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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Museu Nacional dos Coches
N.º de Inventário:
V 0001
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Meios de transporte
Denominação:
Coche
Título:
Coche de Filipe II
Autor:
Desconhecido
Local de Execução:
Espanha.
Datação:
1590 d.C. - 1620 d.C.
Matéria:
Madeira de carvalho; couro; ferro; vidro; brocado de veludo; seda adamascada; estopa
Técnica:
Madeira policromada, entalhada e dourada; ferro forjado e dourado.
Dimensões (cm):
altura: 241; largura: 185; espessura: 5 (rodas); diâmetro: 145 / 113 (rodas traseiras e dianteiras); comprimento: 572;
Descrição:
Coche de viagem de caixa rectangular aberta, sustentada por duas vigas transversais que assentam directamente sobre um varal longitudinal que liga os eixos das rodas. O varal, abaulado e reforçado por aros metálicos, bifurca-se na extremidade posterior, prolongando-se para além do rodado e atingindo o comprimento máximo da viatura. Na extremidade oposta, adelgaça de modo a encaixar nom espigão que atravessa verticalmente o eixo do rodado. A caixa, de proporções baixas, é revestida externamente a couro negro e pregaria dourada e cinzelada, formando reticulado regular. Possui guarda-lama a meia altura, destacado da estrutura a cerca de 12 cm e sustentado por pequenos suportes de ferro forjado e dourado. Estes, são constituídos por uma haste vertical rematada por flor-de-lis e três enrolamentos duplos confluentes. Dos ângulos da caixa fluem quatro colunelos revestidos de veludo vermelho e ouro, que suportam o tejadilho. Disseminados ao longo dos colunelos, existiam primitivamente diversas ferragens vazadas e douradas - das quais subsiste um número ínfimo - que têm como motivo principal duas flores-de-lis contrapostas e quatro pequenas hastes espiraladas. O tejadilho, convexo, foi montado a partir de uma armação composta por duas meias-asnas estruturais cruzadas, e outras radiantes, de suporte. É revestido exteriormente de couro negro liso (duas placas cosidas a meio), que se fixa à moldura de madeira por meio de cravos em forma de roseta. Destes cravos, restam apenas alguns na parte anterior, sendo ainda de notar a tira de couro aplicada recentemente no alçado lateral esquerdo. Uma sanefa de seda adamascada de cor carmesim, rasgada e parcialmente queimada, pende do tejadilho. A ligar o tejadilho à caixa, existem dois pares de hastes metálicas, dispostas vertical e paralelamente, com inúmeras reentrâncias irregulares que se assemelham a bambús e botões gomados, para preensão das vidraças. Os alçados laterais são dominados por um estribo suspenso de grandes dimensões,- dito estribo de escabelo - originalmente fechado por meio de bandeira de couro cravada ao parapeito superior e do qual subsistem alguns vestígios. Resta apenas o parapeito do lado esquerdo da caixa, almofadado e revestido de veludo carmesim liso, que encaixa em dois espigões localizados no topo do estribo. Este, é constituído por uma tábua com bordo alteado (apenas no da direita), suspensa de um armação em ferro por meio de francaletes, sendo protegido exteriormente por placa de couro recortada. Lateral e internamente,foi adoptado um tipo de revestimento em veludo idêntico ao das almofadas dos bancos, em parte destruído e refeito com veludo carmesim liso (zonas de restauro). Na parte posterior da caixa existem duas vidraças amovíveis, fixas ao tejadilho por meio de francaletes munidos de fivelas. As vidraças são constituídas por seis vidros idênticos, unidos entre si por uma estrutura metálica dourada que encaixa, por sua vez, numa moldura de madeira revestida a damasco. Cada uma das vidraças inscreve-se numa placa de couro negro, reminiscências das tradicionais cortinas que protegiam este tipo de veículo. Na vidraça da esquerda restam apenas dois vidros, um dos quais quebrado. Pelos pequenos francaletes que ainda pendem do tejadilho e botões metálicos que subsistem nas vidraças traseiras, é legítimo concluir que, sempre que necessário, a caixa poderia ser integralmente fechada de modo a proteger os passageiros dos rigores climatéricos. A suspensão do carro, bastante incipiente, consiste em quatro fortes correias de couro negro duplamente pespontado, munidas de fivelões e dispostas obliquamente entre os ângulos da caixa e os montantes, onde passam através de argolas móveis. O sistema é reforçado por dois pares de tesouras cruzadas - um par à frente e outro atrás -, de segurança e não de sustentação. Para maior estabilidade, existe ainda uma curta correia com fivela e passador, que liga a argola do varal a uma outra localizada a meio do painel anterior da caixa. Os fivelões, recortados e articulados por meio de dobradiça, completam-se com um enorme espigão autónomo, prolongado por placa trilobada. Os montantes, pintados de vermelho à semelhança de todo o "chassis" e dos rodados, apresentam pequenos ornatos de ouro e são sobrepujados por uma flor volumétrica, em metal martelado, recortado e dourado; esta, flui de uma base quadrangular cravada ao respectivo montante. A unir os montantes encontra-se um segmento de arco em madeira, definido por filetes pintados a ouro e fixo àqueles por ferragens lavradas que ocupam cerca de 2/3 das faces anterior e posterior do mesmo. Os montantes traseiros fluem directamente do eixo das rodas, enquanto que os do rodado dianteiro arrancam de uma trave sobreposta ao próprio eixo, a qual serve também de apoio à arca