Origem / Historial:
Texto da Banda Municipal do Funchal - Filarmónica dos Artistas Funchalenses:
Seis instrumentos de sopro de construção portuguesa foram identificados entre os vários mantidos pela centenária Banda Municipal do Funchal – Filarmónica dos Artistas Funchalenses, fundada a 18 de Fevereiro de 1850:
- um cornetim e um sax-horn barítono, adquiridos à firma Custódio Cardoso Pereira, com filial em Lisboa, à Rua do Carmo;
- um sax-horn contrabaixo, obtido da casa Francisco Guimarães, sediada no Porto, à Rua do Almada;
- e um fliscorne, um trombone de pistões e um saxofone alto da marca IRUS, comercializada pela firma Olímpio Medina, estabelecida em Coimbra (ao Largo de Sansão, actual Praça 8 de Maio).
De acordo com o período da actividade de construção ou montagem de instrumentos de tais firmas, com o estado de conservação dos respectivos modelos instrumentais e com algumas informações prestadas por antigos executantes da Banda Municipal do Funchal, avança-se aqui uma proposta de datação dos referidos instrumentos.
O cornetim Custódio Cardoso Pereira será o instrumento mais antigo, entre os que agora se doam ao Museu Nacional da Música. É sabido que Custódio Cardoso Pereira produzia em Lisboa, desde 1869, vários instrumentos de sopro, e em particular os novos modelos da família dos metais, tendo sido sucessivamente premiado nas exposições nacionais e internacionais (Lisboa, Paris, Anvers) que se realizaram nas últimas décadas do séc. XIX.
Não obstante, é provável que tenha sido adquirido entre o primeiro e o segundo quartel do século XX: uma correspondência para o mestre da banda Angelo Álvares de Freitas, datada de 1920, surge com uma ilustração do modelo de cornetim (com a dupla patilha para as bombas de água) produzida pelo construtor.
No mesmo segundo quartel do séc. XX terá sido adquirido o barítono de quatro pistões, que Custódio Cardoso Pereira comercializava desde meados do séc. XIX.
Da fábrica de Francisco Guimarães & Cª, estabelecida em 1898 no Porto, é doado um saxhorn contrabaixo de três pistões. Como para os demais, não foi possível obter quaisquer informações sobre a aquisição do instrumento: alguns dos mais antigos filarmónicos dos Artistas Funchalenses dão conta da existência do instrumento na colectividade há várias décadas. Atendendo à extinção da produção após a década de 1960 na maioria das fábricas de construção portuguesa, poder-se-á deduzir a aquisição do saxhorn contrabaixo à Francisco Guimarães em meados do século.
Três outros instrumentos são da marca IRUS, comercializada pela fábrica Olímpio Medina, sediada em Coimbra desde 1922. Tais instrumentos terão sido vendidos à Banda Municipal do Funchal, também em meados do século. É aliás crível que após a consagração votada em 1925 pela edilidade à Filarmónica dos Artistas Funchalenses como Banda Municipal do Funchal, e que no período de actividade de Gustavo Coelho, vários instrumentos tenham sido adquiridos às firmas portuguesas, para servir um efectivo artístico de maior dimensão.