MatrizNet

 
Logo MatrizNet Contactos  separador  Ajuda  separador  Links  separador  Mapa do Site
 
sexta-feira, 3 de maio de 2024    APRESENTAÇÃO    PESQUISA ORIENTADA    PESQUISA AVANÇADA    EXPOSIÇÕES ONLINE    NORMAS DE INVENTÁRIO 

Animação Imagens

Get Adobe Flash player

 


 
     
     
 
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0004
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche dos Patriarcas (Casa Real)
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
França.
Datação:
1660 d.C. - 1685 d.C.
Matéria:
Madeiras; ferro; bronze; couro; brocado de veludo; tafetá de seda; veludo de seda; tecido de algodão; beatilha; fio e galão de ouro
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho (rodados e estrutura)
Técnica:
Madeira entalhada, policromada e dourada; pintura a óleo; ferro forjado, pudelado e dourado; bronze fundido em molde, levantado e dourado; veludo de seda lavrada e espolinada a fio de ouro; veludo cortado
Dimensões (cm):
altura: 275; largura: 207; espessura: 6,5 (rodas dianteiras e traseiras); diâmetro: 82 / 172 (rodas dianteiras e traseiras); comprimento: 675;
Descrição:
Coche de caixa fechada montada sobre quatro rodas e suspensa de fortes correias de couro dispostas obliquamente, com quatro molas de suspensão em ferro forjado. A caixa, baixa e mais estreita na base, possui sete vidraças de diferentes tamanhos, uma no alçado dianteiro e as restantes nos alçados laterais. Assenta sobre um varal longitudinal de secção rectangular e arestas arredondadas, pintado de vermelho e reforçado nas extremidades com três aros metálicos. Na parte anterior do veículo, o varal prolonga-se por dois arcos ditos em "pescoço de cisne", que o ligam à "quinta roda"; têm ambos secção octogonal e, ao centro, um nó oitavado e plano com moldura encordoada, da qual irrompem duas flores estilizadas e contrapostas. Pelo contrário, na traseira da viatura, o varal bifurca-se em duas vigas de base quadrangular e remate octogonal, que atravessam o eixo em toda a sua largura. Estas vigas são decoradas com festões dourados e apresentam-se corroídas pelo caruncho. O sistema de suspensão é constituído por fortes correões de couro castanho avermelhado pespontado a branco (elipses e lisonjas, em alternância) e por quatro molas de aço laminadas, intercaladas entre os vértices inferiores da caixa e as correias. São formadas por dois grupos de lâminas sobrepostas de tamanhos decrescentes, seis no superior, arqueadas na direcção da caixa, e oito no inferior, orientadas no sentido oposto. O coche possui ainda dois pares de tesouras cruzadas - um à frente e outro atrás -, ligadas respectivamente ao banco do cocheiro e ao cabeçal traseiro, estas últimas passando sob os correões de suspensão; das primeiras pendem cordões com doze borlas de seda carmesim, atributo dos Cardeais. Os fivelões, em bronze dourado, são ornamentados na face superior com mascarões, folhagem diversa e a cabeça de Medusa remantando os respectivos fusilhões. Os resguardos das molas de suspensão, em bronze dourado, são ornamentados com a figura alegórica da "Abundância", tendo nas mão uma cornucópia repleta de espigas de trigo. Esta figura caracteriza-se pela incorrecção dos traços, que lhe conferem um aspecto grosseiro, sendo de notar que no resguardo anterior esquerdo esta se apresenta incompleta. Soldadas aos respectivos resguardos encontram-se as argolas ou "mãos". No cabeçal traseiro, os montantes são formados por dois atlantes barbados e cobertos por peles de leão (Decoro ?) que sustentam a moldura superior, dominada por medalhão circular, moldurado e convexo, do qual fluem dois festões de folhas de carvalho e landes (símbolo da estabilidade dos impérios). Aquele é sobrepujado por um mascarão disforme, assente sobre duas volutas vegetalistas, enquanto uma moldura gomada delimita