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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0010
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche da Embaixada de D. João V ao Papa Clemente XI - Coroação de Lisboa
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Roma, Itália.
Datação:
1716 d.C.
Matéria:
Madeiras; couro; bronze; ferro; brocado de seda; veludo de seda; fio e galão de ouro; fio de prata; palha de centeio
Suporte:
Madeira de carvalho e/ou azinho (rodados e caixa)
Técnica:
Madeira entalhada e dourada; bronze fundido em molde, soldado, cinzelado e dourado; ferro forjado e dourado; seda espolinada e lavrada a ouro
Dimensões (cm):
altura: 325; largura: 246; comprimento: 728;
Descrição:
Coche que integrava a embaixada enviada por D. João V ao papa Clemente XI. Coche de caixa aberta e esguia, de perfil trapezoidal, montada sobre quatro rodas e assente sobre um varal longitudinal que liga os rodados. A caixa, contracurvada e bastante mais estreita na parte inferior, é definida por delicadas modinaturas que demarcam os apainelados laterais e as duas portinholas. Estas, são articuladas por meio de dobradiças dissimuladas na própria estrutura, de modo a não interferir com o lavor da caixa. Dos ângulos superiores da caixa arrancam quatro montantes ou pilares de secção hexagonal que sustentam o tejadilho, tendo acoplados carrancas e volutas entalhadas em alto-relevo e revestidas a fio de prata dourada, em jeito de capitéis. O tejadilho, convexo e igualmente definido por ângulos bem recortados, é revetido a veludo de seda carmesim bordado a ouro. Uma cornija larga e decorada com faixa de cariz fitomórfico bordada a ouro, limita superiormente a caixa, uniformizando a estrutura porque nivelada com os capitéis dos referidos pilares; inferiormente, é prolongada por franja metálica e lisa. Axialmente dispostos em relação aos pilares de ângulo, elevam-se quatro remates decorativos constituídos por volutas e motivos concheados revestidos a veludo carmesim, (moderno), já sem os largos galões de ouro que, aplicados nas zonas convexas, acentuavam os efeitos de claro-escuro. O alçado traseiro é composto pelas seguintes figuras de vulto perfeito: ao centro, Lisboa representada sob a forma de uma jovem sendo coroada pela "Fama" e pela "Abundância", respectivamente à direita e à esquerda; a seus pés, o feixe de varas de "lithor", símbolo da justiça suprema, e o dragão alado da Casa de Bragança, que pisa o crescente islâmico. Sob o crescente, onde se inscreve o nº "7" inciso a goiva, encontram-se um elmo emplumado deposto e um pequeno cocar de plumas. Num plano inferior, duas figuras masculinas de características fisionómicas bem distintas, representam a Ásia e a África, prostradas e agrilhoadas. A composição escultórica organiza-se segundo os contornos de um triângulo invertido, sendo os vértices marcados por dois Génios alados sustendo festões. No alçado dianteiro, dominado por volutas, cartelas e motivos concheados, destaca-se a tábua do cocheiro, rematada por um Génio alado de vulto perfeito, que parece indicar o caminho. No montante direito, o Amor da Virtude Heróica, representado sob a forma de um jovem seminu, coroado de louros, em vulto perfeito. No montante esquerdo, uma figura feminina sorridente, tendo à cintura uma serpente mordendo a cauda e ao peito o Sol, símbolo da Imortalidade do Nome Português. O banco do cocheiro possui almofada rectangular e baixa de couro castanho, coberta por saia de veludo carmesim liso, oitocentista. Esta é formada por cinco panos distintos, um para o tampo e os restantes para as abas. Os rodados dianteiro e traseiro do carro, idênticos entre si mas de diferentes dimensões, apresentam elaboradas composições de volutas, cartelas e motivos concheados que formam os raios e as pinas, acentuando o movimento intrínseco ao próprio carro em marcha. O interior da caixa é revestido de seda vermelha lavrada com decoração a amarelo e motivos espolinados de cariz floral e ornamental, a fio de ouro. Exteriormente é forrada de veludo de seda carmesim, bordado e agaloado a ouro. Todos os tecido são originais e contemporâneos do carro, tendo sido executados especialmente para o efeito. No exterior, lança (lança 17) ,acessório de viatura, varal de madeira, fixado na estrutura da viatura (tesouras) que fai a ligação/ encaixe (neste caso encaixe paralelos) entre a viatura e a atrelagem dos animais, apenas na parelha do tronco (mais próxima da viatura).
Incorporação:
Afectação Permanente - Casa Real Portuguesa. Bens da Coroa.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Tal como os seus congéneres (nºs invº 9 e 11), este coche foi contruído em Roma para a Entrada Solene do Embaixador Extraordinário de Portugal, D. Rodrigo Anes de Sá e Menezes, marquês de Fontes, Gentil-homem da Câmara e Vedor da Fazenda, junto da Santa Sé, em 1716. O coche regressou a Lisboa com o Embaixador Português, após a sua apresentação na corte de Clemente XI, e consta que serviu nas cavalhadas (pou torneio real) realizadas nesta cidade nos dias 2 e 11 de Novembro de 1795, por ocasião do nascimento do príncipe D. António. Em meados do século XIX o coche encontrava-se arrecadado nas Reais Cocheiras do Calvário, em Lisboa, de onde foi transferido para as Reais Cocheiras de Belém, no ano de 1867. Destas, seguiu para as Reais Cocheiras da Calçada da Ajuda, estabelecidas em 1873, de onde saiu para a Exposição das Janelas Verdes. Em 1904, transitou para o Depósito I da Repartição das Reais Cavalariças (antigo Picadeiro Real de Belém), passando no ano seguinte a integrar a colecção do então Museu dos Coches Reais.

Bibliografia

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