| |
FICHA DE INVENTÁRIO
Museu: Museu Nacional de Etnologia Local de Execução: Paredes. Datação: XIX d.C. - XX d.C. Matéria: Madeira de freixo. Dimensões (cm): altura: 56; largura: 113; espessura: 5,5; Descrição: Jugo de tábua de madeira, com formato geral trapezoidal.
O rebordo superior é recto e a aresta plana. Os rebordos laterais são ondulados e curvos, e alargam no sentido inferior. O rebordo inferior tem duas largas reentrâncias semi-circulares- as golas- com umas pontas inferiores. As pontas são elementos separados fixos à tábua. Entre estas, o rebordo inferior, que apresenta um elemento separado fixo à tábua, é irregular.
Nas duas faces são visíveis duas janelas quadrangulares de vasados preenchidas por quatro linhas sobrepostas de semi-círculos encadeados. Junto ao rebordo superior, entre as duas janelas quadradas de vasados, duas aberturas ovais são também preenchidas por dois semi-círculos. Abaixo destas aberturas decorativas, estão duas aberturas funcionais quadrangulares e arqueadas no topo. Junto ao rebordo inferior, acima de cada gola, estão seis orifícios funcionais : dois orifícios rectangulares arqueados no topo, a par de dois orifícios quadrangulares e mais abaixo, dois orifícios circulares.
Na face da frente, junto ao rebordo superior está um contorno de goivados, e a meio, uma grande rosácea em relevo. Este motivo tem o centro preenchido por sulcos cruzados e está entalhado dentro de um círculo. Entre o rebordo superior e as janelas quadrangulares de vasados ainda estão duas flores de dimensão inferior, também entalhadas dentro de círculos. Duas flores, de dimensão reduzida, também dentro de círculos, apresentam-se nos cantos superiores da tábua. Esta face tem como motivo central uma cruz em relevo, ladeada por ramos ondulados com pequenas folhas. Esta cruz central está cercada por baixo e cima por duas pares de motivos vegetais em relevo, compostos de uma folha oval, preenchida por sulcos cruzados e encimada por uma flor. Duas cortas linhas horizontais de goivados são dispostas entre as janelas ovais de vasados e as aberturas quadrangulares funcionais. As janelas quadrangulares de vasados, de cada lado do motivo central, estão contornadas nos rebordos superiores e laterais por ramos ondulados. Ao longo deste, encontram-se dispostos verticalmente e horizontalmente os motivos vegetais compostos de uma folha encimada por uma flor. Junto ao rebordo inferior, acima das pontas interiores das golas estão entalhados dois corações com as pontas viradas e preenchido por sulcos cruzados. Os ramos ondulados saem destes dois corações. Goivados ornamentam os rebordos das golas.
Na face de trás, quatro linhas de goivados contornam o rebordo superior. Junto aos rebordos laterais encontram-se alguns goivados. Esta face tem no centro um grande coração entalhado, preenchido por sulcos cruzados, e encimado por folhagem. As janelas quadrangulares de vasados, de cada lado do motivo central, estão ladeadas por dois semi-círculos goivados em sentido inverso.
Em ambas as faces, duas chapas metálicas verticais, dispostas por baixo das aberturas quadrangulares, reforçam um sector central do rebordo inferior. Junto ao rebordo direito, uma chapa metálica vertical está fixa em toda a altura da tábua. Proveniência: Paços de Sousa.
Origem / Historial: A colecção de jugos portugueses do Museu Nacional de Etnologia (MNE) faz parte de um conjunto mais vasto de recolhas que resultaram de um percurso de pesquisa sobre as técnicas e tecnologias tradicionais em Portugal. Este programa foi iniciado no terreno em 1947, pelo Centro de Estudos de Etnologia Peninsular, constituído por Ernesto Veiga de Oliveira (1910- 1990), Fernando Galhano (1904-1995) e Benjamim Pereira (1928), e sob a direcção de Jorge Dias (1907-1973). Este programa de investigação, que durou trinta anos, levou ao levantamento e o conhecimento sistemático da realidade rural de norte a sul do país. As campanhas de recolha dos objectos iniciaram-se após a criação da Missão Organizadora do então Museu de Etnologia do Ultramar (MEU) em 1962 e intensificaram-se com a sua criação formal em 1965.
O estudo dos Sistemas de atrelagem dos bois em Portugal, escrito por Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, e publicado em 1973, resultou daquele percurso de pesquisa e recolha. Neste estudo foram distinguidos pela primeira vez os dois tipos morfológicos de jugos em Portugal: o jugo de trave e o jugo de tábua.
A colecção compoe-se de 59 jugos de tábua exclusivamente provenientes do Noroeste de Portugal e de 41 jugos de trave oriundos de outras partes do País. A maior parte da colecção de jugos foi adquirida entre 1962 e 1968, com vista a apresentar um conjunto destes na “Exposição de Alfaia Agrícola Tradicional Portuguesa” organizada pelo MEU em Julho 1968, por ocasião da 4° conferência de “Ethnologia Europeae”. Os outros jugos foram adquiridos entre 1969 e 1973, e ainda entre 1977 e 1987, com vista ao enriquecimento do conjunto inicial.
Tipologias deste jugo:
Variante do Minho
Sistema de atrelagem jugular e cornal
|
|