superiormente as extremidades. As rodas deste carro datam do século XVIII, sendo as traseiras constituídas por doze raios e seis pinas cingidas no extradorso por um espesso aro de ferro, segmentado e munido de pequenas cavilhas semiesféricas que se fixam no intradorso. O eixo do rodado, de secção rectangular, é pintado de vermelho com ornatos de ouro, como todo o "chasssis" e estrutura de sustentação da caixa. Na face posterior do mesmo, encontra-se um mascarão em alto-relevo. As vigas que prolongam posteriormente o varal apresentam-se corroídas pelo caruncho, actualmente inactivo. O supedâneo ("tábua") para o moço da tábua, adossado ao cabeçal traseiro, é estreito e alongado, apresentando-se ornamentado com entalhes de cariz vegetalista na face interna e sendo contornado por encordoado. O jogo dianteiro é constituído pelo rodado, cabeçal, "quinta roda" e escabelo, bastante proeminente e oblíquo. Este último é contornado por cercadura gomada com sanefa e rematado por imponente mascarão; na face interna desenvolve-se uma composição vegetalista em baixo-relevo, dominada por duas palmetas separadas por meia-cana irregular que servia de apoio aos pés do cocheiro. As rodas dianteiras, idênticas às traseiras mas de menor diâmetro, têm oito raios nivelados na base e ligeiramente contracurvados. Os montantes que sustentam o banco do cocheiro reproduzem fielmente os do cabeçal traseiro. Dos ângulos superiores da caixa, como que sustentando o tejadilho, destacam-se quatro "putti" escultóricos sentados em mísulas, tendo à cabeça açafates com flores e frutos (atributos da "Providência"); mais abaixo, sensivelmente a meia altura da caixa, torsos femininos com diadema e grinaldas. Os ângulos inferiores da caixa são marcados por quimeras de vulto perfeito. A pintura do painel traseiro representa, provavelmente, a "Virtude" em trono de nuvens, rodeada de anjos e outras figuras femininas que lhe oferecem os atributos: coroas de louros, grinaldas, uma coroa real e um ceptro. Pintada sobre fundo dourado, a composição alegórica desenvolve-se segundo os contornos de um triângulo, sendo delimitada por cercadura reticulada de fundo verde claro, da qual partem diversos ornatos fitomórficos que se estendem pelo campo central. Nos apainelados laterais estão representadas as Quatro Partes do Mundo: na parte anterior, a África e a América, respectivamente à direita e à esquerda da caixa. A primeira é representada por figura masculina negra, seminua e com cocar de penas exóticas, acompanhada por uma criança africana montada num elefante; a segunda, igualmente seminua, tem leão aos pés e, a seu lado, um querubim representado a 3/4, com flecha na mão esquerda. Nos apainelados posteriores, pela mesma ordem, a Ásia acompanhada por um homem asiático e por um camelo, tendo na mão direita um perfumador, e a Europa, com cavalo, ceptro e coroa aberta, a ser coroada de louros por um querubim. Todas estas figuras foram representadas sob baldaquino circular, sustido por ave fantástica, elementos decorativos estes que têm por função o preenchimento do canto superior mais avançado dos painéis. A portinhola direita é decorada com as armas reais portuguesas em escudo oval, pintadas sobre cartela e encimadas por coroa fechada; têm por tenentes as figuras alegóricas da "Caridade" ("Esperança", segundo Keil, 1943) e da "Fama", sentadas sobre base rectangular ornamentada com baixos-relevos figurativos. O todo é sobrepujado por baldaquino circular e circundado por querubins e pela figura etérea da "Glória" tocando trombeta. Na portinhola esquerda, a composição pictórica é em tudo semelhante à acima descrita, com excepção do brasão de armas. O escudo prelatício sobrepõe-se às armas reais, tenmdo sido mantido por ocasião do restauro. A ladeá-lo encontram-se as figuras da "Vitória da Nação Portuguesa" e da "Paz", aquela