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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 988.3.22 Supercategoria: Arqueologia Denominação: Árula a Endovélico Local de Execução: Alentejo Datação: I d.C. - II d.C. - Época Romana Matéria: Mármore branco do tipo Estremoz/Vila Viçosa Dimensões (cm): altura: 41; largura: 23; espessura: 11; Descrição: "Ara moldurada nas quatro faces, sob a cornija e na base; capitel composto por fastígio, ao qual se sobrepõe um fóculo escavado, e toros laterais decorados com rosáceas; o frontão, triangular, apresenta decoração estilizada de aparente cariz vegetalista. O texto apresenta uma paginação cuidada com alinhamento à esquerda, excepto a última linha que segue sensivelmente o eixo de simetria.
Dedicatória encabeçada pelo teónimo na sua forma mais comum, ENDOVELLICVS. O dedicante apresenta-se como filho e escravo, expressão algo peculiar que interpretamos do seguinte modo: declaração de filiação relativamente a seu pai, ora liberto ("Messius Sympaeron"), e declaração de dependência servil para com o seu proprietário, que podemos supor ser o próprio patrono de seu pai e pertencer, portanto, à "gens Messia"; ou seja, o pai de "Vitalis" obteve, para si, a condição de liberto, mas seu filho, decerto nascido antes, permaneceu escravo. Além dos antropónimos latinos presentes no texto documenta-se um nome grego, "Sympaeron" (a grafia correcta seria "Sympheron"), de vulgar utilização no mundo servil." (J.C.Ribeiro)
ENDOVELL/ICO VITALIS / MESSI(i) . SYM / PAERONTIS . F(ilius) ( ET.SERVVS / A(nimo). L(ibens).
P(osuit) //
Tradução:
A Endovellicus. Vitalis, filho de Messius Sympaeron, e escravo, de bom grado colocou.
Incorporação: Outro - Mandato legal.
Escavações de J.L.Vasconcelos Proveniência: S. Miguel da Mota
Origem / Historial: O Santuário do Deus Endovélico situa-se no Monte de S. Miguel da Mota, Alandroal. No Entrudo de 1890 José Leite de Vasconcelos deslocou-se a S. Miguel da Mota e obteve do dono da herdade, Sr. Manuel Inácio Belo a necessária autorização para iniciar os trabalhos arqueológicos. Nessa altura recolheu algumas peças, que trouxe para a Biblioteca Nacional de Lisboa, onde, à data, era Conservador. Verificou no entanto que era necessário proceder à desmontagem do edificio para se poderem recolher as melhores peças. Participou tal facto ao Inspector Geral dos arquivos e bibliotecas públicas do reino, Sr. António Ennes, que obteve autorização do Ministro do Reino para a exploração arqueológica. Foi José Leite de Vasconcelos encarregado desse trabalho, que iniciou na Páscoa desse mesmo ano. Trouxe cerca de 200 lápides (elementos arquitetónicos, fragmentos, etc.) que se depositaram na Biblioteca Nacional e foram daí transferidas para o Museu.
Bibliografia | ENCARNAÇÃO, José d' - Inscrições Romanas do Conventus Pacensis- Subsídios para o Estudo da Romanização. Coimbra: 1984, pág. p.612, nº536 | GAMER, Gustav - Formen romischer Altare auf der Hispanischen Halbinsel. Mainz: 1989, pág. p.177, ALA 35 | LAMBRINO, Scarlat - "Catalogue des Inscriptions Latines du Musée Leite de Vasconcelos", in O Arqueólogo Português, série III, vol. I. Lisboa: MNA, 1967, pág. p.172-173, nº98 | LAMBRINO, Scarlat - "Le Dieu Lusitanien Endovellicus", Bulletin des Études Portugaises et Brésiliennes, XV. Lisboa: 1951, pág. p.101, nº28 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 394 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitania, II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1905, pág. 133 | |
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