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FICHA DE INVENTÁRIO
Museu:
Palácio Nacional de Sintra
N.º de Inventário:
PNS3556
Supercategoria:
Arte
Categoria:
Têxteis
Denominação:
Tapeçaria com as Armas Reais Portuguesas
Local de Execução:
Bruxelas
Centro de Fabrico:
Bruxelas
Datação:
Século XV (finais)
Matéria:
Algodão (teia). Lã e seda (trama).
Dimensões (cm):
altura: 155; largura: 530;
Descrição:
Tapeçaria millefleurs, com fundo azul-escuro, e elementos vegetais e florais que cobrem todo o campo (boninas, violetas, rosas, cravos, narcisos, papoilas, ramos de videiras, cardos, cabaças, pinhas, pêssegos, nozes, ameixas, morangos); nos cantos, quatro coroas compostas por folhas e frutos, atadas com fitas de galão azuis e vermelhas, circundam a esfera armilar, emblema pessoal de D. Manuel (1469-1521), que lhe fora dado por D. João II (1455-1495), seu antecessor e grande estratega dos descobrimentos. Ao centro, o brasão das armas reais portuguesas, encimado pelo timbre com o dragão da Casa de Avis.

Desconhece-se a origem desta tapeçaria. Trata-se provavelmente de uma encomenda de membros da Casa de Avis ou de uma oferta a eles destinada, atribuída à manufactura de Bruxelas, o principal centro de produção flamenga da época.

De datação também incerta, a sua decoração remete para uma tipologia do gótico final, flamenga ou francesa, do tipo "millefleurs" ou "verdure", enquanto os elementos heráldicos apontam para uma data de encomenda a partir de 1484-1485. Com efeito, a bordadura das armas reais exibe ainda as pontas da cruz da Ordem de Avis e os escudetes laterais apresentam-se ainda tombados (sendo perceptível, nos escudetes do lado esquerdo e direito, uma correcção posterior de forma a torná-los verticais). Esta representação é anterior à reforma heráldica iniciada por D. João II a partir de 1482, concluída em 1485, em que é suprimida a cruz de Avis e os escudetes passam a ser todos verticais. Por outro lado, é a partir de 1484, ano em que D. João II apunhala pela sua própria mão o Duque de Viseu, irmão de D. Manuel, que este último recebe do rei, seu primo e cunhado, o ducado de Beja e a empresa da esfera armilar. Dois cenários são assim possíveis: que esta tapeçaria fizesse parte de uma série de tapeçarias encomendadas por D. Manuel enquanto Duque (1484), associando-se à figuração das armas reais em homenagem a D. João II, ou por D. Manuel já enquanto rei (1495-1521), sendo neste caso de estranhar a modalidade das armas reais anteriores à reforma de 1482-85.

Embora posterior, a presente tapeçaria apresenta afinidades na sua composição com a tapeçaria feita em Bruxelas com as armas do Duque de Borgonha, Filipe o Bom, datada de 1466, actualmente no Museu Histórico de Berna.

Portugal encomendou à Flandres, entre meados do século XV e o final do século XVI, importantes séries de tapeçarias, sendo as que apresentam brasões portugueses de extrema raridade. Peças sumptuárias, revestiam as paredes e protegiam os ambientes contra o frio e a humidade, ao mesmo tempo que eram um importante veículo de propaganda visual e afirmação do poder régio.

Incorporação:
Doação - Oferta do Dr. Oliveira Salazar
Origem / Historial:
Proveniente da casa do Barão de Tucher, esta tapeçaria figurou na exposição Cinq Siècles d'Art, em 1935 em Bruxelas, sendo seu proprietário o Sr. M. Bernheimer de Munique a quem é adquirida por banqueiros portugueses e posteriormente oferecida ao Dr. Oliveira Salazar, no âmbito das Comemorações Henriquinas de 1960. Dá entrada no Palácio Nacional de Sintra em 1961.

Segundo os artigos dos especialistas em tapeçaria Dra. Maria José Mendonça, Mme Crick-Kuntziguer, A.F. Kendrick, e vários outros autores trata-se provavelmente de uma encomenda de membros da Casa de Avis ou oferta a eles destinada. Tanto a técnica como o estilo são consistentes com a época de D. Manuel - finais do primeiro quartel do séc. XVI - e a atribuição à manufactura de Bruxelas com eventual execução de Willem van Pannemaker, um dos mais conhecidos tapeçeiros belgas da época.

Nas palavras da Dra. Maria José de Mendonça: "Se o valor artístico desta tapeçaria é notável, por se tratar de um magnífico exemplar do principal centro de produção flamenga do séc. XVI, o seu significado histórico faz desta generosa oferta uma espécie única no Estado Português. As tapeçarias heráldicas com brasões portugueses são raríssimas, particularmente com armas reais."

 
     
     
   
     
     
     
 
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