|
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 988.3.11 Supercategoria: Arqueologia Denominação: Ara a Endovélico Local de Execução: Alentejo Datação: II d.C. - Época Romana Matéria: Mármore cinzento de Trigaches Dimensões (cm): altura: 59; largura: 42; espessura: 35; Descrição: "Ara com moldura sob a cornija e na base, excepto na face posterior, totalmente lisa; topo aplanado, ostentando como fóculo uma forma hexagonal escavada, por sua vez circunscrevendo um círculo com o centro profundamente marcado (figurando uma pátera?). A paginação do texto apresenta um alinhamento à esquerda muito bem vincado. Dedicatória ao DEVS ENDOVELLICVS, salientando-se a constância, a perenidade, e a omnipresença do poder divino, através de expressões de evidente sabor literário. O dedicante evoca a sua posição na sociedade romana como cavaleiro (eques romanus), fazendo parte de uma elite; identifica-se ainda com o prenome por extenso e ostenta dois cognomes." (J.C.Ribeiro).
DEO . ENDOVEL / LICO . PRAESTAN / TISSIMI . NVMINIS / SEXTVS . COCCEIVS / CRATERVS . HONORIRVS . EQUES . ROMA / NVS . EXVOTO //
Ao deus Endovellicus, de poder sempre actuante e sempre presente, Sextus Cocceius Craterus Honorinus, cavaleiro romano, segundo o voto. Incorporação: Doação - D. Carlos I Proveniência: S. Miguel da Mota
Origem / Historial: O Santuário do Deus Endovélico situa-se no Monte de S. Miguel da Mota, Alandroal. Nesse local havia as ruínas de um templo cristão, cujos alicerces e paredes eram em parte constituídos por pedras pertencentes ao santuário de Endovélico, tais como aras, estatuetas, bases de estátuas e de aras. No Entrudo de 1890 José Leite de Vasconcelos deslocou-se a S. Miguel da Mota e obteve do dono da herdade, Sr.Manuel Inácio Belo a necessária autorização para iniciar os trabalhos arqueológicos. Nessa altura recolheu algumas peças, que trouxe para a Bilblioteca Nacional de Lisboa, onde, à data, era Conservador. Verificou no entanto que era necessário proceder à desmontagem do edificio para se poderem recolher as melhores peças. Participou tal facto ao Inspector Geral dos arquivos e bibliotecas públicas do reino, Sr. António Ennes, que conseguiu autorização do Ministro do Reino que mandou fazer a exploração arqueológica. Foi José Leite de Vasconcelos encarregado desse trabalho, que iniciou na Páscoa desse mesmo ano. Trouxe cerca de 200 lápides (elementos arquitetónicos, fragmentos, etc.) que se depositaram na Biblioteca Nacional e foram daí transferidas para o Museu.
Além das peças exumadas as excavações de José Leite de Vasconcelos, ainda conseguiu trazer para o museu as peças que estavam na igreja dos Agostinhos em Vila Viçosa, sendo estas oferecidas pelo Rei D. Carlos no ano de 1906.
Bibliografia | ENCARNAÇÃO, José d' - Inscrições Romanas do Conventus Pacensis- Subsídios para o Estudo da Romanização. Coimbra: 1984, pág. 572, nº492 | HÜBNER, Emil - Corpus Inscriptionum Latinarum, vol. II. Berlim: 1869, pág. vol. II, nº131 | LAMBRINO, Scarlat - "Catalogue des Inscriptions Latines du Musée Leite de Vasconcelos", in O Arqueólogo Português, série III, vol. I. Lisboa: MNA, 1967, pág. 183-184 | LAMBRINO, Scarlat - "Le Dieu Lusitanien Endovellicus", Bulletin des Études Portugaises et Brésiliennes, XV. Lisboa: 1951, pág. p.98, nº6 e p.139 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 392 | ROCHA ESPANCA, Joaquim José da - O Deus Endovellico dos Celtas do Alentejo, in Bol. da Sociedade de Geografia de Lisboa, vol.II. Lisboa: 1882, pág. 273, nº2 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitania, II. Lisboa: Imprensa Nacional, 1905, pág. 139-141 | SCHATTNER, Thomas G., FABIÃO, Carlos e GUERRA, Amílcar - A Investigação em torno do Santuário de S. Miguel da Mota: O Ponto de Situação, in Cadernos do Endovélico, N.º 1, Edições Colibri/ Centro de Estudos do Endovélico, Lisboa, p. 65-98, pág. 81 | SCHATTNER, Thomas G., FABIÃO, Carlos, GUERRA, Amílcar (2008) - El Mármol en el Santuario de Endovellicus, In NOGALES basarrate, T., BELTRÁN FORTES, J. (eds.), Marmora Hispana: Explotación y uso de los materiales pétreos en la Hispania Romana, Roma, Hispania Antigua. Serie Arqueológica, Vol. 2, p. 391-405, pág. 398 | |
|
|