Origem / Historial:
Serpa, muralha do castelo.
Esta lápide epigrafada em árabe provém de Serpa onde foi localizada na sequência do derrube de um troço das muralhas da cidade, na zona da chamada Porta Nova. A ocorrência foi sinalizada por Dr. Oliveira Manaia, advogado e coleccionador de antiguidades, a Abel Viana que, por sua vez, diligenciou
no sentido de assegurar a preservação do monumento solicitando, para o efeito, a intervenção da Junta Nacional da Educação. A lápide acabou por ser oferecida pelo então Presidente da Câmara Municipal
de Serpa ao Museu onde deu entrada em 26 de Outubro de 1949, tendo sido apenas as despesas da embalagem pagas pelo Museu. É possível discernir algumas letras soltas nas últimas linhas da inscrição que ao todo parece conter cinco linhas de texto. Dadas a forma e as dimensões da lápide é de excluir a hipótese de se tratar de uma lápide funerária. Parece plausível ver nela uma lápide de carácter
comemorativo, existindo uma certa semelhança no que respeita ao aspecto exterior entre esta lápide e, uma outra proveniente de Silves, actualmente no acervo do Museu Lapidar Infante D. Henrique em Faro.
A vila de Serpa foi conquistada definitivamente pelos Portugueses em 1230 e este monumento epigráfico, testemunho da presença política e da identidade cultural dos vencidos partilhou o triste destino de tantos outros elementos da cultura material islâmica, tendo sido transformado em simplês material de construção e reutilizado como tal. O que é grave é que se sugere que esteja desaparecida, conforme se pode inferir do texto do Catálogo ( Portugal Islâmico..., p,231): "Por referências documentais escritas ou iconográficas, por vezes muito recentes, ..., às notas e fotografias de Abel Viana * 36 (que se refere precisamente à lápide em causa)..., conhece-se a existência de uma dezena de lápides, hoje desaparecidas". Não é o caso da lápide epigrafada de Serpa !
Estudo da peça: Eva - Maria von Kemnitz