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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 997.19.1 Supercategoria: Arqueologia Categoria: Arquitectura (materiais de construção e revestimento) Denominação: Mosaico dos Cavalos Datação: IV d.C. - Época Romana Matéria: Tesselas em calcário, xisto, mármore e vidro, de várias cores. Suporte: Não se encontra no seu suporte original. (Ver Observações para mais detalhes). Técnica: Opus Tesselatum, Opus Vermiculatum e Opus Musivum. Dimensões (cm): largura: 427; comprimento: 503; Descrição: O mosaico dos cavalos ornava uma sala importante da "villa" de Torre de Palma, escavada de 1947 a 1956 por Manuel Heleno, então director do Museu Nacional de Arqueologia. A sala, largamente aberta sobre a ala este do peristilo, era relativamente pequena (5,03m x 4,27m), mas constituía de certo modo a entrada solene de uma sala trilobada que à data da sua construção - que de momento se situa no final do século III ou início do século IV - devia ser o "stibadium" triplo da "villa" ou sala de jantar em forma de "sigma" grego. Os cavalos e o xadrez ocupam cinco quadrados dispostos em quincôncio, num meandro de suásticas de tipo particular: uma composição ortogonal de meandros de suásticas de ressalto e volta invertida com uma variante, a trança de dois cordões de que se conhecem exemplos em Eressos (Grécia), em Antioquia e Awza'i (Líbano). Esta composição de meandros de suásticas associadas a cinco quadros figurando cavalos vencedores encontra-se também no mosaico que decora uma sala com ábside da casa nº10 de Bulla Regia. A aproximação entre estes dois mosaicos releva do facto de os cavalos vencedores constituírem um tema tratado principalmente pelos mosaicistas africanos. A figuração destes cinco cavalos, sob a forma de instantâneo, suscita diversos tipos de comentário: trata-se de imagens realistas de cavalos de corrida que se distinguiram no circo (em Miróbriga? em Mérida? em Roma?) e que se encontram aqui reunidos num grupo de cinco em vez de quatro que é o número correspondente ao número das facções do circo. Outra particularidade é a ausência da representação do cocheiro que, no entanto, desempenhava importante papel na vitória. O nome de cada corredor adopta uma forma solene de apresentação, sobre tabela negra, que o faz ressaltar ainda mais nitidamente do fundo claro do quadro: "Inacus", "Iberus","Leneus", "Lenobatis", "Pelops". Segundo M. Ennaïfer, os quatro primeiros seriam cavalos barbos, quer dizer da África do Norte, enquanto que "Pelops" seria de raça árabe, opinião não consensual, uma vez que "Inacus", "Iberus" e "Lenobatis" terem efectivamente uma silhueta menos delgada que "Pelops" e "Leneus", mas são também excelentes cavalos de corrida: "Lenobatis" é mesmo, certamente, o melhor do grupo, pois o lugar de honra que ocupa e os arreios que ostenta distinguem-no dos outros. O que parece seguro é um destes grupos de cavalos ter pertencido à raça lusitana que fazia a celebridade da Hispânia enquanto o outro grupo devia ter outra proveniência. Do ponto de vista técnico, note-se que estes belos pseudo-"emblemata" foram realizados no local por mosaicistas itinerantes, vindos provavelmente do Norte de África que empregaram sobretudo xistos e calcários locais talhados em tesselas, à medida que o trabalho avançava, mas também tesselas de vidro para as cores vivas tais como vermelho, laranja, azul e verde, e ainda o mármore branco, em especial para as letras, e o mármore cinza azulado. (Segundo Lancha, op. cit.).
Incorporação: Achado - Escavações do Museu Proveniência: Torre de Palma
Origem / Historial: *Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006*
Este mosaico foi descoberto no mês de Março de 1947, quando o Sr. Joaquim Inocêncio lavrava os terrenos da Herdade de Torre de Palma e levantou um pedaço de mármore trabalhado com a sua charrua, revolvendo de seguida todo o local e em sequência de tal acção, terá então surgido o mosaico dos cavalos. Esta notícia terá chegado ao conhecimento do Dr. Manuel Heleno, então Director do Museu Etnológico e Arqueológico, que se deslocou até ao local, onde avistou outros mosaicos. Foram contratados peritos italianos para procederem ao levantamento do mosaico e transporte do mesmo, para o actual M.N.A.
Este mosaico foi dividido em 19 placas e já no museu, foi assente sobre cimento, no chão de uma das Alas do M.N.A.
Em 1982 foi levantado do seu suporte de cimento, pela Oficina de Restauro de Conimbriga. (VER CONSERVAÇÃO).
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