Origem / Historial:
A fotografia retrata o "Inverno", figura popular da Nazaré, de carácter enigmático, bem conhecida nesta localidade, embora sejam escassos dados concretos sobre a sua biografia. Supõe-se que o seu nome próprio seria José Janardo. Indicam-se como possível proveniência várias regiões estremenhas ou ribatejanas, registando-se referências a Alenquer, Cartaxo, Santarém, Serro Ventoso, Vermelha (Cadaval).
Na Nazaré, muitos se lembram ainda do “Inverno” que, anualmente e durante cerca de quarenta anos, vinha regularmente a esta vila, trajando casaco largo e comprido, calças de cotim, chapéu enterrado na cabeça, botas cardadas e o seu inseparável chapéu de chuva. Chegava em Setembro, por altura das “Festas”. Magro, esquálido, de rosto encovado e melancólico, olhos escuros, fixos e perscrutadores, gastava os seus dias vagarosamente, em atitude introvertida e alheada, deambulando “p’ra norte e p’ra sul”, ou sentado nos antigos bancos outrora existentes na Praça Sousa e Oliveira, abrigado pelo chapéu-de-chuva.
De uma maneira geral, a chegada desta figura típica coincidia com o início do mau tempo e das chuvas, o que, aliado ao facto de nunca abandonar o velho chapéu-de-chuva, eram razões que fundamentavam a alcunha por que era identificada, sendo considerada um prenúncio do Inverno, como acontece popularmente com os amola-tesouras.
Foi representado por vários artistas, em escultura, desenho, pintura ou fotografia, existindo no acervo do Museu Dr. Joaquim Manso algumas dessas obras.