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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0015
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche do Infante D. Francisco
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Paris, França.
Datação:
1715 d.C.
Matéria:
Madeira; couro; cristal (?); brocado de seda; tafetá de seda; veludo de seda; bronze; galão e franja de ouro; ferro
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho
Técnica:
Madeira entalhada, policromada e dourada; pintura a óleo; cristal lapidado; bronze fundido em molde, repuxado, cinzelado dourado;
Dimensões (cm):
altura: 296; largura: 196; espessura: 6 (rodas dianteiras e traseiras); diâmetro: 90 / 178 (rodas dianteiras e traseiras); comprimento: 652;
Descrição:
Coche de caixa fechada, montada sobre quatro rodas e suspensa de fortes correias de couro dispostas obliquamente, com cremalheira moderadora de velocidade. O varal de sustentação da caixa é liso, alargando nas extremidades, onde é reforçado por aros metálicos dourados. Os correões de suspensão são de couro castanho pespontado a branco e revestido a veludo de seda carmesim com galões de ouro ou prata dourada. Os mais largos ligam a parte superior dos montantes traseiros aos resguardos das molas, enquanto os outros, arrancando também dos montantes, fixam-se à parte inferior da caixa. O coche possui ainda tesouras de segurança, cruzadas a partir da moldura superior dos apainelados traseiro e dianteiro, percorridas longitudinalmente por galão único, semelhante ao das restantes correias. Os fivelões, em bronze dourado, são decorados com aletas gomadas, palmetas, acantos e mascarões; uma peça triangular do mesmo material remata os respectivos fusilhões, como sistema de segurança. As molas de suspensão, em ferro dourado, são constituídas por dois conjuntos de quinze lâminas sobrepostas e de tamanhos decrescentes, o superior voltado na direcção da caixa e o inferior no sentido oposto. Um enorme parafuso dourado atravessa verticalmente as lâminas, unindo-as aos respectivos resguardos. Estes, são de grandes dimensões, em bronze dourado, vazados e ornamentados com motivos fitomórficos e mascarões. O cabeçal traseiro é dominado por um medalhão oval e convexo, localizado ao centro da moldura superior, onde ainda se distinguem os contornos das armas reais portuguesas, sobrepujado por coroa condal. Esta moldura assemelha-se a um frontão e é ornamentada com acantos Luís XIV e diversos motivos vegetalistas. As rodas traseiras do carro são constituídas por --- pinas unidas entre si por "gatos" de ferro e cingidas no extradorso por um espesso aro de ferro munido de cavilhas semiesféricas do mesmo material, aparafusadas e dissimuladas na própria estrutura de madeira. Possuem doze raios abalaustrados que convergem para o cubo, pouco proeminente e também ele cingido por aro metálico, com acantos relevados e frisos de óvulos. A decoração das pinas confina-se à face externa das mesmas, onde foi entalhado um friso de folhas de água. As portinholas têm pintado um escudo oval contendo as armas reais portuguesas, tendo por tenentes dois homens agrilhoados, quase todos barbados e de longas cabeleiras, que ladeiam o soclo sobre o qual assenta o brasão. Em baixo, a cabeça de Neptuno coroada de algas, repousa sobre uma concha que preenche o nicho ovalado em que se inscreve. Junto ao deus dos mares, encontram-se ainda outros elementos característicos dos seus domínios: hastes de coral e pérolas enfiadas. Esta composição pictórica repete-se no painel posterior da caixa. No registo inferior das portinholas, a pintura resume-se a uma composição de cariz fitomórfico, em que se destaca um frontão central de campo escamado. Todos os painéis são delimitados por uma cercadura de óvulos e, a separar os registos superior e intermédio, existe uma cornija gomada. Os registos superiores dos alçados, de pendor vegetalista, são em talha dourada, sem vestígios de policromia. Nos apainelados laterais da viatura estão representadas as Quatro Estações do Ano, sob a forma de figuras humanas inscritas num baldaquino definido por elementos vegetalistas. À direita da caixa, o Outono com haste de videira, coroa de uvas e parras e manto vermelho forrado de peles, e o Inverno, representado por um ancião vestido de manto com capuz que cinge sobre o peito. No alçado oposto, a Primavera coroada, com açafate repleto de flores e uma rosa na mão direita; o Verão apresenta-se com coroa e molho de espigas de trigo, tendo na mão direita uma foice. No painel superior traseiro, sobre fundo dourado, representa-se a Lusitânia em trono de nuvens, acompanhada por dois querubins que sustentam um medalhão oval em "grisaille" contendo uma alegoria à Magnificência. O tejadilho, convexo, é decorado com dez raios de bronze lavrado, mais largos na base e convergentes para um medalhão central, ovalado e convexo. Cada um dos raios é ornamentado com palmetas, aletas contrapostas e diversos motivos vegetalistas. O medalhão é delimitado por cercadura gomada e possui um espigão central, destinado a sustentar um qualquer elemento decorativo de vulto perfeito, entretanto desaparecido. A saia do banco do cocheiro é de brocado de seda polícroma lavrada a ouro e prata e decorada com bordados de aplicação a ouro sobre cetim e cartão, desenhando motivos vegetalistas sobrepostos; é franjada a ouro e forrada a estopa de cânhamo. O interior da caixa é revestido a seda polícroma de inícios do século XVIII, lavrada a ouro com decoração floral. O tecto é franjado e guarnecido de galão de ouro nos cantos e no medalhão central. Possui cortinas de tafetá de seda crua franjada. O parsevão é forrado a marroquim vermelho com aplicação de pregaria. Não foi ainda encontrada a lança desta viatura mas foras estudadas as medidas dos seus 2 encaixes perpendiculares.
