Museu:
Museu Nacional de Arqueologia
Supercategoria:
Arqueologia
Denominação:
Aplicação discoidal
Técnica:
Ouro laminado por martelagem
Dimensões (cm):
altura: 1,1; diâmetro: 11,1;
Descrição:
Aplicação discoidal com decoração repuxada constituída por cinquenta cones de igual altura, sendo os bordos, muito mais finos que o resto da peça, circundados por três linhas paralelas de pontilhado. Os cones dispõem-se em três circulos concêntricos, cujo centro é ocupado por quatro cones dispostos segundo os ângulos de um quadrado. O reverso é o negativo e apresenta, ao centro da peça, uma minúscula argola para fixação. Apresenta-se amolgada, com fendas e algumas lacunas nos bordos. O reverso, baço, contrasta com o anverso, muito polido e brilhante .
A peça foi obtida a partir de uma folha (lâmina) de ouro, laminada à forja, executando-se a repuxado, pelo reverso, respectivamente, os cones com um punção cónico sobre uma base betuminosa e as linhas pontilhadas com um punção de ponta romba. Do anverso alisou-se a base e poliu-se a superfície. O trabalho foi completado por meio de um punção oco, cujas marcas se vêem nitidamente na base dos cones. Marcas idênticas constataram-se recentemente num exame aos vasos áureos do tesouro de Villena, Alicante (Armbruster, em prep.).
Seria certamente um abuso ver nesta peça um prolongamento meridional da tradição dos discos decorados característicos da Idade do Bronze nórdica (presentes em Egtved, para citar somente o exemplo mais conhecido. Cf. Piggot 19...). Funcionalmente, deverá tratar-se de um elemento de traje, uma insígnia conotada com o exercício e exibição de poder.
Na falta de achados comparáveis a esta aplicação discoidal e dado que as únicas analogias formais e tecnológicas se encontram somente na ourivesaria do grupo Villena/ Estremoz, optou-se aqui por uma classificação cronológica na Idade do Bronze Final, época em que deverá integrar-se também o elmo de Caudete de las Fuentes, Teruel (Cf. Schule 19...), objecto de prestígio, em prata, decorado com cones repuxados. Mantêm-se em aberto a questão relativa à decoração períferica pontilhada, a qual - se apreciada isoladamente - poria este objecto próximo dos trabalhos em folha (lâmina) de ouro do tipo da gruta da Ermegeira. No entanto, o padrão de pontilhado simples parece ter uma longa tradição na ourivesaria penínsular e pode observar-se em jóias de épocas diferentes, estando igualmente presente no diadema do tesouro da Herdade do Sardoninho, aqui datado, pelos elementos do punhal que o acompanhava, numa fase final do Bronze do Sudoeste.
Incorporação:
Compra - Dr. Manuel Heleno