Museu:
Museu Nacional de Etnologia
N.º de Inventário:
D.19.1.
Denominação:
Cabeça-troféu
Local de Execução:
Brasil, Amazonas
Grupo Cultural:
Wuyjuyu (Atr: Mundurucu)
Datação:
XIX d.C. - XX d.C.
Matéria:
Cabeça humana mumificada; plumária; algodão; dentes de macaco; outros.
Dimensões (cm):
altura: 52; largura: 27,1; profundidade: 22,1;
Descrição:
Cabeça humana mumificada, com vestígios de tatuagem, de cabelo comprido, ornamentada com diadema em plumária, na base do qual de sobrepõe um friso de dentes, possivelmente de macaco, e pingentes de contas e penas.
De orelhas decepadas, apresenta tufos de fios de algodão saindo dos orifícios auriculares, tal como na boca, desta saindo também um cordão pelo qual a cabeça podia ser transportada, às costas ou pendente de um cinto, como insígnia do estatuto e do valor do guerreiro que o possuía, ostentanto o inimigo morto em combate.
Os olhos, com órbitas preenchidas com cera ou resina, apresentam-se desprovidos de quaisquer elementos decorativos, tendo provavelmente deles sido destacados os dentes incisivos de roedor aos quais aquela matéria serve usualmente de adesivo neste tipo de objectos cerimoniais.
"Testemunho do valor do guerreiro vencedor, a cabeça, após a refrega, era cosida, seca e embebida em óleo de urucu. Seguidamente era objecto dum ritual durante o qual eram confeccionados e aplicados os adornos de plumária, segundo regras estritas, cabendo a determinados membros do grupo a aposição de certas penas. Ela participava nas cerimónias em que se exaltavam as virtudes guerreiras dos jovens com vista à sua integração na estrutura da sociedade. Inseparável do seu detentor, era mantida ao lado da rede onde dormia e acompanhava-o nas caçadas e acções guerreiras" (in: DIAS, Jill R. (coord.) - Nas vésperas do mundo moderno - Brasil. Lisboa: Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1992, p. 230).
Pertence ao acervo do Museu Nacional de Arqueologia, tendo sido depositada no Museu de Etnologia para fins de investigação, assim como de profunda intervenção de restauro, realizada pela conservadora/desenhadora Manuela Costa, previamente à primeira apresentação pública desta cabeça-troféu na Exposição "Índios da Amazónia", realizada no Museu em 1986, na qual figurou sob o número de catálogo 60.
Incorporação:
Encontra-se incorporada no acervo do Museu Nacional de Arqueologia, desde 1910, proveniente das «Coleções Reais», e em depósito (n.º D.19.1.) no Museu Nacional de Etnologia. Desde a exposição "Nas Vésperas do Mundo Moderno - Brasil" (1992) encontra-se identificada com o n.º de inventário 8362 do Museu Nacional de Arqueologia.