Museu:
Palácio Nacional de Sintra
N.º de Inventário:
PNS3627
Denominação:
Retrato de D. Maria I, Rainha de Portugal
Autor:
José Inácio de São Paio, atribuição
Centro de Fabrico:
Portugal
Datação:
Século XVIII, final (data atribuída)
Dimensões (cm):
altura: 99,5; largura: 76,5;
Descrição:
Retrato de meio corpo da Rainha D. Maria I (1734-1816, rainha 1777), voltada de três quartos à direita, com o olhar em frente. Traja vestido azul claro com renda branca nas mangas e decote. Apresenta pregadeira no ombro direito, a fixar a banda de cetim vermelho; a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, cravejada de pedras preciosas e presa ao vestido sobre o lado esquerdo do peito; e uma fiada de pérolas a enfeitar o cabelo. A mão direita segura o cetro real e o braço esquerdo permanece oculto sob o manto que cai do ombro, em arminho na parte interior e de veludo vermelho na parte exterior. O ambiente palaciano é sugerido através de um fundo arquitetónico de exterior, um cortinado ou dossel e uma paisagem em último plano.
Este retrato, transferido do Paço de Belém para o Palácio Nacional de Sintra em 1940, tem sido atribuído até à data ao pintor português José Inácio de São Paio (17??-c.1828), embora com algumas reservas. Assemelha-se em fisionomia, trajes e adereços ao existente na Academia das Ciências de Lisboa, atribuído a Thomas Hickey (Dublin, 1741-Madras, 1824). Entre 1780 e 1783, Hickey retrata a Rainha ao vivo, definindo uma fórmula iconográfica que terá servido de modelo à maioria dos posteriores retratos da soberana, como no caso dos retratos da capela do antigo Paço da Bemposta (1793) e do Palácio Nacional de Queluz (1790-1807) atribuídos ao pintor italiano Giuseppe Troni (Turim, 1739-Lisboa, 1810), ativo em Lisboa a partir de 1785; do retrato de Jerónimo de Barros, de coleção particular, datado de finais do século XVIII; e do retrato de busto (1800) do desenhador e gravador João Caetano Rivara (Lisboa, c.1770-Lisboa, c.1827), cuja invenção e desenho são da sua autoria. Os traços fisionómicos, traje e adereços presentes na gravura de Rivara evidenciam um grande paralelismo em relação ao retrato do Palácio Nacional de Sintra.
No Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, encontrava-se uma outra versão, quase idêntica (1,01 x 0,78 cm) ao retrato de Sintra, provavelmente adquirida pelo primeiro Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo, ou pelos seus sucessores. A pintura dispersou-se num leilão realizado em 1939, após a exposição das peças no antigo Palácio Ex-Camarido, em Lisboa, da qual foi publicado o “Catálogo da Colecção de Quadros, Gravuras, Estampas, Móveis, Esculturas, Adornos e outros Objectos de Arte do Palácio do Senhor Marquez de Pombal em Oeiras”. O catálogo foi organizado por Filipe Diogo Victor dos Reis, com colaboração histórica de Eduardo José Soeiro de Carvalho (Lisboa, Editorial Império, 1939). No catálogo a pintura (lote nº 56) era atribuída a Thomas Hickey.
O Palácio Nacional de Queluz possui uma gravura de Gaspar Fróis Machado (1759-1796), de 1786, segundo desenho de Hickey, como aparece indicado na subscrição da estampa (“T. Hickeÿ. pinxit”). Na Biblioteca Nacional de Lisboa existe uma outra variante, também de Fróis Machado e desenho de Hickey, onde D. Maria I mostra o cabelo atravessado por um diadema e um fio de pérolas.
Incorporação:
Transferência - Proveniente do Paço de Belém.
Avaliação em 1940: 4000$00.