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * De acordo com a bibliografia mais antiga, este coche seria um dos construídos em França (ou Portugal, segundo Monsenhor Bôto, 1909) para a célebre "Jornada ao Caia", fazendo parte do "estado" do Infante D. Francisco,irmão de D. João V. Assim, a viatura teria sido utilizada pela primeira vez em 19 de Janeiro de 1729. Era tradicionalmente puxado por três parelhas. João Castel-Branco PEREIRA (1987) avança, no entanto, a hipótese de este coche ter integrado a Embaixada do conde da Ribeira Grande, D. Luís Manuel da Câmara, embaixador extraordinário do rei "Magnânimo" à corte de Luís XIV (1715). A presença de uma coroa condal no cabeçal traseiro da viatura e fontes coevas (cf. bibliografia) permitem-nos hoje não só confirmar esta hipótese, como adiantar que este carro ocupava o segundo lugar no desfile e era dedicado à Glória de Portugal "assim nos estados, como no valor dos naturaes." De qualquer modo, são indiscutíveis as afinidades formais existentes entre este coche e o coche nº invº 7 (dito "Coche da Coroa"), particularmente notórios nos ângulos inferiores da caixa, e que anunciam o trabalho de uma mesma oficina. Se as pinturas que actualmente decoram os apainelados da caixa pouco ou nada reflectem da intenção iconológica que presidiu à construção do carro, é certamente porque resultam de posteriores alterações repintes que visavam adaptar o coche a um novo proprietário ou a outro contexto, como frequentemente sucedia, já que um mesmo coche servia em inúmeras cerimónias públicas. A propósito, não podemos deixar de notar as afinidades formais e decorativas existentes entre o coche em apreço e o "coche do Rei" enviado à corte de Madrid por ocasião da Embaixada de D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, Marquês de Abrantes, em 25 de Dezembro de 1727, assim descrito pelas fontes: "Estufa muyto boa, toda de talha dourada por fora, com sete vidros crystallinos, e paineis tambem dourados, e pintados; e por sima guarnecida de chaparia de bronze dourado. Por dentro ricamente forrada de glacé de ouro, com almofadas e cortinas de glacé de prata de fundo, e matizes azues, tudo vistozamente ornado de recamos, e franja de prata." Elsa Garrett Pinho -------- No século XIX, o coche serviu em diversas cerimónias da Corte Portuguesa: - Baptizado da Infanta D. Antónia, 8 de Abril de 1845 - Funeral do Infante D. Leopoldo, Maio de 1849 - Funeral da Infanta D. Maria, Fevereiro de 1851 - Festejos do casamento de D. pedro V e D. Estefânia, 18-20 de Maio de 1858 - Casamento de D. Luís I, Outubro de 1862 - Funeral da Infanta D. Isabel Maria, Abril de 1876 - Embaixada da Birmânia, Janeiro de 1877 - Embaixada Marroquina, Maio de 1878 - Embaixada de Espanha, Junho de 1885 - Funeral de D. Fernando II, Dezembro de 1885 (?) - Casamento de D. Carlos e D. Amélia de Orléans, 22 de Maio de 1886 - Embaixada Espanhola, Maio de 1886 - Funeral da Infanta D. Maria, Dezembro de 1887 - Funeral de D. Luís I, Outubro de 1889 - Funeral da Imperatriz do Brasil, D. Maria Cristina, Janeiro de 1890 - Embaixada Marroquina, Dezembro de 1891 - Funeral de D. Pedro II, Imperador do Brasil, 31 de Dezembro de 1891 - Embaixada Inglesa, 1901 - Visita oficial de Eduardo VII de Inglaterra, Abril de 1903 - Visita oficial de Afonso XIII de Espanha, Dezembro de 1903 - Visita oficial do Imperador Guilherne II sa Alemanha, 30 de Março de 1905 - Visita oificial do Presidente da república Francesa, Emile Loubet, 27 de Outubro de 1905 - Cortejo Histórico de Viaturas, 28 de Janeiro de 1934 Num antigo postal (ca. 1905-1910), pode ler-se: "Coche INFANTE D. FRANCISCO - Pertence ao grupo dos apressadamente mandados fazer em Paris para o casamento do principe senhor D. Joze (1729). Este senhor infante, irmão d'El-Rei Senhor Dom João V, tinha um estado grandiosamente seu. O painel trazeiro é tela, em que uma mulher coroada à antiga, de corôa aos pés, de chirographo n'uma das mãos, e palma na outra, representa allegoricamente a "Genealogia Real; está em quadro sustido por personagem de maior vulto". Por ocasião do Cortejo Histórico de Viaturas, integrado nos Festejos da Cidade de Lisboa (1934), os raios de uma das rodas do carro racharam, tendo o coche ficado imobilizado toda a noite na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, até ser possível a sua substituição. O veículo não consta, no entanto, do respectivo album editado pela Câmara Municipal.
 
     
     
   
     
     
     
 
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