno com coroa de frutos sobre manto, tendo o festão sido substituído pelo braseiro. Ao centro do cabeçal, sobre a moldura inferior, a "Caridade" representada sob a forma de um querubim sorridente com coração flamejante na mão esquerda e a direita cruzada sobre o peito. Está sentado sobre um pequeno tapete vermelho lavrado, franjado e com borlas de ouro. Na moldura superior representa-se ainda sob baldaquino renascentista, uma delicada figura feminina com palma perlada. O eixo das rodas, bastante elevado e de secção rectangular, tem aparafusados à face posterior dois ganchos de ferro, o primeiro para encaixe da cremalheira moderadora de velocidade e o segundo para suspensão do calço em madeira de pinho, que não pertence originalmente ao carro. As rodas são constituídas por doze raios nivelados e ligeiramente oblíquos e por seis pinas recortadas no intradorso, unidas entre si por "gatos" de ferro e cingidas no extradorso por espesso aro metálico. Tanto os raios como as pinas são ornamentados com motivos a ouro, de entre os quais se destacam florões losangulares e duplas elipses contendo lisonjas de vértices boleados. A decoração é mais simples e esquemática no reverso das rodas. A massa tem a particularidade de ser bastante alongada e tubular, servindo de suporte a uma decoração de cariz geométrico e vegetalista. Os apainelados da caixa, de fundo dourado, são ornamentados com motivos arquitectónicos e de grotescos em tons de verde escuro e negro. Ao centro dos painéis das ilhargas destaca-se um medalhão oval vazado, onde se inscreve a figura alegórica da "Abundância". No painel dianteiro representa-se o carro de Apolo destruindo o Mal (metáfora imagética à vitória da Fé sobre o mundodas trevas), encimado por coroa real (da monarquia lusa) e atreladoa duas parelhas. No painel oposto, a fonte de Vénus ladeada por sereias: em baixo,distinguem-se dois grifos e, num plano superior, dois medalhões com a representação do deus do Amor. Os pendões das meias-portinholas dissimulam os estribos de acesso ao interior e têm bordadas a ouro as armas reais portuguesas da época de D. Pedro V. Estes estão suspensos de um parapeito de madeira articulado à caixa por meio de charneira e são compostos por três panos distintos: dois rectangulares e contrapostos, que descem ao nível do parsevão, e o terceiro de recorte polilobado, voltado para o exterior. Para que os pendões permaneçam devidamente esticados, do referido parapeito flui uma haste cilíndrica em ferro forjado, revestida de veludo e disposta obliquamente de forma a ligá-lo ao pé-direito, onde encaixa numa anilha dourada. Os puxadores de palheta, em bronze maciço, têm muletas ovaladas, definidas por dois delfins de caudas entrelaçadas e rematadas por um mascarão central: arrancam de um suporte que reproduz uma cabeça de leão. Sobre cada uma das portinholas fictícias, foram colocados dois terminais de bronze, em forma de urna. Adossados aos ângulos externos, na metade inferior da caixa, encontram-se meios-colunelos facetados e lavrados, sobrepujados pela cabeça de Medusa, parcialmente velada pela sanefa polilobada do guarda-lama. Este circunda a caixa e é revestido de veludo carmesim (duas tonalidades distintas) bordado e agaloado a ouro. O bordado desenha pequenas rosetas - uma em cada lóbulo - e no rebordo superior o estreito galão de ouro descreve uma sucessão de lisonjas pontuadas por pequenos botões semiesféricos em bronze cinzelado, em tudo idênticos aos que contornam os vãos das janelas. Para fixação das molas de suspensão e respectivas "mãos", dos cantos inferiores da caixa fluem quatro volutas sobre as quais repousam outros tantos "putti" de vulto redondo. Em cima, junto aos ângulos truncados da caixa, representam-se em vulto redondo as Quatro Partes do Mundo, assentes sobre mísulas decoradas com uma cabeça de leão de cuja boca flui um escudo italiano coticado em faixa. Na ilharga anterior direita, a América, seminua, com arco e cocar de plumas, repousa o pé direito sobre uma cabeça antropomórfica em vias de ser trespassada pela flecha erguida. Diametralmente oposta, a África, com o seu atributo característico: a cabeça de