utilizada para transportar os petrechos de jornada. Em ambos os casos, são reforçados por uma haste de ferro com três anéis e a extremidade superior espiralada, que estabelece a ligação entre os montantes e os eixos. Fechada por tampo plano, a arca trapezoidal repete o tipo de decoração da caixa, dominada por motivos geométricos desenhados a pregaria. A decoração concentra-se na face anterior, com ampla abertura central. A face posterior não é forrada, sendo visíveis marcas de caruncho inactivo. As rodas dianteiras são formadas por cinco pinas em madeira de carvalho arqueada a vapor, unidas entre si por "gatos" de ferro e cingidas no extradorso por aro de ferro posto a quente e imediatamente arrefecido com água, munido de cavilhas cujas cabeças são "embutidas" no próprio aro. Para fixação ao suporte, as cavilhas dispõem de dois ganchos em forma de garras, que atravessam verticalmente a pina, dobrando-se no seu intradorso. Os raios, em número de dez, têm secção sub-rectangular e apresentam-se dispostos obliquamente entre o cubo e as pinas, de modo a conferir maior estabilidade ao veículo. Um gancho metálico une a massa ao balancim (munido de duas argolas de couro para atrelagem), facilitando a mudança de direcção do carro. As rodas traseiras, por serem maiores, são compostas por seis pinas e doze raios. No interior, o tecto é forrado de damasco carmesim idêntico ao da sanefa e dos espaldares dos assentos e apresenta amplo florão em talha, circundado por frutos diversos e delimitado por cercadura perlada. Desta, fluem raios ondulados e rectilíneos, em alternância; os segundos, mais desenvolvidos e interrompidos por pequeno quadrifólio, são rematados por uma voluta situada junto aos caixilhos externos, estando interligados por friso de flores-de-lis que segue a orientação circular do motivo central. Menos relevada é a decoração dos caixilhos, em que predomianm óvulos e motivos fitomórficos organizados em friso contínuo, interrompidos nos cantos por cartelas. O parsevão, em carvalho pintado imitando madeiras exóticas, organiza-se em caixotões simples, compostos por losangos contidos em rectângulos. É formado por duas metades idênticas, articuladas e separadas por dois pequenos espigões cilíndricos e por uma abertura rectangular; prlonga-se pela base dos bancos, onde é encimado por tira de veludo liso. Apresenta uma fenda a toda a largura da caixa, junto ao assento posterior. Os bancos estão apetrechados com um rudimentar sistema de evacuação, que consiste num orifício circular moldurado e revestido de couro castanho, ao centro do banco, sob a almofada. As almofadas são feitas de estopa revestida a veludo de seda carmesim tecido sobre tela de ouro. O padrão, caracterizado pela rigorosa simetria axial e requinte de execução, é composto por um elemento central a partir do qual se distribuem todos os outros, entre os quais se incluem flores de lótus, grinaldas e palmetas. Nas abas, o veludo desenha um delicado friso de palmetas e flores de cinco pétalas sobre fundo dourado, delimitado por duas cercaduras de aspas. O mesmo friso define os contornos dos espaldares dos bancos. De ressalvar o facto de o damasco que reveste o lado direito do banco posterior ser do século XVIII, enquanto que os restantes tecidos são contemporâneos da construção do carro e de fabrico espanhol. No exterior, lança nº 33 (?).Acessório de viatura, varal de madeira, fixado na estrutura da viatura (tesouras) que fai a ligação/ encaixe (neste caso encaixe perpendiculares) entre a viatura e a atrelagem dos animais, apenas na parelha do tronco (mais próxima da viatura).
Incorporação:
Afectação Permanente - Administração da extinta Casa Real. Fundo antigo do Museu.
Origem / Historial:
* Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * À semelhança de muitas outras viaturas pertencentes à Casa Real Portuguesa e que hoje constituem o acervo do M.N.C., também este exemplar de grande raridade se encontrava arrecadado nas Reais Cocheiras do Calvário, erigidas no reinado de D. João V e poupadas pelo terramoto de 1755 por se situarem fora de portas. Pelas suas características arcaizantes e vetustez da construção, presume-se que este coche tenha sido deixado em Lisboa por Filipe III de Espanha (II de Portugal) em 1619, quando o monarca veio assistir ao juramento de seu filho como sucessor à coroa. De facto, sabe-se por fontes coevas que na cerimónia do desembarque no Terreiro do Paço figuraram inúmeros veículos deste tipo. Em 1955, a Embaixada Portuguesa em Madrid elaborava uma proposta de permuta de obras de arte, a realizar entre Portugal e Espanha, com o objectivo de as reintegrar no património artístico nacional. Em causa estava o coche de Filipe II que, por se tratar de uma viatura de fabrico espanhol, poderia vir a ser trocado pelas tapeçarias de D. João III (vulgarmente ditas "das Esferas") e pela armadura de D. Sebastião. Contra esta alienação patrimonial insurgiu-se o então director do M.N.C., Augusto Cardoso Pinto, alegando ser absolutamente gratuita e fruto da mentalidade romântica do século XIX a atribuição de propriedade do referido carro a Filipe III de Espanha. Por outro lado, a sua eventual transferência para além-fronteiras privar-nos-ia de um raríssimo exemplar de valor histórico-documental,o único existente no nosso país e que tão bem ilustra o tipo de locomoção terrestre utilizado na época da Restauração.
 
     
     
   
     
     
     
 
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