|
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Arqueologia N.º de Inventário: 994.50.1 Supercategoria: Arqueologia Denominação: Estátua de Sileno Datação: I d.C. - Época Romana Dimensões (cm): altura: 42,5; largura: 53; comprimento: 108; Descrição: Estátua de Sileno ébrio representado sob a forma de velho nu, atarracado, de ventre volumoso, barba espessa, dormindo reclinado sobre uma base rochosa coberta de uma pele de animal, a perna esquerda dobrada sob o joelho direito. Segura com a mão esquerda o bocal de um odre de vinho. Deitado sobre o lado esquerdo, a cabeça e o tronco alteados pelo monte de pedras que os suporta e pelo odre que serve de almofada ao ombro, encosta a face às costas da mão direita pousada sobre ombro esquerdo. Mostra o cabelo e a barba volumosos, as pálpebras descidas, a boca aberta, num rictus de prazer. A estátua apresenta-se mutilada, tendo desaparecido a porção inferior das pernas a partir do joelho e uma parte da base junto ao tronco, está fragmentada na cara, mãos e outros pontos da superfície da pedra. Escultura de razoável qualidade plástica, destinada a ser vista de frente sobre um plinto baixo e junto a uma parede, pelo que as costas do Sileno apresentam uma esculturação fruste. É um Sileno, a figura mítica que educou Baco ou Diónisos, ele próprio identificado com Baco envelhecido, embriagado e adormecido junto do odre de vinho, deitado sobre a pele de lobo ou pantera, animais relacionados com os cultos báquicos ou dionisíacos.Trata-se de uma peça encontrada, juntamente com uma outra, no teatro romano de Olisipo remodelado no reinado de Nero. Esculturas semelhantes e com a mesma função apareceram noutros teatros (Arles, Caere, Falerii, Mérida). A conexão entre a função e a decoração parece ter existido nos teatros. O teatro da época clássica nasce do culto de Dioniso ou Baco e a presença destas esculturas nestes complexos arquitectónicos,não nos deve surpreender, portanto, pois eles fazem parte do séquito de Dioniso. (Segundo ficha do Catálogo de Escultura Romana do MNA, da autoria de José Luis de Matos). Incorporação: Transferência - A presente estátua recolheu ao Museu das Janelas Verdes antes de ter dado entrada no MNA. Proveniência: Teatro Romano de Lisboa.
Origem / Historial: *Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; nº 19/2006; 18/07/2006*
A estátua foi descoberta em 1789 nas escavações do Teatro Romano de Lisboa, rua de S. Mamede ao Caldas, juntamente com uma outra estátua de Sileno. A presente estátua recolheu ao Museu das Janelas Verdes antes de ter dado entrada no MNA.
Bibliografia | ALARCÃO, Jorge de - "O Teatro Romano de Lisboa". Actas del Simposio "El Teatro Romano en la Hispania Romana". Badajoz: 1982, pág. - | ALARCÃO, Jorge de - O Domínio Romano em Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1988, pág. - | ALARCÃO, Jorge de - Portugal Romano. Lisboa: Editorial Verbo, 1974, pág. - | ALMEIDA, Fernando de - "Notícias sobre o Teatro Romano de Nero em Lisboa", in Lucerna, 5. Porto: 1966, pág. 561 - 571 | AZEVEDO, Luís António - Teatro Romano. Lisboa: 1815, pág. - | AZEVEDO, Pedro A. de - "Notícias Archeológicas dos Séculos XVII e XVIII", in O Arqueólogo Português, vol. IV. Lisboa: Imprensa Nacional, 1898, pág. 310, 311 | CAMPOS, Manuel Joaquim de - "Aquisições do Museu Etnológico Português - Agosto de 1906", in O Arqueólogo Português, vol. XII. Lisboa: Imprensa Nacional, 1907, pág. 107 | CATÁLOGO da Exposição: Lisboa Subterrânea. Lisboa, Milão: ed. Electra, 1994, pág. 212 | CATÁLOGO da Exposição: Religiões da Lusitânia - Loquuntur Saxa. Lisboa: I.P.M., M.N.A., 2002, pág. 496 | CORREIA, Vergílio - História de Portugal. Barcelos: 1928, pág. - | INVENTÁRIO do Museu Nacional de Arqueologia, Colecção de Escultura Romana. Lisboa: I.P.M., 1995, pág. 58, nº 20 | MATOS, José Luís de - "Subsídios para um Catálogo da Escultura Luso-Romana", dissertação de licenc. apresentada à F.L.L.. Lisboa: 1966, pág. 43 - 45 | MOITA, Irisalva - "O Teatro Romano de Lisboa", Revista Municipal, nº 31,. Lisboa: Publicação cultural da Câmara Municipal de Lisboa, 1970, pág. 7 - 17 | PERES, Damião (Ed.) - História de Portugal. Porto: Portucalense Editora, 1928, pág. 247 | RIBEIRO, José Cardim (Coord) - Religiões da Lusitânia, Loquuntur saxa. Lisboa: IPM, 2002, pág. 496 | SILVA, Augusto Vieira da - Epigrafia de Olisipo: Subsídios para a História de Lisboa Romana. Lisboa: C. M. Lisboa, 1944, pág. 96 | SILVA, Augusto Vieira da - O Castelo de S. Jorge em Lisboa, 2ª Edição. Lisboa: Tip. da Empresa Nacional da Publicidade, 1937, pág. - | SOUZA, Vasco de - "Corpus Signorum Imperii Romani - Corpus der Skulpturen der Römischen Welt - Portugal". Coimbra: 1990, pág. - | SOUZA, Vasco de - "Escultura Romana", in História da Arte Portuguesa, volume 1. Lisboa: Alfa, 1986, pág. - | VASCONCELOS, José Leite de - História do Museu Etnológico Português (1893-1914). Lisboa: Imprensa Nacional, 1915, pág. 196 | VASCONCELOS, José Leite de - Religiões da Lusitânia, vol.III. Lisboa: Imprensa Nacional, 1913, pág. 242, 243 | |
|
|