elefante. Também à esquerda mas na ilharga posterior, encontra-se a Ásia, trajando ricas vestes e jóias, com um perfumador na mão direita, flores e frutos exóticos na esquerda e os pés assentes sobre um turbante e um pavês. A Europa, na ilharga anterior direita,traja ricas vestes e apresenta-se coroada (coroa do poder temporal), tendo aos pés um elmo: na mão esquerda ostenta a tiara papal sobre coroa aberta e, na direita, a cornucópia da abundância. A cornija, côncava e saliente, tem entalhadas nos vértices duas conchas sobrepostas, enquadradas por dois querubins esvoaçantes, de vulto perfeito. No alçado dianteiro, o escabelo tem a forma de uma concha gigantesca, ladeada por dois hipocampos, um magnífico trabalho em talha dourada quer pela correcção das formas, quer pelo sentido de movimento. Este assenta directamente sobre a chamada "quinta roda" que atravessa o eixo do rodado, sendo composta por duas peças circulares sobrepostas: a superior plano-convexa e a inferior recortada em ziguezague rectilíneo (grega). A decoração, em alto e baixo-relevo, é constituída por flores, motivos eucarísticos ou tradicionalmente associados à Igreja católica, tais como parras, romãs e açucenas. Os montantes que sustentam o banco do cocheiro assumem a forma de robustas cariátides assentes sobre pilares ornamentados com festões. A almofada de couro castanho, repousa sobre uma rede do mesmo material e é coberta por saia de veludo carmesim liso, forrado de linho cru; esta é constituída por cinco panos distintos - um para o tampo e os restantes para as abas -, franjados e agaloados a ouro. As rodas dianteiras são formadas por dez raios nivelados e por cinco pinas, cingidas por espesso aro de ferro atravessado por minúsculas cavilhas. Distinguem-se das rodas traseiras pelas dimensões e pela decoração das pinas,em que o florão dourado cedeu lugar a uma segunda elipse dupla. Tal como nas rodas posteriores, também nestas o aro de ferro possui pequenas cavilhas pouco proeminentes, em número proporcional ao das pinas e a elas fixo por meio de parafuso e porca quadrangular. São visíveis as marcas deixadas por antigos restauros efectuados ao nível da douradura das esculturas do jogo dianteiro (pintura dourada sobre folha de ouro). O balancim maior, assente sobre o timão, é rematado nas extremidades por cabeças de dragão, junto às quais possui dois encaixes quadrangulares que dão passagem às argolas de couro revestidas de veludo, que sustentam os balancins mais pequenos. Também estes têm a forma de balaústres e são pintados de vermelho e ouro. O tejadilho, montado a partir de uma estrutura de asnas semicirculares cruzadas, é forrado de veludo carmesim agaloado a ouro, desenhando o galão uma cercadura geométrica e florão central. Possui oito terminais ou maçanetas periformes, em bronze maciço, revestidas de veludo carmesim agaloado e franjado, axialmente dispostos em relação aos pés-direitos das portinholas e às ilhargas da caixa. O interior da caixa é revestido de veludo de seda carmesim, que cobre uniformemente o tecto, os bancos e o parsevão. Para além dos habituais assentos de dois lugares, este coche possui dois pequenos bancos giratórios de recorte semi-elíptico, dispostos paralelamente em relação às portinholas. Fixas aos ângulos internos da caixa e aos pés-direitos das portinholas (um par em cada), encontram-se oito cortinas do mesmo material, franjadas e bordadas a fio e lâmina de ouro, com forro de tafetá de seda carmesim. O bordado resume-se às orlas das cortinas e desenha um friso de pequenos elementos flabeliformes, usuais na primeira metade de Setecentos. Estas são cingidas por meio de um fino cordão de ouro, terminando em borla franjada, idêntico ao que contorna os bancos. O tecto é profusamente decorado com galão e franja de ouro, descrevendo aquele um friso de trifólios e palmetas e, ao centro, um amplo motivo geométrico preenchido por roseta e flores-de-lis. O perímetro é definido por pregaria dourada e cinzelada. No exterior as lanças (lança nº6), acessório da viatura, varal de madeira que faz a ligação/ encaixe (neste caso paralelos) entre a estrutura do veículo e atrelagem dos animais.