trajando de vermelho e verde com uma espada desembainhada e os pés assentes sobre um homem vergado e acompanhado de serpente, símbolo do Mal; a segunda apresenta-se desnuda, com diadema raiado e pomba branca no braço. O painel dianteiro repete o brasão prelatício encimada por tiara e sobrepujado por coroa condal. É sustido por duas figuras alegóricas: à esquerda, a "Esperança" (de verde, com âncora) e à direita uma outra de difícil leitura porque representada de costas e a três quartos. Sobre o conjunto, baldaquino. O tejadilho, convexo e montado a partir de uma estrutura de asnas semicirculares cruzadas, é revestido de couro negro com aplicações de bronze dourado formando um largo friso de cariz vegetalista e um florão central, pleno de movimento. Tem rebordo polilobado, cada lóbulo contendo um florão em bronze recortado e cinzelado; a cornija que o sustenta tem entalhado um friso de palmetas. Possui quatro terminais metálicos em forma de urna clássica, profusamente lavrados e dispostos nos vértices. Dos terminais posteriores pende uma longa fita carmesim, dobrada e rematada por borlas franjadas. O interior da caixa é revestido de brocado de veludo carmesim sobre fundo de ouro (fio laminado e crespo), com decoração floral tipicamente seiscentista. As almofadas dos bancos são revestidas a veludo liso moderno, agaloado a franjado a ouro, montado sobre um forro interno de damasco do século XVIII. As cortinas, em número de quatro, são de tafetá de seda vermelha bordado a ouro, formando pequenos ramos, rosáceas e abelhas; são ainda contornadas por fiada de pequenas borlas de seda carmesim. O parsevão é também ele forrado de veludo liso carmesim, sobre o qual foram aplicados fino galão e pregaria dourada. A saia do banco do cocheiro não pertence a este coche, sendo de damasco carmesim, agaloado e franjado a ouro. É constituída por cinco panos autónomos, um para o tampo e os restantes para as abas laterais. É o exemplar mais antigo da colecção do Museu com todas as inovações técnicas que caracterizam os coches: ligação do eixo dianteiro à viga através de dois arcos de aço e ligação da caixa através de molas de suspensão. Estas estão cobertas com uma placa de bronze com Espagnolettes, figuras femininas. No exterior as lanças (lança nº5), acessório da viatura, varal de madeira que faz a ligação/ encaixe (neste caso paralelos) entre a estrutura do veículo e atrelagem dos animais. reclinadas.
Incorporação:
Transferência - Paço Patriarcal de S. Vicente de Fora, Lisboa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Este coche pertenceu, originalmente, à Casa Real Portuguesa, como se verifica pelos escudos das portinholas desvendados por ocasião da campanha de restauro efectuada na década de 1940. Às armas reais foram-se sobrepondo, ao longo dos anos, os brasões prelatícios dos Patriarcas de Lisboa, legítimos proprietários desta viatura a partir de finais de Setecentos. O programa iconográfico da caixa está em perfeita consonância com o Portugal de finais de Seiscentos. Assim, a figura alegórica da "Abundância" que decora os resguardos das molas de suspensão, ostenta uma cornucópia repleta de espigas de trigo, em substituição das habituais flores e frutos. Este facto deve ser interpretado dentro do contexto histórico da época, caracterizado por uma conjuntura altamente desfavorável em toda a Europa Ocidental, em que a carência de géneros alimentícios e nomedamente de pão era uma constante. Não admira, pois, que uma das principais preocupações dos homens contemporâneos fosse a de assegurar a sua sobrevivência, ou seja, os seus "stocks" de cereais panificáveis, tidos como uma medida de riqueza e de prosperidade dos reinos.
 
     
     
   
     
     
     
 
Secretário Geral da Cultura Direção-Geral do Património Cultural Termos e Condições  separador  Ficha Técnica