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Segundo a tradição, este coche "à romana" foi oferecido em 1715 pelo Papa Clemente XI a D. João V (por intermédio do Núncio Extraordinário, D. José Firrau), servindo para transportar as "Faixas Bentas" que seriam utilizadas na cerimónia de baptismo do Príncipe do Brasil, D. José. Esta homenagem, prestada pelo sumo pontífice aos principais representantes do poder temporal, foi instituída por Clemente VIII que, deste modo, agraciava os primogénitos dos reis católicos. Consta ainda que, em 17 de Fevereiro de 1717, o coche serviu para a entrada pública do primeiro Patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, que nele viajou desde a Igreja de S. Sebastião da Pedreira até ao Mosteiro de Santa Marta. A vinda deste coche para Portugal terá influenciado, inevitavelmente, os construtores nacionais de viaturas, como se pode avaliar por dois exemplares de fabrico português pertencentes ao espólio do M.N.C.: o Coche "da Mesa" (nº invº 13), com a sua caixa octogonal, e o coche de D. José I (nº invº 22), no que concerne a decoração pictórica dos apainelados. As notícias mais antigas referentes à localização deste coche datam do segundo quartel de Oitocentos e situam-no nas Reais Cocheiras do Calvário, em Lisboa. Em 1875, encontrava-se já depositado nas Reais Cocheiras da Calçada da Ajuda, aí estabelecidas dois anos antes. Em 1904, concluídas as obras de adaptação do antigo Picadeiro Real de Belém, foi transferido para as futuras instalações do Museu dos Coches Reais, então Depósito I da Repartição das Reais Cavalariças. Ao longo do século XIX, este coche serviu em diversas cerimónias da corte: - Baptizado da Infanta D. Antónia, 8 de Abril de 1845 - Funeral do Infante D. Leopoldo, 8 de Maio de 1849 - Funeral da Infanta D. Maria, 4 de Fevereiro de 1851 - Funeral de S. A. Imperial, D. Maria Amélia, Abril de 1853 - Funeral da rainha D. Maria II, 17 de Novembro de 1853 - Festejos do Casamento de D. Pedro V e D. Estefânia, 18-20 de Maio de 1858 - Funeral da rainha D. Estefânia, 18 (?) de Julho de 1859 - Funeral de D. Pedro V, 12 de Novembro de 1861 - Casamento de D. Luís I, 6 de Outubro de 1862 - Funeral da Infanta D. Isabel Maria, 23 de Abril de 1876 - Funeral de D. Fernando II, 16 de Dezembro de 1885 - Casamento de D. Carlos e D. Amélia de Orléans, 22 de Maio de 1886 - Funeral de D. Luís I, 20 de Outubro de 1899 - Aclamação de D. Carlos I, 28 de Dezembro de 1889 - Funeral da Imperatriz do Brasil, D. Maria Cristina, Janeiro de 1890 - Funeral de D. Pedro II, Imperador do Brasil, 13 de Dezembro de 1891 - Visita oficial de Eduardo VII de Inglaterra, Abril de 1903 - Visita oficial de Afonso XIII de Espanha, 10 de Dezembro de 1903 - Visita oficial do Imperador Guilherme II da Alemanha, 27 de Março de 1905 - Visita oficial do Presidente Francês, Emile Loubet, 27 de Outubro de 1905 - Uma Embaixada Portuguesa do Século XVIII / Festejos da Cidade de Lisboa, 28 de Janeiro de 1934.
 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica